No começo dos anos 1980, a execução de seis provas de carga, em estacas cravadas no Porto do Rio Grande, levou o engenheiro Luiz Augusto de Barros e equipe a conquistarem um prêmio no concurso Criatividade da Engenharia, lançado por esta revista
*Luiz Augusto de Barros e Luiz Guilherme de Mello, que venceram o concurso Criatividade na Engenharia da revista O Empreiteiro
O mineiro Luiz Augusto de Barros e seus ex-colegas Luiz Guilherme de Mello e Paulo Dantas da Rin são os três personagens principais dessa história. Sob orientação do professor Victor de Mello, já falecido, e que à época era consultor da Portobras, eles desenvolveram um trabalho técnico nas obras do terminal de trigo e soja do Porto do Rio Grande.
Os três foram signatários do texto explicativo do trabalho encaminhado ao concurso. Na prática, o serviço consistiu na execução de seis provas de carga, em estacas de grande diâmetro (1,60 m), cravadas a 60 m de profundidade, moldadas in situ, em concreto armado submerso, escavadas com estabilização realizada em lama betonítica.
Hoje, 30 anos depois, Luiz Augusto lembra que as provas de carga foram acompanhadas e monitoradas pelo filho de Victor de Mello, o Luiz Guilherme, também consultor da Portobras. Eles contaram com o apoio de Paulo Dantas da Rin, diretor de engenharia e construção daquela estatal, criada em 1975 para responder pela política portuária nacional e que foi extinta em 1990, por uma medida provisória assinada pelo então presidente Collor.
Foram cravadas no porto 646 estacas, distribuídas de modo a suportarem as estruturas dos silos verticais, o edifício de transferências dos grãos de soja e trigo e as moegas rodoferroviárias. Das seis unidades submetidas às provas de carga, quatro foram encamisadas e instrumentadas com células Strain Gauges e Tell Tales posicionadas em diversas profundidades. O objetivo era pesquisar e monitorar as transmissões de tensões e deformações em todo o comprimento das estacas. As outras duas unidades foram objeto de provas de carga normais.
Luiz Augusto diz que o cliente foi motivado a providenciar aqueles estudos e a realizar investimentos nas pesquisas, por conta da dimensão e da importância da obra, que utilizou tecnologia das estações, até então pouco difundida no Brasil. “Parece-me, salvo melhor juízo, que aquela era a segunda obra do gênero realizada no Brasil. A primeira fora o estaqueamento dos silos do Porto de Paranaguá”, diz o engenheiro.
As estacas tinham sido dimensionadas para 1000 t de carga. Segundo as normas então vigentes, as provas deveriam chegar a 1600 t de carga. Nas provas instrumentadas, os engenheiros levaram a carga até 2000 t, limite de capacidade dos macacos hidráulicos. Todos os dados ali obtidos foram plotados em gráficos, analisados e interpretados pelo professor Victor de Mello e seu filho, Luiz Guilherme. As conclusões constam do trabalho premiado.
Trajetória
Depois da participação brilhante nas obras do Porto do Rio Grande, Luiz Augusto de Barros continuou em uma trajetória enriquecedora na engenharia. Gerenciou a execução dos túneis do projeto Sanegran, do governo paulista; construiu dois terminais marítimos em Cubatão, para a Cosipa; retornou a Minas Gerais, seus Estado de origem e, da sede da Andrade Gutierrez, foi transferido, em fins de 1988, para Portugal, onde dirigiu a empresa Zagope, adquirida pela construtora mineira, que desenvolveu várias obras naquele país, inclusive trecho do metrô de Lisboa, obra que Joseph Young e Nildo Carlos Oliveira, desta revista, visitaram.
O engenheiro ficou na Andrade Gutierrez até maio de 1997. Posteriormente ele e um grupo de colegas adquiriram a Empa, empresa de médio porte do segmento de obras rodoviárias. Mais tarde, ele foi dirigir a Camter Engenharia, onde ficou até abril deste ano.
Luiz foi presidente do Sindicato da Construção Pesada de Minas Gerais (Sincepot-MG, período de 2003 a 2006); hoje é conselheiro do sindicato, diretor da Federação das Indústrias de Minas Gerais e vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Da 1ª edição de os Pioneiros para cá a Engenharia Brasileira registrou a perda de algumas das personalidades ali assinaladas. São as seguintes: Milton Vargas, Maria Noronha, Pelerson Soares Penido, Antônio Alves Ferreira Guedes, Bernardino Pimentel Mendes, Cecílio do Rego Almeida e José Portela Nunes.
Fonte: Padrão