Dados do Sistema Nacional De Informações Sobre Saneamento (SNIS), do ministério das Cidades, revelam que o Índice de Perdas por Distribuição (IPD) de água no Brasil fica em torno de 37,4%. O mesmo relatório aponta como causa uma infraestrutura física de má qualidade e também uma decificiente gestão dos sistemas. Muitas das cidades têm sistemas hidráulicos que já extrapolaram o tempo de uso, aponta o SNIS. Para minorar este problema de perda, a sugestão é de que se tenham instalações e equipamentos de melhor tecnologia na armazenagem e transporte da água. |
Apesar desse quadro, o Brasil tem recebido tecnologia para serem adotadas em obras de saneamento em geral. Um exemplo são as membranas para tratamento de água e de esgoto. Outra tendência são os métodos não destrutivos para instalar tubulações, empregando perfuratrizes direcionais que dispensam a abertura de valas.
A Viapol trabalha com recuperação e reforço estrutural e soluções para proteção de estruturas de concreto de Estações de Tratamento de Água e Esgoto.
Entre as soluções da empresa, destaca-se o VitPOLI ECO, produzido à base de poliuretano vegetal. O produto é isento de solventes, possui baixo teor de VOC (Compostos Orgânicos Voláteis), e apresenta grande aderência em diversos substratos, dispensando o uso da camada de imprimação (primer). Além disso, conta com elevada resistência química, à corrosão e às altas temperaturas (até 90°C). Desta forma, resulta em uma membrana flexível com características físico-químicas de alta performance, que suporta exposição aos raios UV e é resistente ao vapor d’água. A tecnologia não altera a potabilidade da água, tornando-se uma solução ideal para a área de saneamento básico. O produto ainda resiste quimicamente à agressão do esgoto e vários efluente.
Manaus e Brasília
A Viapol participou em duas obras importantes com a tecnologia: uma em Manaus (AM) e outra em Brasília e Sobradinho (DF). O trabalho de impermeabilização, realizado nas operadoras de água e esgoto locais em suas respectivas Estações de Tratamento de Água (ETA), consistiu para a empresa em efetuar intervenções em estruturas de concreto novas e antigas.
O engenheiro Rodrigo de Carvalho Soares, da Betonpoxi Engenharia, empresa há vinte anos na área de construção industrial e que participou da obra amazonense, explica que a estação tinha uma estrutura bastante danificada, desgastada com o tempo. “Tínhamos um problema sério, pois boa parte dos reservatórios existentes já estava condenada. Pensavam até em demolir tudo, então demos a solução técnica com este produto da Viapol e não precisou demolir o que tinha lá. Fizemos uns 60 mil metros quadrados de impermeabilização e para os novos reservatórios adotamos o mesmo método satisfatoriamente”, expõe Soares.
As obras executadas na cidade de Manaus previam o fornecimento de soluções de impermeabilização para 14 reservatórios de concreto antigos e 11 reservatórios de concreto novos, todos apoiados no solo, além de decantadores e floculadores da ETA 1 e filtros de fluxos ascendentes das ETAs 1 e 2. Os serviços executados incluíram a limpeza e recuperação em áreas localizadas da estrutura antiga de concreto dos reservatórios, decantadores e floculadores da ETA 1, e filtros de fluxos ascendentes das ETAs 1 e 2.
Os filtros de 25 anos de existência e que apresentavam um estado avançado de deterioração do concreto foram totalmente recuperados e impermeabilizados com um sistema da Viapol compostos por camadas de Viaplus 1000, manta estruturada e Viaplus 5000. Na impermeabilização de reservatório novo, recém-construído, foi utilizado o sistema de impermeabilização compostos por camadas, manta estruturada.
Em Manaus, para efetuar a impermeabilização numa área total de 15.959,13m², a solução escolhida foi o impermeabilizante de cimento modificado com polímero Viaplus 1000, que atende a norma ABNT NBR 11905:1992 – Sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros. O consumo total do produto, que funcionou como um fundo preparador de substrato foi de 46 toneladas.
Em seguida, aplicaram-se em 15.475,20 m², nos reservatórios novos de concreto apoiados no solo, o impermeabilizante de polímero modificado com cimento Viaplus 5000, atendendo a norma ABNT NBR 15885:2010 – membrana de polímero acrílico com ou sem cimento, para impermeabilização. O consumo total da solução chegou a 86 toneladas, formando uma membrana flexível, estruturada com uma tela de poliéster entre a primeira e segunda demão, moldada in loco, a frio, isenta de solventes e que não altera a potabilidade da água. O mesmo sistema de impermeabilização, com aplicação de 45 toneladas de Viaplus1000 e de 85 toneladas de Viaplus 5000, foi utilizado nos 11 reservatórios novos.
“Não existe impermeabilização ‘ruim’, mas sim o sistema que atende às necessidades da obra, baseado em uma correta preparação de substrato, na adequada especificação dos produtos com normas técnicas e na utilização de mão de obra treinada, seguindo as diretrizes da norma ABNT NBR 9574:2007 – execução de impermeabilização” ressalta Marcos Storte, “gerente da empresa”.
Paraná
Uma obra significativa no Paraná é a construção de um dos maiores emissários do Estado, na região da bacia do rio Cascavel.
De responsabilidade da Sanepar, o emissário faz parte do projeto de ampliação do sistema de esgotamento sanitário da região, prevista em contrato de concessão. Ele será responsável por 30% do esgoto coletado em Cascavel.
A tubulação tem 13,3 km de extensão, em trechos aéreos, subterrâneos (em túnel) e enterrados em diversos níveis de profundidade. Os tubos, com diâmetros que variam de 400 a 700 mm. Todo esgoto no emissário circula por gravidade. O projeto prevê a retirada de operação da estação do Maria Luiza e, posteriormente, a elevatória que está instalada na cabeceira do Lago, no Jardim Caravelle, na região de Cascavel.
Outro exemplo é o emissário de efluentes industriais no complexo portuário do Pecém (CE). No local, foram assentados dois emissários (tubulações pressurizadas), somando mais de 6 mil m de tubos de ferro fundido, sendo um de 3.874 m, com 500 mm de diâmetro, e outro de 2.466,81 m, com 600 mm de diâmetro. O projeto conta também com uma chaminé de equilíbrio, de
uma estação elevatória e de um reservatório. O reservatório, com capacidade para 20 mil m³, terá como função resfriar o efluente. A obra atenderá especialmente a Empresa de Energia do Pecém, que deverá responder por 85% da necessidade de energia do porto.
Transformar esgoto em água industrial para abastecer o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, também é o objetivo do projeto Rehuso, criado em parceria da Petrobras com a Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). O projeto pretende ampliar a Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, que fica no Caju, região portuária do Rio de Janeiro. Atualmente, a estação faz o tratamento do esgoto antes de lançá-lo na baía de Guanabara. Com o novo projeto, será instalada uma fase adicional de tratamento.
Fundos para salvar
bacias hidrográficas
A preocupação com o consumo e qualidade das águas no mundo tem crescido significativamente, fazendo surgir um número maior de organizações interessadas em gerir a questão junto com governos.
Recentemente, a The Nature Conservancy (TNC), Fundação Femsa, Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID), e a organização ambiental Global Environment Facility (GEF) se uniram em uma aliança em prol da proteção de recursos hídricos ameaçados na América Latina e no Caribe. A parceria latino-americana, que atende pelo nome de “Fundos de Água”, prevê o repasse de US$ 27 milhões para a criação e implementação de, pelo menos, 32 fundos para as águas no Brasil, Equador, Colômbia, Peru, México, e outros países. A iniciativa vai ajudar a conservar mais de sete milhões de hectares de bacias hidrográficas e garantir água limpa a, pelo menos, 50 milhões de pessoas na região.
Estacas para uso em
solos de alta agressividade
Habitualmente nos estudos de fundações profundas por estacas tem-se por preocupação dimensionar o elemento estrutural e a interação solo-estrutura. Cada vez mais os projetos de fundações ou as obras têm exigido projetos que contemplem uma durabilidade para uma vida útil superior a 100 anos.
Este caso apresenta um projeto de uma estação de tratamento de água numa região pantanosa/charco, com relevo plano e próximo a um rio, com a solução em estacas pré-fabricadas com comprimentos médios de 28,0 m. Esse rio apresentava fortes concentrações de contaminações (cloretos e sulfatos) provenientes de plantações nas margens, e durante o período de chuvas inundava a área do empreendimento.
As concentrações de cloretos variavam de 8 mg/ℓ a 6731 mg/ℓ, e sulfatos de 1030 mg/ℓ a 7518 mg/ℓ, tornando necessário o dimensionamento das características do concreto para resistir a agressividade química.
A SCAC apresentou uma solução em estacas de concreto com a utilização do processo de adensamento por centrifugação, para contribuir com a obtenção de estruturas mais densas, menos porosas e conseqüentemente menos permeáveis. Para serem atendidas as condições logísticas do cliente, as peças foram produzidas em duas unidades fabris com insumos regionais, exigindo o desenvolvimento de controles adicionais durante a produção e transporte para garantir o atendimento aos requisitos de durabilidade estabelecidos pelo projeto.
Mensalmente eram realizadas amostragens através da extração de corpos de prova, caracterizando o seu desempenho através de ensaios de absorção, capilaridade e penetração de água sob pressão.
Para os ensaios de absorção foram obtidos valores da ordem de 3,5%, para o índice de vazios 9,0% e para os ensaios de penetração de água sob pressão de (40,0±8,0)mm, para a idade de 28 dias. Posteriormente com as peças na obra foram realizados novos ensaios com idades de 116 e 296 dias obtendo resultados de penetração da ordem de (2,3±0,8)mm, para uma pressão de 70 mca. No projeto a pressão atuante seria de aproximadamente 20 – 28 mca.
Para uma estaca cravada também é importante a garantia de um elevado módulo de elasticidade nas idades iniciais, e nas peças foram obtidos os módulos de elasticidade secante (ECS) de 28,0 GPa, 32,6 GPa e 32,9 GPa respectivamente às idades de 7, 14 e 28 dias.
Nesse projeto a SCAC atuou em um empreendimento distante de suas unidades fabris, que demandou modal logístico de transporte rodoviário e marítimo, conciliando com a necessidade de uma projeção de vida útil de 100 anos em solo altamente agressivo. Foram fornecidos aproximadamente 150.000 m de estaca, produzidos em 220 dias, o que representa um volume de 21.000 m3 de concreto, transportados em 2260 carretas e 8 navios.
Fonte: Estadão