Capturar dados em tempo real e, por meio deles, gerar planilhas para obter informações que possibilitem um acompanhamento diário de tudo o que acontece na obra. Essa é a função do Time Scan, software desenvolvido pelo engenheiro mecânico Ricardo Jansen. Amplamente utilizado nos Estados Unidos, entre outros países, no Brasil o Time Scan já foi adotado por duas grandes obras em andamento, em São Paulo. Uma delas é da Linha Amarela do Metrô, que está sendo executada pelo consórcio que reúne as construtoras Andrade Gutierez, Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão e Norberto Odebrecht. O consórcio utiliza o software há cerca de um ano. A outra obra é do Rodoanel paulista. Nesse caso, a ferramenta está sendo utilizada pelo Consórcio Norberto Odebrecht/Constran, responsável pelo Lote 2 do empreendimento (trecho Anchieta/Imigrantes).
O tempo faz a diferença. Enquanto num processo tradicional de monitoramento pode-se levar até uma semana para detectar algum problema, seja com mão-de-obra ou equipamentos, por exemplo, por meio desta tecnologia é possível ter uma visão de tudo o que ocorre no dia-a-dia. “A meta é capturar as informações, gerar relatórios de custos para tomar decisões e depois passar tudo para sistemas internos tradicionais da empresa sem retrabalho”.
O sistema permite, segundo Jansen, o controle de diversos setores com agilidade e pequena demanda de trabalho. “Uma das grandes vantagens é a geração de informações de maneira rápida e fácil. O Time Scan pode ser usado por empresas de pequeno a grande porte. Nos EUA, por exemplo, temos desde clientes que possuem 80 funcionários, até aqueles com mais de 40 mil empregados”, explica.
Conforme salienta o engenheiro, a instalação e treinamento – tanto do pessoal de escritório quanto de encarregados – é feita entre três e cinco dias. E, num período de uma a duas semanas, é possível realizar a total adaptação e obter perfeita compreensão do funcionamento do software, esclarecendo eventuais dúvidas que podem surgir nos primeiros dias de uso.
O Time Scan compreende vários módulos e vai além da captação de dados e do levantamento de custo. De acordo com Jansen, 70% dos problemas de uma obra estão concentrados em mão-de-obra e equipamento. Porém, fora estes dois itens, que constituem a opção básica do software, a tecnologia engloba também opcionais como módulos de controle do uso de materiais; controle de produção; controle de estoque; e controle de ausência (viabiliza a montagem do histórico do empregado).
O transporte de material, outro problema nos grandes canteiros de obra, pode ser acompanhado por meio de ferramenta específica que possibilita o monitoramento de dados, como a distância percorrida, número de viagens realizadas, tempo de execução das mesmas e, inclusive, controle das faturas emitidas pelas subcontratadas/prestadoras de serviços. Outra função disponível é a de controle de combustível. Ela permite a identificação e revisão de equipamentos que estejam consumindo mais do que a média. Também é possível verificar o próprio custo do combustível utilizado. Três caminhosColetores de dados portáteis descarregam as informações que alimentam o Time Scan e fornecem o conjunto de relatórios de custos. Elas podem ser registradas pelos encarregados por meio de três tipos de tecnologias. A primeira delas é o scanner com código de barras. Robusto e fácil de usar, ele mesmo indica ao encarregado/operador as informações que precisam ser capturadas e depois, ao final do dia ou turno, basta encaminhá-las ao PC.
Outra maneira é por meio do telefone com palm pilot. Os dados são enviados em tempo real, já que o palm captura e o aparelho telefônico envia o conteúdo apurado. “Com a análise dos relatórios tomam-se providências rápidas quando necessário. Redimensionar as equipes, por exemplo, quando for registrada produtividade baixa em determinado turno, seja por falta de equipamento ou de pessoal”, esclarece Ricardo Jansen.
A terceira forma estará totalmente disponível em breve, já que os primeiros aparelhos estão saindo agora. Trata-se do telefone com o sistema operacional Windows Mobile.
O engenheiro cita ainda outros clientes que usam o sistema, como o metrô venezuelano, além de estradas e barragem peruanas. “nos eua atendemos desde construtoras até subcontratadas, como nas áreas de eletricidade, estrutura de concreto e acabamento”, revela.
Fonte: Estadão