Sistema construtivo a seco levanta casa em 8 dias

Modelo tradicional leva 40 dias noprograma Minha Casa, Minha Vida

Augusto Diniz – Ponta Grossa (PR)

Algumas construtoras têm apostado no programa Minha Casa, Minha Vida para crescer no mercado. Isso tem impulsionado o surgimento de sistemas construtivos para atender a iniciativa, como o de casas pré-fabricadas.

O grupo francês Saint-Gobain, com presença em 64 países e quase 200 mil funcionários, foi além e combinou produtos que já oferece às construtoras para criar um sistema construtivo a seco, para montagem das unidades habitacionais do programa.

O novo sistema levou três anos para ser desenvolvido e reúne placas cimentícias sem amianto, produtos para isolação térmica e acústica de lã de vidro e placas de drywall. Todos esses produtos são aplicados em um sistema estrutural constituído por perfis leves de aço.

Chamado também de steel frame, o sistema já é conhecido na Europa, só que lá se utiliza em residências de médio e alto padrão. No Brasil, ele foi adaptado para atender ao programa Minha Casa, Minha Vida – voltado para população de baixa renda, com base em estudos realizados pela empresa junto com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“O apelo do sistema é a racionalização, com geração pequena de resíduos, custo semelhante ao de uma casa de alvenaria, sem exigir equipamentos especiais, e rapidez na entrega”, explica Paulo Perez, diretor de Projetos Habitacionais da Saint-Gobain no Brasil. As placas standard do sistema, para montagem da casa, já vêm com facilidades para instalações elétricas e hidráulicas, e mantêm isolamento térmico e acústico como qualquer outra casa. A empresa oferece treinamento a operários para montagem das unidades.

*Casas construídas no sistema steel frame

Benoir d’Iribarne, delegado-geral para Brasil, Argentina e Chile da Saint-Gobain, complementa que “otimização de mão de obra” é outro item importante do produto.

A primeira experiência da empresa com o novo sistema foi no conjunto Amália II, em Ponta Grossa (PR), inaugurado no fim de agosto. Na localidade, foram erguidas 40 casas utilizando o sistema a seco das 339 entregues. Todas as unidades habitacionais possuem dois quartos, medindo 38 m² e custo médio de R$ 43 mil. Foram beneficiadas 1.500 pessoas.

O engenheiro Rodrigo Remer, sócio da construtora RCM, responsável pela obras no conjunto Amália II, conta que “o sistema a seco permitiu montar a casa em 8 dias, após as fundações feitas”. Um sistema convencional de alvenaria leva 40 dias, de acordo com ele.

*Topografia irregular faz Ponta Grossa ter númeromaior de pessoas vivendo em área de risco

“Sistemas construtivos mais rápidos têm sido adotados pela CEF, como este projeto de steel frame”, diz Carlos Viriato, gerente-geral de Construção Civil da Caixa Econômica Federal (CEF) na região de Ponta Grossa. A Saint-Gobain já tem autorização para construir mais 2 mil unidades habitacionais utilizando o sistema e aguarda autorização definitiva da Caixa – financiadora do programa Minha Casa, Minha Vida – para oferecer largamente o produto no mercado, levando em conta as diretrizes do Sistema Nacional de Avaliação Técnica (Sinat) da construção civil brasileira. “A Caixa vai precisar de todas as tecnologias para atender ao programa, e o sistema é um deles”, avalia Carlos.

Ponta Grossa é destaque do programa

O município de Ponta Grossa, a pouco mais de 100 km de Curitiba, é uma das cidades brasileiras que mais implementa o programa Minha Casa, Minha Vida no País. Por conta disso, a CEF criou há 8 meses uma superintendência específica para a região.
“Ponta Grossa é a cidade que mais constrói casas na faixa 1 (até R$ 1.600) do programa, proporcionalmente ao número de habitantes no Brasil. Essa faixa é de gente que mora com os pais, mas quer sair de casa para construir sua família”, explica Herivelto Benjamin, diretor-presidente da Prolar, órgão de desenvolvimento habitacional da prefeitura de Ponta Grossa.
A topografia irregular de Ponta Grossa, com fundos de vale e vários riachos, faz com que muitas pessoas vivam em área de risco na cidade. Assim, de acordo com a prefeitura, o programa Minha Casa, Minha Vida passou a ser uma opção para remover essas pessoas dessas áreas.
Apesar de terem sido inaugurados, desde 2011, mais seis conjuntos habitacionais em Ponta Grossa dentro do programa, beneficiando 2.300 famílias e representando investimento de R$ 78 milhões, há ainda 15 mil famílias na fila por uma casa em Ponta Grossa, segundo a prefeitura. Mais 8 conjuntos habitacionais na cidade devem ser inaugurados até 2013. Ponta Grossa tem hoje 400 mil habitantes.

Fonte: Padrão

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