Rodoanel Norte: Via Appia entrega primeiro trecho no segundo semestre de 2025

Rodoanel Norte: Via Appia entrega primeiro trecho no segundo semestre de 2025

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Depois de mais de uma década do seu início e de seis anos desde que foram interrompidas, as obras do Rodoanel Mario Covas – Parte Norte, em São Paulo, foram retomadas em abril. Dividido em dois trechos – o primeiro, entre as rodovias Dutra e a Fernão Dias, e o segundo, entre a Fernão Dias e a Avenida Raimundo Magalhães –, terá as obras da primeira etapa entregues em setembro de 2025. O segundo trecho deverá estar em operação um ano depois.

Quem revelou o cronograma foi Luiz Alberto Sette, diretor de Engenharia e Implementação da Via Appia, empresa que assumiu a concessão, durante o Fórum Infra 2024-2026. Ele comentou os principais desafios de retomar as obras em cada lote, como dez túneis para serem liberados até setembro do ano que vem. “É um desafio grande para a concessionária, o poder concedente e as empresas que estão trabalhando conosco, tanto o consórcio construtor quanto projetistas, retomar essa obra e entregá-la no prazo estipulado”, afirmou Sette.

Luiz Alberto Sette – Diretor de Engenharia e Implementação da Via Appia

A empresa terá que equacionar os problemas que uma construção dessa envergadura apresenta depois de tanto tempo parada. “O Rodoanel é uma obra emblemática, mas ficou com um trecho parado por muito tempo, o que traz transtornos. Nesse período, mais de 54 mil veículos deixaram de circular pelo trecho norte todos os dias. Sendo que 60% desses veículos são de carga pesada, que acessariam o Porto de Santos e hoje passam pela Marginal Tietê, causando congestionamentos e transtornos para os usuários. Além de aumentar entre 6% e 8% a incidência de gás carbônico na capital”, destacou o diretor.

Desde a retomada das obras, já foram realizados serviços topográficos e sondagens, inspeções em obras de arte especiais (OAE), limpeza de objetos e do sistema de drenagem, construção de estradas de serviço e acessos em toda a extensão do Rodoanel Norte. Segundo a empresa, são atividades essenciais para garantir a segurança, qualidade, durabilidade e eficiência das obras, fornecendo dados precisos para o planejamento e execução do empreendimento, evitando surpresas e atrasos durante a construção.

Apesar de terem prazos diferentes para conclusão, os dois trechos estão com obras em andamento. Cada trecho foi subdividido em lotes. No lote 5, equipes realizam a perfuração e desmonte de rochas. Já nos lotes 4, 5 e 6, os trabalhos estão concentrados na fresagem e pavimentação do trecho. Os túneis também estão passando por limpeza e avaliações, sendo que a desobstrução, limpeza interna e escavação do Túnel 501 (emboque leste) já foi concluída, o que permite a passagem de veículos operacionais.

Ao todo, mais de 1.200 trabalhadores estão em campo atuando em diferentes pontos do trecho 1, executando serviços como terraplanagem, roçada, manutenção do revestimento vegetal, fresagem e pavimentação. 300 equipamentos estão em atividade nesse trecho. “Na primeira fase há alguns pontos críticos, como a mobilização que está terminando agora, e a execução de um viaduto de 300 metros que está substituindo um aterro de 500 mil m3, em função de uma quantidade grande de solo mole existente nessa região”, revelou Sette.

Há também dois túneis em construção: um é o que colapsou e hoje está recuperado. Ele está em final de escavação subterrânea e com o tratamento já executado. Já o túnel 402 está mais adiantado, lembrou o diretor. Já no trecho 2, há um número maior de túneis: 10 no total. “Desses, o túnel 101 teve alguns problemas de execução na fase inicial, não chegou a colapsar, mas ainda preocupa na execução. Temos também um corte de rocha de 450 mil m3 próximo de um condomínio. Há muito cuidado na execução, trabalhamos com plasma, que é uma ferramenta que não usa explosivo”, salientou o executivo.

Uma das dificuldades na retomada das obras nesse trecho do Rodoanel é adaptar o planejamento de trabalho da concessionária aos diferentes estágios em que as obras se encontram. Segundo a Via Appia, as obras de arte especiais, em sua grande maioria, já foram construídas. Cada OAE possui sua particularidade, e, por isso, estão sendo analisadas de forma individualizada, com o apoio técnico do relator independente. É avaliada a qualidade de execução, por meio de inspeções especiais com base nos normativos técnicos da Artesp, bem como as possíveis avarias oriundas do processo da ação do tempo durante o período de paralisação das obras.

Segundo o diretor da Via Appia, para os estudos de engenharia foi feita uma lista tríplice de empresas e a Intertechne foi a escolhida para ser o relator técnico independente do projeto. A Intertechne responde pelas vistorias e elaboração do projeto atualizado das obras de implantação. “O papel da empresa é analisar, verificar, revisar e validar todo o projeto existente. Dentro dessas atividades, inclui-se complementar alguma solução que possa ser necessária, atualizar os projetos para as novas normas e inspecionar o que já estava executado”, esclarece Franciele Reynaud, gerente de projetos da Intertechne.

Segundo ela, a obra desse trecho do Rodoanel estava com diferentes níveis de execução. “Para o tronco principal existiam trechos com pavimento acabado, enquanto em outros faltava fazer a composição do terrapleno para a configuração do greide da rodovia.” Para as obras de artes especiais e túneis, haviam estruturas acabadas e outras, parcialmente executadas.

“A partir dos relatórios da Intertechne, foi feita a revisão dos projetos. Foram realizadas vistorias de reconhecimento nas obras de arte especiais, pavimento, terraplanagem, escavações dos túneis, análise de rochas subterrâneas e na parte de contenções e tratamento de taludes. Só para essas avaliações foram cerca de 440 pessoas mobilizadas, sendo 130 envolvidas com as estruturas e 120 em inspeções em campo”, afirmou Luiz Alberto Sette.


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