A prorrogação antecipada da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), da Vale, por mais 30 anos, a contar de 2027, quando vencem os atuais contratos, traz aporte de R$ 12,6 bilhões em investimentos pela mineradora.
Do total, R$ 8,7 bilhões irá para a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e R$ 3,9 bilhões para os demais compromissos, entre os quais a ampliação do serviço do trem de passageiro e obras de melhoria da segurança da malha, que vão atingir comunidades distribuídas ao longo das duas ferrovias. Do valor da outorga e, portanto, sem fazer parte do valor a ser investido, R$ 300 milhões serão usados na compra de trilhos e dormentes destinados à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
A Fico e a Fiol vão se conectar à atual Ferrovia Norte-Sul, viabilizando a criação de corredores alternativos para o escoamento de grãos do Centro-Oeste. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também avalia a construção de um ramal ferroviário, como extensão da EFVM, com cerca de 82 km, de Santa Leopoldina a Anchieta
(ES), no litoral capixaba, sendo parte destes desembolsos elegíveis de dedução do valor total da outorga de R$ 11,8 bilhões.
EFC E EFVM SOMAM 460 OBRAS
Com a prorrogação antecipada das duas ferrovias, serão realizadas 460 obras na EFC e EFVM, alcançando 33 municípios, em Minas Gerais e no Espírito Santo, e 25 municípios, no Pará e no Maranhão, nos próximos 10 anos. No total, serão construídos 40 viadutos, 30 passarelas, 147 cancelas automáticas, seis passagens de nível inferiores,
além de 200 km de vedação e 29 acessos a comunidades.
Os novos contratos também vão permitir a ampliação dos trens de passageiros das duas estradas de ferro, que hoje transportam 1,3 milhão de passageiros por ano. A partir de 2026, o trem de passageiros da EFC deixará de circular em dias intercalados e passará a ser diário. Já o da EFVM fará duas viagens diárias nos meses de alta temporada a partir de 2025.
Do total de investimentos previstos na prorrogação antecipada das duas ferrovias, R$ 1,8 bilhão serão destinados à EFC e R$ 2,1 bilhões à EFVM.
A EFC, que foi duplicada pela Vale recentemente, já está capacitada para escoar cerca de 20 milhões/t de carga geral por ano, 8 milhões a mais que a demanda atual, de 12 milhões de t/ano. Na EFVM, há previsão de aumento de 20% do transporte de carga geral.
FICO E FIOL
A construção da Fico e a compra de trilhos e dormentes para a Fiol foram definidas pelo governo federal como investimentos cruzados no contrato da prorrogação antecipada da EFVM. Com 383 km de extensão, a Fico ligará Água Boa (MT) a Mara Rosa (GO), conectando o Vale do Araguaia, região em desenvolvimento do Mato Grosso, à
Ferrovia Norte-Sul (FNS).
A Fico irá favorecer o escoamento da safra pelos portos de Santos (SP), de Itaqui (MA) e, no futuro, também pelo de Ilhéus (BA), a ser atendido pela Fiol. Para esta última ferrovia, a Vale irá comprar mais de 56 mil toneladas de trilhos e cerca de 32 mil dormentes, que serão usados no segundo trecho da ferrovia , entre os municípios de Caetité e Barreiras, na Bahia. Ressalta-se que o primeiro trecho da Fiol, entre Ilhéus e Caetité, foi concessionado recentemente à Bamin, mineradora que produz minério de ferro em Caetité.