Dados levantados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontam para investimentos de R$ 17,6 bilhões em novos projetos de primeira e segunda geração na indústria petroquímica, no período 2007 a 2010. O montante é 220% maior do que os R$ 5,5 bilhões investidos pelas empresas entre 2003 e 2006. O estudo do banco inclui a instalação de novas unidades de produção de resinas termoplásticas (utilizadas para embalagens) e leva em conta o crescimento do Produto Interno Bruto Brasileiro na casa dos 4% ao ano. A expectativa é de que, quanto maior for o crescimento do País, maior será a demanda por resinas. No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras do produto tiveram um excelente desempenho. O resultado deveu-se ao aquecimento do mercado e também à entrada em operação de novas fábricas, como a partida da Riopol. Um dos fatos mais importantes deste setor foi a associação da Petrobras, Grupo Ultra e Braskem para aquisição dos negócios do Grupo Ipiranga, consolidando e ampliando os negócios dos setores petroquímico e de distribuição de combustíveis. O valor da operação chega a US$ 4 bilhões e marca a presença definitiva da Petrobras como forte agente também do setor de petroquímica. No setor de distribuição de combustíveis, o Grupo Ultra, já detentor da marca líder em GLP, a Ultragaz, adicionará aos seus negócios a marca Ipiranga. Na petroquímica, a Braskem fortalece sua posição no mercado latino-americano de resinas termoplásticas, aumentando presença na Copesul e avançando na sua estratégia de crescimento. A Petrobras volta a ser um ator importante no setor petroquímico, por meio da Petroquisa, ampliando o portfólio, além de agregar valor ao petróleo e ao gás natural, em sinergia com outras operações da companhia.
PROJETOS DA PETROBRAS NA ÁREA PETROQUÍMICA
Rio Polímeros/Riopol – (RJ): situada no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, utiliza as frações de etano e propano no gás natural proveniente da Bacia de Campos para a produção de até 540 mil t/ano de polietileno. Investimentos de US$ 1,2 bilhão, constituído de US$ 702 milhões obtidos através de financiamentos e o restante com aporte dos acionistas. Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro/Comperj – (RJ): o Comperj é o maior projeto individual da história da Petrobras com investimentos de US$ 8,3 bilhões. Com o processamento de 150 mil barris de petróleo pesado por dia, vai gerar cerca de US$ 2 bilhões/ano de economia com a redução da exportação desse petróleo e da importação de produtos petroquímicos. Petroquímica Paulínia – (SP): é uma associação da Petroquisa com participação de 40%, e da Braskem com 60%. A unidade vai produzir 300 mil t/ano de prolipropileno usando o propeno fornecido pela Replan e Revap. Unidade orçada em US$ 328 milhões, deverá entrar em operação em 2008. Petroquímica Suape – (PE): produção de PTA: empreendimento para a produção de Ácido Tereftálico Purificado. Investimento de US$ 500 milhões, prevê a importação de 420.000 t/ano de PX. O negócio depende da implantação de uma Unidade PTA com capacidade para produzir 640 mil t/ano, a partir de 2009, a ser comercializada no mercado nacional, permitindo o a fabricação de 450 mil t/ano de PET para embalagens e 215 mil t/ano de fios para a indústria têxtil. Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco/Citepe: Produção de POY (poliéster) – para a Unidade de Poliéster, com capacidade para produzir 215mil t/ano, a partir de 2009. O projeto POY-Pernambuco, que deu origem ao Citepe, faz parte, ao lado da Petroquímica Suape (Unidade de PTA), de um novo ciclo de integração. A instalação do Citepe prevê 180 mil t/ano, das 640 mil t/ano de PTA que serão produzidas anualmente pela planta da Petroquímica Suape a partir de 2009, com investimentos de US$ 320 milhões. Complexo Acrílico: investimento de US$ 507 milhões, a ser implantado em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte, em terreno junto à Regap. A planta de acrílico será a primeira e da América Latina e visa à substituição de importações e fornecimento de ácido acrílico e seus derivados para o mercado nacional, com início de operação previsto para janeiro de 2010.
PREPARATIVOS PARA AS OBRAS
O principal projeto na área petroquímica é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), de US$ 8,4 bilhões, que ocupará área de 45 milhões m² no município de Itaboraí (RJ). O prazo de operação é para 2012, com produção anual estimada de 1,3 milhão t de eteno, 900 mil t de propeno, 360 mil t de benzeno e 700 mil t de p-xileno, além de derivados de petróleo, principalmente coque. A capacidade de processamento será de 150 mil barris por dia de petróleo pesado proveniente da Bacia de Campos. Os preparativos para início das obras do Comperj estão a pleno vapor, contando inclusive com um programa intensivo de qualificação de mão-de-obra, que reúne a Petrobras e entidades como Senai, além associações de diversas e faculdades. Na primeira fase, serão treinadas equipes para as funções de pedreiro, armador, carpinteiro, pintor, encanador e eletricista, que suprirão as obras do Comperj em número estimado de 3 mil pessoas. Mas calcula-se que a obra deverá empregar mais de 30 mil operários, que deverão passar por treinamento. Pela atração posterior de mais de 200 indústrias ao complexo, este está sendo considerado o principal empreendimento do País nas últimas décadas. O projeto está em fase de preparação do EIA-Rima e as obras de terraplenagem devem ser iniciadas ainda neste ano. O empreendimento exigirá ainda uma série de melhorias locais, como a construção do Arco Rodoviário, um dos projetos do PAC.
INVESTIMENTO DA SUZANO
A Suzano Petroquímica pretende investir US$ 371 milhões na modernização e expansão de uma fábrica na Bahia e na construção de uma nova unidade fabril no Paraná. O objetivo é chegar a 1,470 milhão t de produtos por ano em 2012, o que significará um aumento de 3,5 vezes ao que a empresa tinha capacidade em 2002. A Suzano deverá reformar a atual unidade industrial localizada no pólo petroquímico de Camaçari (BA), que entrou em operação em 1979, com recursos de US$ 97 milhões. A fábrica tem capacidade de produzir 125 mil t de polipropileno, uma resina termoplástica com larga versatilidade. Numa fase complementar, a idéia é aumentar a capacidade de produ&cc
edil;ão para 200 mil t anuais de polipropileno. Para isso, prevêm-se investimentos adicionais de US$ 58 milhões. A entrada em operação da unidade da Suzano está prevista para quase a mesma ocasião de outra unidade industrial planejada pela Braskem, também na Bahia. A Suzano pretende também erguer uma quarta unidade de produção de polipropileno, além das duas outras unidades existentes em Duque de Caxias (RJ) e Mauá (SP), que passam por expansões de capacidade. A quarta fábrica, que ficará no Paraná, terá 200 mil t de produção de polipropileno e deverá utilizar a matéria-prima – propeno – já contratada da refinaria de Araucária (Repar), da Petrobras, nesse novo projeto. O investimento soma US$ 216 milhões, segundo estimativas iniciais da companhia. Em paralelo com os sócios Unipar, Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Suzano analisa a possibilidade de aumentar a capacidade da Rio Polímeros (Riopol), prevendo adicionar mais 160 mil t de polietileno, a resina mais usada pela indústria do plástico. (MRS)
Fonte: Estadão