Estética e leveza oferecidas pela arquitetura das instalações da Brazilglass, conforme perspectiva elaborada pelos autores do projeto. Começa a ficar no passado o perfil daquelas plantas industriais pesadas. Aos poucos, arquitetura e engenharia, combinando novas técnicas e materiais, conferem-lhes leveza e estética, sem sacrifícios das especificidades de seus produtos e operações
Nildo Carlos Oliveira Sidonio Porto (pai) e Márcio Porto (filho), ambos responsáveis pelo escritório Sidonio Porto Arquitetos Associados, que tem um portfólio de algumas das mais modernas e criativas plantas industriais do País, concordam: beleza é fundamental, mas precisa estar associada a outros diferenciais, tais como sistemas construtivos e materiais, de modo a que o conjunto arquitetônico e o fluxo operacional da planta resultem “impactantes e eficientes”.
Eles afirmam que o setor industrial de um país, diretamente ligado à infraestrutura que ele disponibiliza e precisa manter permanentemente atualizada, é essencial ao processo de sua política de desenvolvimento e soberania. Lastimavelmente o Brasil não vem dando importância “a esse aspecto”. Está deixando de fazer o dever de casa.
Contudo, algumas empresas têm buscado se firmar e mostrar que a sua evolução industrial está casada com o empenho voltado para a modernização.
“É o caso de alguns de nossos clientes”, diz Márcio Porto, “que, por intermédio de bons projetos, vêm colocando suas marcas em evidência”.
Ele diz que uma das formas de se conseguir um bom efeito arquitetônico é através da estrutura do edifício. “Sob esse aspecto, o cálculo estrutural é fundamental para se obter o objetivo desejado, com vãos generosos, componentes estruturais delgados e ligações bem resolvidas. Isso, no entanto, precisa estar articulado com o trabalho de projetistas de instalações capazes de propor soluções compactas, econômicas e inovadoras. E, os parâmetros encontrados na norma de desempenho, bem como nas certificações de prédios sustentáveis, são boas referências com as quais temos procurado trabalhar”, informam.
Industrialização da construção. Sidonio e Marcio acreditam que a evolução das plantas industriais está intimamente vinculada à industrialização da construção. Sobre isso, dizem:
• Todo o esforço no sentido de tornar a construção civil dotada de um maior grau de industrialização será importante, pois além de ativar o próprio setor industrial, também possibilita uma melhoria na gestão da qualidade de toda a obra.
• É necessário atender rapidamente a grandes demandas por infraestrutura, capaz de suprir o próximo ciclo de crescimento. Volume e rapidez são possíveis através de componentes construtivos industrializados. Da mesma forma, a mão de obra, mais capacitada a atuar nesse tipo de canteiro, fará jus a uma melhor remuneração e a uma melhor qualidade de vida.
Os dois arquitetos dizem que a evolução de plantas industriais se dá a partir da pré-fabricação. “Inicialmente os painéis de laje Pi e as canaletas de cobertura em concreto complementavam o conjunto de pilares e vigas.
Mas os sistemas mistos, compostos por outros materiais, como o metal e a madeira, entraram em cena. Com o tempo, a indústria do aço passou a disponibilizar peças estruturais mais leves, para vencer grandes vãos de cobertura, e as próprias telhas metálicas.
“E, por sua vez, as telhas metálicas, que eram placas simples, passaram a ser produzidas no formato sanduíche, possibilitando melhor conforto termo acústico. Então vieram as telhas zipadas que possibilitam a cobertura de grandes vãos com emendas longitudinais seladas impedindo goteiras. E as lajes tipo steel deck passaram também a ganhar espaço no mercado.”
Há também os sistemas de paredes em dry wall, que são leves para fechamentos internos e externos, em contrapartida às alvenarias de blocos, pesadas e que demandam mais tempo de execução.
“Atualmente”, informam, “temos aprofundado pesquisa dos componentes pré-fabricados leves, executados a partir do concreto de alto desempenho, buscando soluções que possam ser adotadas por intermédio da industrialização de ciclo aberto.
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Com isso, acreditamos poder contribuir com opções criativas, possíveis de serem compostas com marcas distintas e sistemas construtivos”.
Sustentabilidade. Eles acham que, em razão da questão da sustentabilidade, as empresas vêm procurando dotar suas edificações de sistemas que melhorem o desempenho e, consequentemente, o custo de manutenção e operação de suas instalações. A adoção das certificações para as edificações não deixa de ser um passo além para obtê-las e mantê-las, o que implica controle maior por parte de uma entidade isenta.
“Sob esse aspecto”, assinalam, “a indústria de materiais foi uma das primeiras a se posicionar quanto à questão da sustentabilidade ambiental”.
Com a preocupação voltada para o destino final dos resíduos da construção e com o material proveniente das obras de retrofit, a indústria de materiais criou o conceito de engenharia reversa. “Segundo essa lógica”, diz Márcio, “as indústrias de carpete, por exemplo, passaram a retirar as placas com prazo de validade vencido, reciclá-las e a utilizar o material proveniente da reciclagem na produção de novas placas.” O conceito de engenharia reversa está por trás de todas as indústrias de materiais protagonistas no mercado, segundo ele. Outro ponto para o qual ele chama a atenção diz respeito aos aspectos inovadores provenientes do uso de sistemas mistos e híbridos, que combinam materiais múltiplos.
Sidonio e Marcio mostram, como exemplos de projetos realizados com a mais ampla dedicação e esforço em favor da criatividade, os projetos da fábrica da Ipel, em Cajamar (SP), que recebeu o prêmio Rino Levi, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), em 2002, e o Prêmio BTicino, em 2003. É uma fábrica com área construída de 4.000 m², com estrutura metálica da Projecta.
Outra obra é a fábrica da Flextronics, construída pela Racional Engenharia, com área construída de 30.
000 m².
E, uma obra recente, é a fábrica da Brazilglass, com unidade industrial executada pela Protendit. Os arquitetos informam que desde a concepção arquitetônica e estrutural, até a possibilidade de obtenção de uma certificação de edifício sustentável, essa planta se firmará, com sua imagem, como uma marca muito forte, no cenário da arquitetura e da construção.
Fonte: Revista O Empreiteiro