Terminal privativo entra em operação até o final do ano

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Terminal portuário privativo em Itapoá, SC, cuja construção foi acelerada depois das enchentes que

destruíram parcialmente o Porto de Itajaí,deverá movimentar 300 mil contêineres/ano

OTecon Santa Catarina foi projetado segundo a tendência dos mais modernos do mundo do ponto de vista operacional e de atendimento à legislação ambiental. Construído em Itapoá, na Baía de Babitonga, um ponto privilegiado com calado natural de 16 m, receberá navios de grande porte (até 9 mil TEUS) e deverá melhorar o fluxo dessas embarcações no Sul e Sudeste do País.

O terminal, que até aqui absorveu recursos da ordem de R$ 475 milhões, é considerado um dos principais empreendimentos privados brasileiros nessa área. Ele tem como acionistas a Portinvest Participações (Grupo Battistella e Logística Brasil – Fundo de Investimentos e Participações gerido pela BRZ Investimentos) e a Aliança Navegação e Logística (Hamburg Süd). As obras, a cargo da Construtora Andrade Gutierrez, estão em fase de acabamento. O cais e a ponte estão concluídos e o pátio e o prédio administrativo se encontram na etapa final.

A idéia inicial para a construção do porto, segundo os empreendedores, era construir um terminal próprio, para o Grupo Battistella, destinado à exportação de madeira. Mas o projeto, com a parceria da Hamburg Süd, evoluiu para a concepção de um terminal privativo de contêineres. O projeto recebeu o apoio do governo de Santa Catarina, que se dispôs a prover a infra-estrutura necessária à instalação e ao acesso ao porto, que será feito pela SC-415, também chamada de Estrada da Serrinha. Ela faz a ligação entre Itapoá e a rodovia Guaratuba-Garuva. .

A direção do Tecon informa que ele contará com equipamentos de ponta, dentre os quais quatro guindastes de carga Post Panamax (Portêineres), 11 guindastes de pátio tipo RTG (Transtêineres) e 26 caminhões para a movimentação de contêineres no pátio.

Para manter intacta a praia da Figueira do Pontal, com sua fauna, flora e balneabilidade, o projeto previu que duas pontes sairão do pátio de contêineres avançando cerca de 230 m no mar, até o píer, onde são construídos os três berços de atracação. Por conta dessa solução, a praia permaneceu aberta à população. Ela e seu entorno serão completamente urbanizados. O local deverá tornar-se um ponto agradável, de onde poderá ser observada a movimentação dos trabalhadores portuários.

As obras começaram e progrediam em ritmo satisfatório, até que ocorreram as enchentes do final de novembro e começo de dezembro de 2008 em Santa Catarina. Elas provocaram a morte de 128 pessoas, danificaram a infra-estrutura de serviços locais, destruíram o Porto de Itajaí e chegaram a comprometer também o Porto de Navegantes. O Estado deixou de receber 60 mil contêineres/mês e grande parte dessa movimentação teve de ser transferida para o Porto de Paranaguá, no Paraná.

As obras, em frentes distintas

O engenheiro José Roberto Viana, da Construtora Andrade Gutierrez, que vem gerenciando a construção do Porto de Itapoá, informou que as obras se desenvolveram a partir de duas frentes distintas de serviços. Disse que até começo de 2009 cuidou-se da implantação da infra-estrutura e da execução da superestrutura da ponte de acesso e do píer de atracação. Naquela fase foram cravadas mais de 100 estacas, com comprimento variando entre 37 m e 39 m enquanto as peças pré-moldadas de concreto eram fabricadas no canteiro industrial ali instalado.

A primeira frente de trabalho operou no mar, de modo a atender aos serviços que se encontravam em curso na ponte de acesso e no píer de atracação. A segunda frente, baseada em terra, executou o pátio de estoque de contêineres – a retroárea, ocupando espaço da ordem de 135 mil m² – e as edificações administrativas que incluem armazém de cargas, “gates” e demais prédios de apoio.

O píer, projetado com 630 m de comprimento, foi dimensionado para a atracação de dois navios simultaneamente. Como se situa a 250 m da costa, seu acesso pode ser feito pela ponte de acesso, que faz a ligação entre a retro-área e o píer. No conjunto, essas estruturas exigiram a cravação de 800 estacas. O canteiro industrial produziu, considerando o cronograma da obra, cerca de 4.400 peças pré-moldadas de concreto.

Ganharam destaque, nos serviços ali realizados, os equipamentos utilizados para a cravação das estacas. Uma estaca de 39 m de comprimento corresponde à altura de um edifício de 13 andares. Para ela ser cravada no fundo do mar, a Andrade Gutierrez recorreu a flutuantes. A estaca pré-moldada foi rebocada até o sítio da obra, levantada e cravada. Essas operações tiveram de ser previamente planejadas, uma vez que estavam na dependência das condições marítimas e atmosféricas.

Novos equipamentos para estaqueamento

Para apressar as operações de estaqueamento, a construtora concebeu e fabricou outros equipamentos, que se revelaram mais ágeis e com maior capacidade do que aqueles usados até então.

Os equipamentos que a empresa fabricou operaram a partir de flutuantes e atuaram na montagem de peças pré-moldadas de até 60 t. O primeiro equipamento do gênero ali colocado em funcionamento cravou estacas de até 50 m de comprimento e 80 cm de diâmetro.

A empresa utilizou também dois guindastes de 250 t de capacidade, embarcados em duas balsas para executar a cravação de estacas e a montagem de peças pré-moldadas de até 37 t; dois guindastes de 45 t para apoio no pátio de pré-moldados; quatro pórticos de 30 t cada; a ponte de embarque, com um rebocador; três barcos de apoio; dois flutuantes para transporte e concretagem de pré-moldados; quatro flutuantes para o transporte de estacas; oito caminhões-betoneiras e uma central de concreto de uso exclusivo para a obra.

“Além disso”, diz José Roberto Viana, “tivemos de trazer para Itapoá uma nova tecnologia para posicionamento de estacas via GPS. Essa tecnologia foi empregada durante o posicionamento das estacas e da respectiva cravação, para garantia da qualidade e previsão dos serviços efetuados”.

O canteiro industrial

O canteiro industrial foi planejado tendo em vista o prazo e a logística dos trabalhos. Ele foi instalado na área do terminal de modo a conectar-se com o mar por meio de uma ponte auxiliar de 90 m de comprimento. Essa posição facilitou o embarque das peças pré-moldadas.

Em sua estrutura, o canteiro industrial contou com seis pórticos de 30 t de capacidade para realizar todas as movimentações das peças, da fabricação, estocagem atéo embarque. Nesse canteiro foram construídos dois berços de fabricação de estacas de 175 m de comprimento, com capacidade para produzir até oito estacas imultaneamente. Obteve-se ali uma produção média de quatro estacas/dia. O pátio foi dimensionado para uma produção de cerca de 4.400 peças pré-moldadas, levando-se em conta uma produção diária de 22 peças.

A Baía de Babitonga

A Baía de Babitonga situa-se na foz do Canal do Palmital, nas proximidades de Joinville e a ilha de São Francisco do Sul. Ao longo de suas margens ainda há resquícios importante da mata atlântica. Em razão da exuberante natureza local, é muito apreciada e procurada pelos turistas. Ela se alonga por cerca de 160 km ² e constitui fonte de renda para inúmeras famílias de pescadores. Em razão disso, a construção do porto teve de ser cercada de cuidados ambientais prévios para não comprometer a natureza.

O ritmo das obras na etapa final

Com as obras do cais e da ponte concluídas, pátio com 90% e prédio administrativo com 60% da obra civil, o Porto de Itapoá, se prepara para a inauguração, que ocorrerá no dia 22 de dezembro próximo. Os primeiros equipamentos já chegaram dos Estados Unidos e da Europa. Os 26 caminhões terminal tractors, de última geração e usados para transferência de contêineres do cais para o pátio e vice-versa, tem capacidade de carga de até 60 t. As duas empilhadeiras de grande porte RS – reach stacker com capacidade de carga de até 45 t são utilizadas para movimentar e armazenar até seis contêineres de altura e três empilhadeira de vazios – empty container handler são usadas para movimentar contêineres e empilhar até sete posições de altura HC e capacidade de movimentar até 50 contêineres por hora. Todos da marca Kalmar.

Em agosto último, o diretor superintendente do porto, Gabriel Ribeiro Vieira, assinou a ordem de serviço para a pavimentação de sete quilômetros do acesso pela estrada municipal “José Alves”, conhecida como “Estrada da Jaca”, com investimentos de R$ 16 milhões. Esta via ligará o Porto à SC-415, próxima à Garuva, cuja obra está sendo realizada pelo Governo do Estado através do Deinfra.

Investimentos adicionais do porto no valor de R$ 7 milhões têm em vista uma linha de transmissão e mais R$ 6,5 milhões para uma subestação de 138 kV para garantir energia para o funcionamento do empreendimento. A partir da inauguração, o Porto de Itapoá terá a capacidade de movimentar mais de 300 mil contêineres por ano. Após o término das ampliações, sua capacidade será incrementada para movimentar 1 milhão de contêineres.

Ficha técnica

Contratante: Itapoá Terminais Portuários S.A.

Contrutora: Construtora Andrade Gutierrez S.A.

Projeto Executivo: EGT Engenharia Ltda.

Subempreiteiros:

Corte e dobra: S.Pontes Construtora Ltda.

Central de Concreto: Wanmix Ltda.

O porto em números

Investimentos: R$ 475 milhões (total)

-Equipamentos – R$ 90 milhões

-Obras de acesso da Estrada da Jaca – R$ 16 milhões

-Subestação de alta tensão de 138 kV – R$ 7 milhões

-Linha de Transmissão de Energia – R$ 6,5 milhões

-Tecnologia e Sistemas – R$ 10 milhões

Cais: 630 metros de comprimento e 43 de largura

Profundidade natural: 16 metros

Berços de atracação: 2 para navios Post-Panamax de até 300 metros de comprimento, com capacidade de carga de 9.000 TEU’s cada embarcação

Ponte de acesso: 230 metros

Retroárea: 136 mil m²

Área administrativa e edificações de apoio: 9 mil m²

Gates de acesso: 6

Tomadas reefers: 1380

Equipamentos

– 4 STS (Ship to Shore) / Portêineres

– 11 RTG’s (Rubber Tired Gantry) / Transtêineres

– 26 terminal tractors

– 5 empilhadeiras de grande porte (2 RS e 3 ECH)

Total de colaboradores: 250 em 2010 e cerca de 500 em 2011

Fonte: Estadão


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