Práticos apontam riscos no canal de atracação

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Além dos esclarecimentos, que visam contestar as críticas, representante da praticagem de Santos também enumera sugestões para melhorar o porto, com base no conhecimento que tem do canal de atracação

Os práticos de porto são profissionais especializados com grande conhecimento da geografia e das peculiaridades do mar, dos ventos, das correntezas, das pedras, obstáculos e baixios, dentro do ambiente portuário. São eles que respondem pela navegação das embarcações que chegam ou saem de um porto.

A atividade que exercem, a despeito de ter uma história milenar, de envolver uma grande responsabilidade e de ser considerada de extrema importância para a movimentação segura de navios em qualquer porto, é sempre alvo de críticas por parte de armadores, empresas de navegação, exportadores e importadores.

A principal queixa é quanto ao preço desse serviço. Segundo alguns, o valor pago pode chegar a 50% de todos os custos despendidos por um navio, enquanto está aportado. Além disso, há os que acreditam que a atividade de praticagem se configura como uma reserva de mercado, quase sem concorrência ou alternativas possíveis. Em Santos, existe apenas uma empresa – a Praticagem São Paulo. No Rio de Janeiro, são sete que se revezam na tarefa de manobrar os navios que passam por lá.

Ao ser questionado a esse respeito, o diretor-presidente da empresa, Fábio Mello Fontes, faz questão de lembrar que a sua organização “é, antes de tudo, uma ilha de excelência”, referindo-se à qualidade dos serviços prestados.

Fontes, que é tratado como “comandante” pelos seus parceiros e está nessa atividade há mais de 40 anos, antes de ser prático, exerceu a função de oficial da marinha mercante e até respondeu pelo comando de algumas embarcações. A empresa que ele representa tem uma tradição de quase 140 anos de serviços prestados e é uma organização privada e reconhecida como de utilidade pública.

“O prático não tem hora, nem dia, para trabalhar. Ele, além dos profundos conhecimentos que deve ter, no seu dia a dia, corre sérios riscos de vida, ao embarcar ou desembarcar de grandes navios, em movimento e em alto mar, utilizando apenas um colete salva-vidas e uma escada de corda”, explica. Ele conta que, frequentemente, tem de vencer algumas dezenas de degraus para embarcar. Já foi lançado ao mar por vezes e passou por situações perigosas, no exercício de suas funções. Hoje, está com 72 anos e continua trabalhando normalmente como qualquer outro prático e apesar da função administrativa que acumula.

A empresa de Santos, assim como as que existem em outros portos, no Brasil e no mundo, sempre mantém uma equipe de plantão (24 horas por dia) para atender à intensa demanda do entra e sai de navios. A atividade é prevista na lei brasileira, que estabelece a obrigatoriedade da presença de um prático a bordo, durante a movimentação de qualquer navio dentro do ambiente portuário.

Os preços

A tabela de preços dos serviços do prático é estabelecida a partir de uma longa negociação entre uma comissão de práticos e outra de representantes dos armadores, de acordo com o diretor-presidente da empresa de Praticagem de São Paulo. Essa precificação é variável em função da distância percorrida, do porte, do calado e da idade dos navios e da natureza da carga transportada.

Para contrapor a críticas em relação a esse quesito, Fábio Fontes compara os preços de Santos e Rio de Janeiro com os de portos como Rotterdam e Hamburgo. E faz isso usando dados divulgados por um representante de uma grande empresa de navegação que faz o transporte de contêineres no mundo todo.

Nessa comparação, é possível concluir que os dois portos brasileiros citados têm, em geral, preços muito inferiores que os estrangeiros (veja tabela).

Comparativo de despesas portu

árias (US$)

Rio

Rotterdam

Hamburgo

Santos

Praticagem

5.100

18.880

17.120

7.200

Rebocadores

2.800

6.176

14.080

2.400

Taxas Portuárias*

2.200

17.664

15.040

3.800

Agenciamento

1.400

1.500

1.500

2.500

Outras**

500

——-

———

1.500

Total

12.000

44.220

47.740

17.400

* Inclui: utilização do porto/cais, farol, amarração e outras específicas de cada porto.

** Comunicações, transporte, despesas bancarias e outros itens específicos de cada porto.

Fonte: Reprodução de tabela exibida em evento sobre logística, realizado na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 2008, em palestra proferida por Nelson Carlini, da empresa francesa de transporte naval de contêineres, CMA-CGM (material disponível na internet).

No caso de navios de passageiros, os representan
Fonte: Estadão


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