Os protestos e as informações

Nildo Carlos Oliveira

Antes de sairmos por aí satanizando os protestos que têm ocorrido nas ruas de São Paulo, Rio, Brasília e em outras cidades, é necessário ir um pouco a fundo nas informações que os movimentam. E, não são poucas. Na origem, embora na superfície pipoquem interpretações apressadas, estão não apenas as tarifas elevadas no transporte público, mas o que se tem gasto abundantemente, sem limites e constrangimento, por esse país afora.

Os que protestam, nem todos, sabem quanto custa construir uma arena esportiva para um evento episódico, embora de importância internacional. É uma soma fabulosa. As informações sobre isso não se encontram apenas nos jornais e no noticiário de TV; estão nas redes sociais e nas páginas de “transparência”.

Muitas dessas despesas vieram rica e elegantemente embaladas no papel das promessas de que finalmente serão resolvidos os graves problemas de mobilidade urbana. E as populações, entregues durante anos e anos à própria sorte em transporte obsoleto e de quinta categoria, veem surgir, em muitos casos, os elefantes brancos justificados por uma retaguarda de projetos de “mobilidade urbana” que dificilmente se transformarão em realidade. Imaginam que, passados os eventos esportivos, muitos deles terão o destino de todos os demais que passaram a ser colocados no rodapé da lista de prioridades.

Além de saberem dos preços das arenas esportivas, eles têm em mãos as informações sobre gastos do governo, nas diversas instâncias. A FSP mesmo acaba de publicar, na edição de hoje, matéria da jornalista Fernanda Odilla, sob o título Papéis revelam gastos de Dilma em viagens.

Os protestos evoluem com a sabedoria da informação. E a população sabe que dinheiro bem empregado é aquele aplicado em obras de expansão das linhas de metrô, trens urbanos, no modal de ônibus, na saúde, educação, habitação, e em outras prioridades que movimentam o dia a dia. Conforme salienta o pensador colombiano William Ospina: “Não é possível criar cidadãos, sem antes não se proceder ao processo de dignificar os seres humanos”.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira

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