PAC garante conclusão da ponte JK em 2010

Aracati. Chegando bem tarde, mas sem ser nunca, a reforma da ponte Juscelino Kubitschek, sobre o Rio Jaguaribe, em Aracati, acontece 50 anos depois de sua inauguração, sete anos depois da suspensão, há um ano da última reivindicação do Ministério Público Federal (dentre tantas, pedindo a continuação das obras) e com prazo de um ano para ser concluída, em 2010. As obras de melhoramento incluem a duplicação da ponte e construção de uma ponte menor para pedestres e ciclistas. Em vários momentos, o jornal Diário do Nordeste publicou reportagens sobre a demora para o início das obras.

As rodovias que dão acesso à travessia serão reformadas pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte (Dnit), que lança nos próximos dias edital de licitação para reforma de todo o trecho da BR-304 no Ceará até o Rio Grande do Norte. A ponte cinqüentenária foi incluída no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

Mais conhecida como a ponte sobre o Rio Jaguaribe, a Juscelino Kubitschek será transformada em três. A atual, além de receber reforço na estrutura de concreto e nova pavimentação, será alargada de 9,2 metros pa ra 10,4 m. Uma nova ponte é construída do lado direito (sentido Fortaleza-Aracati), e terá 466 metros de extensão e 15,8 metros de largura. Em seguida, o Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (Dnit) construirá uma nova ponte acostada do lado esquerdo da atual, somente para pedestres e ciclistas.

Reforma

A reforma na ponte JK é realizada pela empresa Heleno & Fonseca Construtecnica S/A. O valor da obra está orçado em R$ 29,4 milhões. Mas o custo do projeto é maior – outros R$ 4 milhões estão alocados para o pagamento de indenizações por desapropriação. A área em questão tem poucas casas, mas possui um pavilhão de feiras, posto de gasolina e terrenos cercados. Mesmo com o processo de desapropriação inconcluso, “fizemos levantamento da área afetada e, com os recursos garantidos, estamos depositando em juízo as indenizações a quem comprovar que é proprietário de terrenos dentro da área da nova ponte”, assegurou Guedes Neto, superintendente regional do Dnit no Ceará.

Também serão duplicados 2.640 metros de extensão da BR-304, onde está situada a ponte. Todo o segmento dessa rodovia dentro do Ceará será reformado. Conforme Guedes Neto, a intenção é melhorar não somente a ponte, como também o acesso a ela. Cada pista, da duplicação, será composta de faixa de segurança, duas faixas de tráfego, acostamento e uma ciclovia, além de sistemas de retornos protegidos, para o cruzamento com a rodovia estadual CE-040 e a avenida que dá acesso à zona urbana de Aracati.

A ponte Juscelino Kubitschek se inclui às obras do aeroporto de Aracati como os projetos milionários do governo federal (com contrapartida do Governo do Estado) nesta cidade do Litoral Leste, que pretende despontar, até 2012, como um dos mais desenvolvidos pólos turísticos do Nordeste. Ambas fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. O acesso ao aeroporto, para quem vem do Rio Grande do Norte ou de Fortaleza, será beneficiado com a reforma de todo o trecho cearense, de 102,5 quilômetros da BR-304, que no documento Pesquisa Rodoviária 2007, do Ministério dos Transportes, era apontado como o trecho de rodovia federal com a situação mais crítica no Estado do Ceará.

O edital para licitação da obra de reforma da rodovia, calculado em R$ 19,5 milhões, será lançado nos próximos dias para as empresas. Conforme o superintendente regional do Dnit no Ceará, ao todo são 898,1km reformados de segmentos das rodovias federais BR-020, BR-222, BR-116 e BR-304, esta que liga o Ceará ao Rio Grande do Norte. O custo total das reformas é estimado em R$ 275 milhões.

Precariedade
Falta de estrutura preocupa motoristas


Aracati. A ponte Juscelino Kubitschek foi inaugurada em 1959, em homenagem ao presidente da república que quis fazer o país crescer “50 anos em 5”. E em 50 anos de existência, a ponte só contabilizou desgastes em toda a sua estrutura, do asfalto (várias vezes remendado) às colunas de concreto, com as ferragens expostas e enferrujadas. Estreita para a passagem de dois veículos e a inexistência de ciclovia e de passarela de pedestres fazem da travessia na ponte sobre o Rio Jaguaribe um perigo iminente. Atropelamento de ciclistas, de pedestres, colisões frontais de carros e até mesmo caminhões já despencaram de 30 metros de altura. A lista de acidentes ocorridos no local é vasta.

“Aqui a gente tem muito medo na hora de atravessar, porque os motoristas não respeitam. A ponte é estreita e só faltam passar por cima da gente. Se, nas estradas, ciclista não tem vez, aqui é que não tem”, reclamou o aposentado Mauro Nogueira, que freqüentemente atravessa a ponte. Outros aracatienses fazem a travessia mesmo para se arriscar, são garotos que fazem da ponte JK trampolim para mergulhar nas águas do Rio Jaguaribe, que neste período chuvoso fica mais cheio em toda sua extensão – na altura de Aracati, o Jaguaribe fica a poucos quilômetros da foz, onde deságua no oceano Atlântico.

Mesmo sendo uma ponte antiga, os motoristas, até mesmo caminhoneiros têm o hábito de passar pela Juscelino Kubitshek entre 80km/h e 90km/h, conforme esclareceu um motorista, para quem “quanto menos tempo passar na ponte, melhor”. Em 2007, um caminhão despencou da ponte, mas o motorista e seu ajudante tiveram apenas escoriações leves. Em 2008, dois carros pequenos tiveram colisão frontal. Na batida, um deles rodopiou e ficou na iminência de cair no rio.

“Essa reforma da ponte é importantíssima para o desenvolvimento da região de Aracati e bastante aguardada pela população dessa cidade, pois foi iniciada em 2002 e no mesmo ano paralisada, desde então sua retomada era ansiosamente aguardada”, comenta Joaquim Guedes Martins Neto, superintendente regional do Dnit no Estado do Ceará.

Acesso

A popular “ponte sobre o Rio Jaguaribe”, situada na BR-304, facilitou o acesso entre os Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Sua primeira grande reforma seria iniciada em 2002, mas a falta de verbas, aliada a problemas com licenciamento ambiental, causou a paralisação das obras, e o que se vê são colunas de concreto solitárias mergulhadas no rio. Com a reforma atual, uma pequena ponte de madeira foi construída para os trabalhadores restaurarem e colocarem novas colunas, para a outra ponte que será construída.

Se tudo transcorrer dentro do prazo estipulado e com as verbas destinadas à sua obra, inclusive com a conclusão das demandas judiciais de indenização, a ponte Juscelino Kubitshek “será outra”, em março de 2010. Enquanto isso, a população e os motoristas continuam a esperar pela melhoria da ponte.

Fonte: Estadão

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