Governos estaduais e prefeituras precisam assumir a vanguarda das iniciativas para a retomada da economia brasileira
Joseph Young
Onde estão concentradas as principais atividades produtivas e econômicas que mobilizam a população do Brasil? Obviamente nas áreas urbanas dos maiores municípios, dentre os 5.570 que se distribuem pelos 27 Estados da Federação. Por sua vez, os Estados contribuem para o PIB nacional conforme demonstrativo na tabela 1, reproduzindo dados do IBGE. Se restringirmos o foco para os mil maiores municípios, do ponto de vista do PIB, vamos observar como a riqueza brasileira está geograficamente distribuída (tabela 2). E, se atentarmos para a análise das 100 maiores cidades do País, verificaremos como eles se enquadram na distribuição geográfica (tabela 3) e a respectiva participação no PIB nacional.
Resumindo: a força econômica do País está centrada naquelas cidades. E são os governadores estaduais e os prefeitos municipais que estão à frente do processo de crescimento das regiões urbanas e metropolitanas. É ali que se encontram instaladas, e em operação, indústrias, estabelecimentos comerciais e instituições financeiras, além de outros serviços, todos responsáveis pela movimentação da economia brasileira.
São os governantes dessas duas instâncias administrativas, além de empresários e trabalhadores, que detêm a massa crítica e a capacidade de articulação e de mobilização dos recursos técnicos, econômicos e humanos, destinados a recolocar em funcionamento a economia. Isso acontece independentemente dos desdobramentos e desfecho da crise provocada por denúncias de corrupção, ora objeto de investigações, que parece paralisar o governo federal, na sua nova gestão.
O Brasil é maior do que qualquer governo e maior também do que as corporações políticas que procuram defender, antes de tudo, os seus próprios interesses.
Por isso, ele precisa encarar o seu futuro, que se constrói continuamente, um dia após o outro, com trabalho produtivo e investimentos, pelas mãos dos trabalhadores e empreendedores e com o apoio das administrações públicas locais. Ideias, slogans e projetos de lei mirabolantes de políticos de plantão pouco contribuem para a evolução da economia real.
Convocamos os governadores recém-eleitos, e os prefeitos dos 100 maiores municípios do País, a articular essa mobilização, de modo a ensejar uma nova realidade — mais objetiva e generosa — para o País. O Brasil ainda não tem um projeto de Nação que aponte, com segurança, o caminho a seguir. Contudo, ele pode ser construído ainda nesta década, desde que sejam competentemente aproveitadas as imensas potencialidades disponíveis e resolvidos os velhos problemas no campo da infraestrutura, logística, saneamento, saúde, habitação, educação e segurança, entre outros.
Exemplos do que o País pode realizar com a força de suas potencialidades:
1. O Brasil dispõe de imensos depósitos minerais, mas agrega pouco valor aos produtos resultantes, vendidos, na sua maior parte, como matéria-prima bruta com pouco beneficiamento.
2. O banco genético da Floresta Amazônica demanda investimentos em pesquisa, para seu aproveitamento como fármacos e outros fins. Contudo, jamais recebeu a prioridade merecida como business do futuro; o País mantém esses recursos como reserva ecológica, o que é louvável do ponto de vista ambiental, mas gera pouca receita para a economia. É preciso investimento equilibrado e responsável.
3. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já contribuiu para transformar a agroindústria nas décadas recentes. Mas a logística obsoleta, que pouco mudou ao longo do período, compromete e até anula a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
4. O Brasil já poderia ser o líder mundial em biocombustíveis, caso não tivesse dado prioridade à produção nacional de petróleo; difícil imaginar como o álcool vai poder resgatar sua viabilidade econômica.
5. O País perdeu a autossuficiência energética em aproveitamentos hidrelétricos porque não soube administrar os conflitos naturais que ocorrem no campo ambiental e nas comunidades indígenas. Continuamos discutindo se prevalece o interesse atual em termos socioeconômicos, ou se deixamos tudo como está para que as futuras gerações vejam como é que fica.
No Canadá, tribos indígenas podem controlar até 30% dos empreendimentos de geração energética implantados em seus territórios, gerando uma receita permanente, além de programas regulares de formação de mão de obra nativa com vistas à geração futura de renda.
6. A engenharia brasileira já construiu obras marcantes aqui e no exterior, mas o governo nunca apostou nela como força indutora de exportações de bens materiais, e não adotou uma política oficial de incentivo à exportação de serviços de engenharia, inclusive financiamento a fundo perdido de estudos básicos, a exemplo do que fazem os países europeus, os Estados Unidos e, mais recentemente, a China.
7. A indústria turística é uma atividade madura e estruturada em países, como França, Espanha e Estados Unidos. É uma forte geradora de empregos e receita. Aqui, ainda vendemos apenas as praias, água de coco, acarajé. Esperamos que o Rio de Janeiro nos proporcione o primeiro caso de sucesso na sua transformação em destino turística global, somando os atrativos naturais a eventos culturais e esportivos, com a experiência da Olimpíada de 2016.
8. A Embraer é o exemplo maior de uma indústria global brasileira. O seu sucesso deveria inspirar novos polos aeronáuticos a produzir aviões de pequeno porte e planadores. Mas falta articulação à ação governamental.
Enfim, nos posicionamos de frente para um projeto de Nação. É preciso perseverar com firmeza, paixão e coragem para realizá-lo. É possível, é necessário.
100 MAIORES MUNICÍPIOS DO PAÍS PELO PIB
Posição ocupada |
Municípios |
PIB a preços correntes |
1º |
São Paulo/SP |
499.375.401 |
2º |
Rio de Janeiro/RJ |
220.924.561 |
3º |
Brasília/DF |
171.235.534 |
4º |
Curitiba/PR |
59.151.308 |
5º |
Belo Horizonte/MG |
58.374.103 |
6º |
Manaus/AM |
49.824.579 |
7º |
Porto Alegre/RS |
48.002.209 |
8º |
Campos dos Goytacazes/RJ |
45.129.215 |
9º |
Guarulhos/SP |
44.670.723 |
10º |
Fortaleza/CE |
43.402.190 |
11º |
Campinas/SP |
42.766.024 |
12º |
Salvador/BA |
39.866.168 |
13º |
Osasco/SP |
39.198.919 |
14º |
Santos/SP |
37.722.531 |
15º |
Recife/PE |
36.821.898 |
16º |
São Bernardo do Campo/SP |
34.185.281 |
17º |
Barueri/SP |
33.075.587 |
18º |
Goiânia/GO |
30.131.330 |
19º |
Vitória/ES |
28.655.025 |
20º |
Betim/MG |
28.100.845 |
21º |
São José dos Campos/SP |
28.089.096 |
22º |
Duque de Caxias/RJ |
27.121.886 |
23º |
São Luís/MA |
24.601.718 |
24º |
Jundiaí/SP |
23.712.625 |
25º |
Uberlândia/MG |
21.420.638 |
26º |
Contagem/MG |
20.647.181 |
27º |
Belém/PA |
20.557.946 |
28º |
Ribeirão Preto/SP |
20.300.802 |
29º |
Itajaí/SC |
19.754.199 |
30º |
Sorocaba/SP |
19.019.098 |
31º |
Joinville/SC |
18.299.283 |
32º |
Santo André/SP |
18.085.141 |
33º |
Campo Grande/MS |
16.970.656 |
34º |
Parauapebas/PA |
16.733.726 |
35º |
Caxias do Sul/RS |
16.651.357 |
36º |
São José dos Pinhais/PR |
15.419.051 |
37º |
Niterói/RJ |
15.112.496 |
38º |
Canoas/RS |
14.856.173 |
39º |
Serra/ES |
14.850.851 |
40º |
Macaé/RJ |
14.459.881 |
41º |
Maceió/AL |
13.694.808 |
42º |
Cuiabá/MT |
13.298.345 |
43º |
Natal/RN |
13.291.177 |
44º |
Araucária/PR |
13.282.426 |
45º |
Londrina/PR |
12.826.470 |
46º |
Camaçari/BA |
12.669.924 |
47º |
São Caetano do Sul/SP |
12.620.623 |
48º |
Florianópolis/SC |
12.614.711 |
49º |
Cabo Frio/RJ |
12.480.926 |
50º |
Teresina/PI |
12.306.772 |
51º |
São Gonçalo/RJ |
11.976.716 |
52º |
Piracicaba/SP |
11.887.388 |
53º |
Anápolis/GO |
11.690.888 |
54º |
Diadema/SP |
11.645.673 |
55º |
Ipojuca/PE |
11.595.851 |
56º |
Rio das Ostras/RJ |
11.327.340 |
57º |
João Pessoa/PB |
11.225.777 |
58º |
Louveira/SP |
11.173.992 |
59º |
Angra dos Reis/RJ |
10.973.424 |
60º |
Blumenau/SC |
10.927.079 |
61º |
São José do Rio Preto/SP |
10.738.220 |
62º |
Nova Iguaçu/RJ |
10.665.648 |
63º |
Maringá/PR |
10.246.122 |
64º |
Juiz de Fora/MG |
10.078.403 |
65º |
Paranaguá/PR |
10.007.402 |
66º |
Aracaju/SE |
9.813.852 |
67º |
Porto Velho/RO |
9.775.427 |
68º |
Paulínia/SP |
9.749.771 |
69º |
Mogi das Cruzes/SP |
9.737.244 |
70º |
Jaboatão dos Guararapes/PE |
9.480.125 |
71º |
Taubaté/SP |
9.429.900 |
72º |
Uberaba/MG |
9.368.416 |
73º |
Volta Redonda/RJ |
9.187.069 |
74º |
Petrópolis/RJ |
9.133.358 |
75º |
Rio Grande/RS |
8.965.447 |
76º |
Feira de Santana/BA |
8.635.051 |
77º |
Bauru/SP |
8.430.517 |
78º |
Mauá/SP |
7.863.726 |
79º |
Sumaré/SP |
7.812.309 |
80º |
Foz do Iguaçu/PR |
7.771.320 |
81º |
Limeira/SP |
7.718.277 |
82º |
Belford Roxo/RJ |
7.542.639 |
83º |
Vila Velha/ES |
7.535.326 |
84º |
Cotia/SP |
7.463.856 |
85º |
Aparecida de Goiânia/GO |
7.437.833 |
86º |
Americana/SP |
7.131.532 |
87º |
Ipatinga/MG |
7.127.482 |
88º |
Gravataí/RS |
6.936.437 |
89º |
Ponta Grossa/PR |
6.930.451 |
90º |
Cariacica/ES |
6.771.111 |
91º |
Hortolândia/SP |
6.761.007 |
92º |
Itapevi/SP |
6.712.576 |
93º |
Jaraguá do Sul/SC |
6.686.194 |
94º |
Vinhedo/SP |
6.561.501 |
95º |
Macapá/AP |
6.453.597 |
96º |
Cubatão/SP |
6.348.145 |
97º |
Cascavel/PR |
6.282.718 |
98º |
Passo Fundo/RS |
6.275.589 |
99º |
Rio Verde/GO |
6.264.991 |
100º |
Matão/SP |
6.194.929 |
Fonte: IBGE (2012), em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.
Fonte: Revista O Empreiteiro