Produção das concreteiras deve crescer 7,1% ao ano

Augusto Diniz

Até 2017, a produção de concreto nas concreteiras atingirá 72,3 milhões de m³/ano. Atualmente, este índice está em 51 milhões de m³/ano. No período de cinco anos, o segmento crescerá a uma taxa anual de 7,1%.

A previsão é de um estudo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), realizado em parceria com a e8 (especializada em análises na área de construção civil) e UBM. O trabalho, intitulado “Panorama e Tendências Técnico-Mercadológicas do Setor de Concreto”, foi apresentado durante a Concrete Show 2013, realizado no final do mês de agosto, em São Paulo.

A pesquisa aponta um aumento da compra de concreto através de concreteiras. Nos últimos anos, o mercado de concreto dosado em central tem crescido de forma expressiva – 20,7% somente em 2012.

Obras de infraestrutura e habitação alavancam os negócios no setor. A utilização do sistema construtivo de paredes de concreto – principalmente para atender ao programaMinha Casa, Minha Vida– incrementa ainda mais o mercado do concreto dosado em central.

“A industrialização cresceu na construção civil, diminuindo o ciclo de obra”, avalia Valter Frigieri, diretor de mercado da ABCP. Ele explica que as construtoras têm deixado de montar, cada vez mais, centrais de concreto em suas obras para comprar o produto de concreteiras.

De acordo com Frigieri, as relações entre construtoras e concreteiras têm melhorado ao longo do tempo, principalmente pelos benefícios de logística. “A convivência melhorou”, afirma.

No âmbito da evolução do concreto, o estudo aponta tendência de aumento da resistência à compressão; evolução dos concretos fluidos, principalmente autoadensáveis; otimização do concreto na relação granulométrica dos agregados e novas funções do concreto (autolimpante, autorrecuperável e alta capacidade térmica).

Na trilha da industrialização da construção industrial, Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto (Abcic), afirmou no evento que o pré-moldado “viu crescer seu uso na execução de obras”. Íria destacou a importância de se definir o uso dos pré-fabricados em uma obra ainda na fase de projeto. “A gente sabe que muitas vezes obras começam no projeto básico e não no projeto executivo, o que cria um problema”, afirma. A presidente da Abcic explica que o sistema construtivo muda dependendo da logística.

Outros materiais

A Concrete Show não teve somente o concreto como vedete. Outros produtos foram também exibidos na feira. No entanto, nem a organização do evento, a UBM, nem a ABCP viram problema nisso. “Muito bom que venham (outros materiais). Há muitas estruturas mistas. O importante é o ganho para a construção civil”, afirmou Renato José Giusti, presidente da ABCP.

A Brasken, por exemplo, uma das maiores produtoras de resinas termoplásticas do mundo e que pertence ao grupo Odebrecht, apresentou na Concrete Show mais de 30 produtos de plástico – à base de polietileno, polipropileno e PVC – para a construção civil, nas áreas de saneamento, edificações, canteiros, geossintéticos (reforço, drenagem, filtro e impermeabilização de terrenos) e infraestrutura.

Há desde produtos de plástico já adotados em obras na Europa e Estados Unidos por décadas como produtos recentes no mundo.

É o caso do sistemabubble deck– esferas de plástico com o objetivo de reduzir o peso das lajes usando polipropileno de forma a ocupar a zona de concreto que não desempenha função estrutural. Nos EUA, o produto também é uma novidade.

De acordo com Mônica Evangelista, gerente de Desenvolvimento de Mercado Polipropileno para Construção e Edificação da Braskem, os sistemas de plástico têm vantagens como redução de desperdício, ganho de produtividade, facilidade de manuseio e durabilidade.

Porém, a gerente reconhece que é preciso difundir melhor o uso desse tipo de material na construção, além de normatizar a utilização de alguns desses produtos.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), da Votorantim, esteve também na Concrete Show com produto bem mais conhecido em aplicação em construções, principalmente fachadas e esquadrias, mas que também não é o concreto: trata-se do alumínio. “A empresa aposta em oferecer a solução ao cliente ao invés de inovação na área”, resume Victor Augusto Breguncci, diretor comercial da área, sobre a abordagem do material hoje no mercado.

Máquinas

Enquanto isso, as empresas de máquinas se movimentam para atender ao mercado de construção. A BMC,dealerda linha de concreto da XCMG, disse que espera a fabricação das bombas-lança (HB34k e HB38K), betoneiras (GD08FD) e autobombas (HBC90BK1) na unidade industrial da marca chinesa em Pouso Alegre (MG), a ser inaugurada até o final deste ano, para ampliar as vendas.

“A XCMG tem uma linha grande e um projeto inovador. As máquinas a ser fabricadas pela marca no Brasil têm potencial aqui”, diz Noel Teixeira, diretor da BMC.

Já a Maxter acredita no mercado de máquinas compactas para avançar. “O segmento é novo, com custo operacional menor e consumo também menor”, conta Marco Aurélio Colombo, gerente da empresa. A Maxter, com atuação recente no Brasil, oferece equipamentos compactos da WackerNeuson (miniescavadeiras, pás-carregadeiras compactas eminicaminhões), Carmix (autobetoneiras), All Work (rompedores hidráulicos), M&B Crusher (caçambas trituradoras) e Simex (fresadoras de asfalto e escarificadoras).

De acordo com o executivo, no Brasil, 80% dos equipamentos das construtoras têm peso médio de 20 t – das máquinas compactas o peso gira em torno de 3 t. “Há campo para as máquinas compactas”, avalia. “Elas têm crescido no segmento de pavimentação”.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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