Em um artigo publicado na revista RTR, Christian Sabolic, gerente de serviço da Siemens, comenta que os 300 TAVs modelo Velaro já acumularam o equivalente a 500 milhões km — cerca de 12.500 vezes o trajeto ao redor da Terra. Velaro é a marca global cuja plataforma foi desenvolvida sobre a experiência do trem ICE 3, comissionado em 2000, integrando-se à norma TSI (Especificação Técnica para Interoperabilidade) e as exigências de proteção contra fogo do mercado mundial.
As melhorias no Velaro de 4ª geração se destacam na manutenção otimizada, como as unidades de ar-condicionado substituíveis, a porta externa independente do chassi do vagão, permitindo seu ajuste ao longo da vida útil, melhoria de acesso e simplificação da estrutura dos toaletes e um teto mais alto que melhorou a aerodinâmica e o consumo de energia.
O Velaro E que liga Barcelona, de clima quente, a Madri, passa por trechos a 1.200 m de altitude de clima frio, mantendo seu desempenho operacional entre +50ºC e –20ºC, capaz de atingir 350 km/h. Como no trajeto competia com a aviação comercial, a operadora Renfe reembolsa a passagem se o trem tiver um atraso superior a 15 minutos nesse trajeto. A pontualidade dessa linha é da ordem de 99%. O histórico mostra que este trem sofre de um atraso superior a 10 minutos devido a problemas de manutenção apenas uma vez a cada 1,5 milhão km viajados. Com quase 5 milhões km percorridos, houve apenas três atrasos dessa ordem.
O segredo dessa disponibilidade está no contrato de manutenção em vigor desde o início, a cargo da Nertus, empresa consorciada da Renfe e Siemens. Um sistema computadorizado comanda os trabalhos, sendo os diagnósticos de eventuais falhas transmitidos dos trens em movimento para as oficinas, via rede sem fio. Isso permite que a intervenção seja preparada com antecedência, assim que o trem chega às oficinas perto de Madri ou Toledo. Um exemplo simples: o mecanismo de fechamento de uma porta está consumindo crescente volume de energia. Isso significa que ela precisa ser ajustada ou o mecanismo substituído, antes de o fechamento emperrar.
Índices similares de desempenho foram alcançados na operação desse trem na China e na Rússia, onde os diferenciais de temperatura variam amplamente, e na linha Eurostar que atravessa o túnel do Canal da Mancha, ligando Londres a Paris.
Referência bibliográfica: Eberhard Jaensch, revista RTR-Railway Transport Review, 3/2011; e High Speed Rail, da UIC International Union of Railways