Porto Maravilha: transformação urbana que virou referência

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Iniciada em 2011, a requalificação urbana da região portuária da cidade do Rio de Janeiro é uma parceria público-privada (PPP) assinada entre a prefeitura e a concessionária Porto Novo, para gerir 5 milhões m² definidos pela Operação Urbana Porto Maravilha envolvendo a realização de obras e serviços. O objetivo inicial foi preparar o local para receber o público dos Jogos Olímpicos 2016.

Até o momento, mais de 70 km de vias na região foram reurbanizadas e 650.000 m² de calçadas refeitas, além de 700 km de redes de infraestrutura urbana reconstruídas, como iluminação pública, eletricidade, telecomunicações, esgotamento sanitário, gás, água e drenagem.

A região ganhou, ainda, um reservatório de 15 milhões de litros de água com capacidade para abastecer uma população de 500 mil habitantes. Foram implantados também 17 km de ciclovia e um passeio público, chamado de Orla da Guanabara Prefeito Luiz Paulo Conde, com 3.500 m de extensão, ligando a Praça XV ao Armazém 8 da zona portuária. Outros projetos importantes foram desenvolvidos na região e que integram o Porto Maravilha, relatados a seguir.

MUSEU DO AMANHÃ

Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava sobre um antigo cais na baía de Guanabara, o Museu do Amanhã foi inaugurado em dezembro de 2015 e fica em frente à praça Mauá.

A edificação de formas orgânicas, inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico, ocupa 15 mil m² e é cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e espaço para lazer, numa área total de 34,6 mil m². O museu tem auditório com 400 lugares, loja, cafeteria e restaurante, além das áreas de exposição. O Museu do Amanhã foi projetado para aproveitar os recursos naturais da região. A água da Baía de Guanabara é captada pelo museu para abastecer os espelhos d’água e para o sistema de refrigeração, onde é utilizada na troca de calor. A água da chuva captada pela cobertura é usada como complemento para irrigação dos jardins, descargas dos vasos sanitários e lavagem de pisos.

A cobertura móvel do edifício foi montada com estruturas de aço, que servem de base para as placas de captação de energia solar. Ao longo do dia, elas se movimentam como asas para acompanhar o posicionamento do sol.

O prédio tem aletas que carregam 5.492 placas de painéis fotovoltaicos para captação de energia solar, divididas em 24 módulos fixados na cobertura. O projeto também valoriza a entrada
de luz natural.

Em sua forma longitudinal o Museu do Amanhã possui 338 m de comprimento – o corpo do edifício possui 205 m de comprimento, com pé-direito de 17 m; o restante da cobertura, em vão livre, avança para os lados sul (70 m em direção à praça Mauá) e norte (65 m em direção à baía de Guanabara).

O prédio foi construído com 55 mil t de concreto estrutural e 4.300 t de estruturas metálicas para a cobertura. O museu conta ainda com 908 módulos de vidro, totalizando cerca de 3.800 m².

O grande desafio da engenharia na obra de Calatrava foi a estrutura de concreto do prédio, que não possui seções lineares, e a estrutura metálica da fachada e da cobertura, que exigiram complexa montagem. Projetistas e construtoras, portanto, encararam uma obra nada convencional. Por conta das formas curvas e inclinadas, nenhuma igual à outra, na concretagem nenhuma fôrma de madeira utilizada foi semelhante à outra.

A montagem da superestrutura metálica teve auxílio de pontes rolantes sobre trilhos, de 30 m de altura, e cimbramento. A estrutura foi colocada em partes, sendo elas mantidas apoiadas até a conclusão completa do conjunto. As obras, iniciadas em 2010, foram conduzidas pelo consórcio construtor Porto Rio.

MAR

O Museu de Arte do Rio (MAR) foi inaugurado em março de 2013 e tem 15 mil m² de construção. Os dois prédios que compõe o complexo também em frente à praça Mauá passaram por extensas obras. Um é o antigo Palacete Dom João VI, inaugurado em 1916 e tombado pelo município em 2010, que foi submetido a longo e meticuloso processo de restauro. O edifício vizinho, de estilo modernista, era um terminal rodoviário.

Unir dois edifícios tão diferentes fazia parte da proposta arquitetônica. A harmonia entre as edificações foi possibilitada pela cobertura que lembra ondas do mar.

VIA BINÁRIO DO PORTO

A Via Binário do Porto foi inaugurada em novembro de 2013 e faz a ligação da Rodoviária Novo Rio à Avenida Rio Branco em um dos sentidos. O sistema possui 3,5 Km de extensão, tem três faixas por sentido e várias saídas para a distribuição interna do trânsito na região portuária.

A Via Binário do Porto tem papel importante no escoamento do tráfego que passava pelo elevado da Perimetral, demolido.

O túnel Rio450 foi inaugurado em de março de 2015, tem 1.480 m e foi construído abaixo do nível do mar, atingindo 40 m em seu trecho mais profundo. Já o túnel Nina Rabha foi concluído em outubro de 2013. Sob o Morro da Saúde, próximo à Cidade do Samba, mede 80 m, com três faixas por sentido e uma galeria para passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

No túnel Rio450, uma falha geológica de cerca de 20 m foi superada na construção. Já haviam sido tentados todos os processos existentes de tratamento de túnel, como Jet grounting horizontal e vertical e até uma técnica autoperfurante. Porém, para resolver o problema em definitivo, foi feito um trabalho geológico
minucioso para realizar a perfuração sem abalar o terreno e entrar com a enfilagem tubular (método de injeção de calda de cimento por meio de tubos em maciços). Esse trabalho específico foi executado pela Fundsolo.

VIA EXPRESSA

A substituição do Elevado da Perimetral inclui também a criação da Via Expressa, na Avenida Rodrigues Alves, cujo percurso tem uma parte feita por meio do túnel Marcello Alencar e a outra na superfície. A Via foi aberta totalmente ao trânsito em julho de 2016, e liga o Aterro do Flamengo à Avenida Brasil e ponte Rio-Niterói, com 6.847 m de extensão e três faixas por sentido.

O túnel Prefeito Marcello Alencar tem duas galerias: a do continente, com 3.370 m; e a do mar, com 3.382 m. Foi a criação desse túnel que permitiu a transformação do trecho da Praça Misericórdia ao Armazém 8 na Orla Guanabara Prefeito Luiz Paulo Conde. A parte mais profunda do túnel fica a 43 m abaixo do nível do mar.

VLT COMPLETA SEIS MESES DE OPERAÇÃO

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) completou seis meses de operação no trecho Rodoviária-Santos Dumont a viagem é feita, em média, em 32 minutos, considerando os dois sentidos. O modal é o principal meio de mobilidade no Porto Maravilha, e sua malha transcende a área. Sua construção e operação é de responsabilidade da concessionária VLT Carioca.

Agora, a concessionária prepara para colocar em operação a etapa 2 do VLT, ligando as paradas Saara, no Campo de Santana, e Praça XV. Assim, o VLT deixará o usuário próximo às barcas Rio-Niterói. No percurso, o passageiro terá acesso à parada Praça Tiradentes e à parada Colombo, na altura da Avenida Rio Branco, que faz a conexão com o eixo do VLT Rodoviária-Santos Dumont, na parada Sete de Setembro.

NOVOS PRÉDIOS

Hoje, a revitalização da região portuária ganhou oito prédios. Edificações construídas e outras em obras incluem Hotel Holiday Inn, com 594 apartamentos; Hotel Marriott, com 168 quartos; edifício comercial Pátio da Marítima; edifício comercial Port Corporate; e o Porto Atlântico, com hotel, lojas e salas comerciais.
 


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