Estrutura de lona tensionada substitui marquise original de concreto
Guilherme Azevedo
As obras de reforma do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, tinham avançado, em dezembro, para a sua fase final, com cerca de 80% do total já concluído. Entre os trabalhos, destacava-se a operação de içamento e montagem das estruturas metálicas tensionadas que vão receber a nova cobertura.
Translúcida, feita de lona tensionada de fibra de vidro e teflon e com 68,4 m de largura (perfazendo um total de 50 mil m2 de área), recobrirá cerca de 75 mil lugares, dos 78,639 mil assentos que o estádio comportará. A instalação efetiva da nova cobertura deve ser concluída ainda em janeiro, com o auxílio de “alpinistas”, operários especialmente treinados para lidar, a cerca de 30 m do chão (a altura da futura cobertura), com a lona e os cabos de aço da estrutura.
Os trabalhos de acabamento na estrutura, a colocação dos novos assentos (serão de cinco tipos, no total) e a implantação do campo de jogo são outras frentes importantes do atual estágio da obra, que tem previsão de entrega para fevereiro próximo. São 5.850 trabalhadores colaborando no canteiro para cumprir o cronograma.
São 5.850 trabalhadores no canteiro. Esforço coletivo para cumprir cronograma
O Maracanã será o principal estádio da Copa do Mundo de 2014. Abrigará sete partidas do Mundial de futebol, incluindo a final. Na Copa das Confederações 2013, a partir de junho próximo, suas instalações serão efetivamente testadas, com a realização de três partidas, entre elas, a final da competição.
Iniciadas em 13 de agosto de 2010, as obras para a reforma e modernização do estádio estão a cargo do Consórcio Maracanã Rio 2014, formado pelas construtoras Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez. Têm orçamento previsto de R$ 859,9 milhões.
Estádio VIP
Se os puristas (e os pobres) do futebol torcem o nariz para o movimento de transformação do Maracanã em arena multiúso, que já incluiu o fim da geral (setor inferior, símbolo da paixão popular pelo esporte, onde os torcedores assistiam aos jogos de pé, na altura do gramado, a preços módicos) e a demolição da marquise original de cobertura, os pragmáticos (e os ricos) do futebol comemoram.
As novas instalações do Maracanã terão refinamento e sofisticação para agradar a convidados do high society, em 110 camarotes especialmente projetados para isso. Segundo a Empresa de Obras Públicas (Emop) do Rio de Janeiro, o camarote tem em média 80 m2, com 40 m2 de área interna, separada da área externa por um vidro blindex.
Depois da montagem das arquibancadas e da instalaçãodos anéis de compressão da cobertura, começou oiçamento da cobertura propriamente dita
A lista de comodidades inclui interior climatizado, banheiro próprio, bancada de granito com pia, sala de estar e acesso por elevadores e lounges próprios. Do lado de fora, ao ar livre, num espaço exclusivo, serão instaladas cerca de 25 cadeiras. Os camarotes se localizam nos lados centrais da arquibancada. Uma parte ocupará o terceiro pavimento do lado oeste e o restante estará em dois andares do lado leste.
De acordo com a Emop, os novos camarotes do estádio ganham dos antigos em visibilidade para o campo de jogo, pois estão agora a uma distância de 80 m, contra 190 m dos antigos; e em participação no espetáculo, em emoção, pois agora são abertos.
Concessão
A comercialização desses espaços, para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo, será feita pela Fifa, que é a dona das competições. Num futuro próximo, uma empresa deverá ser escolhida, em licitação do governo do estado do Rio de Janeiro, para administrar e explorar comercialmente o estádio e os demais equipamentos públicos integrantes do complexo do Maracanã, em regime de concessão. Pela proposta de edital divulgada pelo governo, o prazo de exploração do complexo será de 35 anos, com investimento inicial de R$ 469 milhões e mais R$ 7 milhões pagos ao governo anualmente.
O texto, colocado para debate em audiência pública em novembro último, gerou reação de centenas de pessoas, entre elas, estudantes e índios, porque prevê também a demolição de equipamentos públicos, como a Escola Municipal Friedenreich, modelo de ensino, e o Museu do Índio.
Fonte: Padrão