Terminal recém-construído automatiza processos com sistemas de gestão

Leitores de etiquetas direcionam malas para voos correspondentes e número dos balcões de check-in aumenta ou diminui conforme o volume de passageiros

Uma série de sistemas informatizados entrou em operação com o novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de São Paulo (Governador André Franco Montoro), em Guarulhos (Grande São Paulo). As atividades no terminal 3, com capacidade para receber 12 milhões de passageiros por ano e exclusivo para voos internacionais, tiveram início no último dia 11 de maio.

Com 192 mil m de área construída, distribuída em dois edifícios com cinco pavimentos, o terminal é a principal obra entre aquelas assumidas em contrato pela concessionária do mais movimentado aeroporto do Brasil, com vistas à Copa do Mundo. O investimento total anunciado até o Mundial, somando obras e serviços, é de R$ 2,9 bilhões. Em maio do ano passado, já havia sido entregue um novo edifício-garagem, para atender ao terminal, com 84 mil m2 de área construída, oito andares e 2.644 vagas de estacionamento.

A concessão do aeroporto de Guarulhos foi vencida pela Invepar (Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A., associação da construtora OAS com fundos de pensão) e ACSA (Airports Company South Africa), em leilão realizado em fevereiro de 2012, com lance de R$ 16,213 bilhões (ágio de 373%). A concessão terá duração de 20 anos.

O conjunto de obras civis de ampliação e melhoria da infraestrutura em Guarulhos se soma a um outro conjunto igualmente importante: de atualização e revitalização da estrutura de sistemas de informação e gestão de todo o aeroporto. É o que explica o diretor de tecnologia da informação do GRU Airport, Luiz Ritzmann. Uma visão estratégica orienta todo o trabalho do diretor e sua equipe, com cerca de 70 pessoas: manter a inteligência e o conhecimento dentro de casa e trazer parceiros para executar os trabalhos, um contingente que vai a 400 colaboradores. O projeto de renovação dos sistemas teve início no primeiro semestre do ano passado, assim que a concessionária assumiu efetivamente a gestão das atividades locais, em fevereiro. Ao longo do segundo semestre do ano passado e dos primeiros meses deste ano, transformações foram efetivadas com o auxílio de 13 parceiros tecnológicos, todos internacionais, de modo a atender a um volume de mil voos diários. “Não havia fornecedores (de sistemas) no Brasil, até o ano passado. Por isso, precisamos trazer de fora os sistemas que fazem a gestão do aeroporto”, contextualiza Ritzmann.

A atualização e aprimoramento dos sistemas envolvem três grupos de gestão de atividades. O primeiro visa racionalizar o movimento de chegada de passageiros, via monitoramento do fluxo, sobretudo no estacionamento. No edifício-garagem novo, o sistema Nepos indica ao passageiro que chega de automóvel, andar por andar, em painéis eletrônicos, o número de vagas disponíveis, e onde elas se localizam. O mesmo sistema hoje é utilizado pelos modernos shopping centers do País.

O segundo grupo de sistemas de gestão busca aprimorar o fluxo do check-in e do despacho de bagagens. Todas as companhias aéreas agora utilizam um sistema de check-in unificado. O objetivo, com isso, é o melhor aproveitamento da estrutura dos balcões de check-in. Chamado AMS (Airport Management System), o sistema coordena a malha aérea das próximas 24 horas. “E ele, de forma automática, vai distribuindo recursos conforme a necessidade das companhias, o tamanho das aeronaves etc.”, pontua o diretor de TI do GRU Airport. Ou seja, a disponibilidade de balcões de check-in no novo terminal de passageiros internacionais nunca é fixa, sempre móvel, aumentando ou diminuindo de tamanho de acordo com a necessidade de cada operador. Para a transformação do balcão de uma companhia no de outra, basta mudar a informação no painel eletrônico de cada unidade. Outro ganho do sistema AMS, frisa Ritzmann, é o de tripulação e passageiro conhecerem, ainda no ar, antes da aterrissagem, a posição de desembarque da aeronave e da esteira para a retirada da bagagem.

A terceira intervenção para renovar a infraestrutura de TI do aeroporto é a de controle da entrada do passageiro. Agora a leitura do cartão de embarque se faz digital e automaticamente, com um modelo semelhante ao de leitura de código de barras. O leitor dos portões escaneia o cartão e verifica se o passageiro se encaminha ou não ao destino corretamente. Na prática, o sistema Arine automatiza o embarque, relativizando a participação humana no processo.

Para ainda este mês (maio), a concessionária promete a disponibilidade do e-gate, que lê o chip integrante do passaporte do passageiro e fotografa seu portador, cruzando os dados e fazendo a identificação automática. De fato, é a substituição do guichê normal da área de imigração, tanto na chegada quanto na saída do passageiro. Outra mudança em Guarulhos, agora do ponto de vista mais da segurança, é a instalação de equipamentos de leitura biométrica em áreas de acesso restrito. São 800 portas que precisam de algum tipo de controle e 80% delas já receberam o sistema. A expectativa é terminar o serviço em junho.

Outras transformações incorporadas ao dia a dia aeroportuário são o sistema informatizado de bagagens, que acompanha os volumes por leitores de código de etiquetas e os encaminha corretamente. O novo sistema, com capacidade de processar 5 mil malas por hora, se compõe também de sete grandes carrosséis com esteiras inclinadas, que facilitam a restituição da bagagem, além de 27 esteiras rolantes. Guarulhos hoje também já oferece internet wi-fi gratuita a seus passageiros em todo o sítio, incluindo 25 mil pontos para plugar smartphones notebooks.

São medidas que, no conjunto, modernizam o principal aeroporto brasileiro (líder em movimentação, com 36 milhões de passageiros embarcados em 2013) e buscam melhorar a experiência local de voar, eleita recorrentemente a pior entre os maiores sítios aeroportuários do País.

Um “cérebro” de 300 m2

Se a paixão mora no peito, a gestão mora mesmo é no cérebro. No caso do aeroporto internacional de Guarulhos, numa ampla “caixa craniana”, de 300 m2 de área construída e paredes com 20 cm de espessura. É ali que mora, com elevada segurança, todo o parque de tecnologia aeroportuária, o centro de comando de todas as atividades informatizadas. Bem guardados estão servidores, equipamentos para back-up de dados, sistemas e recursos prontos a garantir a segurança das operações. Por exemplo, tudo está internamente articulado de modo a não permitir a interrupção do fornecimento de energia elétrica. Um aeroporto sem luz é um aeroporto sem vida.

O diretor de TI do GRU Airport, Luiz Ritzmann, relaciona quatro níveis de segurança energética. O primeiro nível é o da concessionária de energia. Para alimentar o sítio, há duas subestações disponíveis, com dois caminhos distintos de alimentação local. Mas se houver problema com as duas simultaneamente, um gerador a diesel de grande porte cuida do fornecimento emergencial. E se ele também falhar? Um banco de baterias é convocado para alimentar o foco mais crítico da operação, isto é, a segurança de passageiros e de aeronaves. Se nada deu resultado até aqui, um último recurso é acionado: um gerador de menor porte, para garantir energia elétrica a funções vitais do sítio — a operação dos sistemas de tecnologia, da torre de controle e da iluminação da pista de pousos e decolagens. “O passageiro pode estar no escuro”, avisa. Para tranquilizar, ou quase, em seguida: “A chance de cair tudo é muito perto de zero. É praticamente impossível”. Mas viver, por si só, como já reconhecia o jagunço Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, é muito perigoso.

O novo terminal internacional de Guarulhos

Terminal 3

Início da operação 11 de maio de 2014
Área total construída 192 mil m2
Níveis Cinco pisos:

Subsolo

Desembarque

Mezanino (transição embarque – desembarque)

Embarque

Lounges (salas VIP)

Capacidade inicial 12 milhões de passageiros/ano
Pátios de aeronaves 34 posições
Pontes de embarque 20
Posições remotas 14
Portões de embarque 26, sendo 6 para operação remota
Companhias aéreas 25 (fase de transição das companhias vai de maio a setembro)
Lojas 108
Equipamentos 108 balcões de check-in

26 totens de autoatendimento de check-in

104 balcões de controle de passaporte

7 carrosséis restituição de bagagem

21 escadas rolantes

27 esteiras rolantes

53 elevadores

400 painéis de voo (FIDs)

352 câmeras

3,3 mil caixas de som

720 placas de sinalização

 

2.800 t de multimassa aplicadas em Guarulhos

Foram aplicadas 2.800 t da multimassa Quartzolit e 1 mil t do supergraute Quartzolit nas obras do novo terminal do Aeroporto de Guarulhos. A multimassa é uma argamassa para assentamento e revestimento, que dispensa a dosagem de materiais. Já o supergraute é um concreto fluido de alta resistência inicial e final. Entre suas funcionalidades está a grande fluidez com características de autonivelamento, liberação em curto prazo para utilização, baixa permeabilidade à água e retração controlada.

A Quartzolit foi fundada em 1937. Em 1972, lançou uma de suas linhas de maior sucesso, o Cimentcola,, argamassa colante para assentamento de placas c
erâmicas, e que gerou uma inovação para o mercado da época. Em 1997, foi incorporada ao Grupo Saint-Gobain.

Novas tecnologias ampliam a vida das estruturas de concreto

O constante aumento do movimento de passageiros e cargas nos aeroportos brasileiros exige especial atenção por causa do surgimento de anomalias na estrutura dessas edificações. A MC-Bauchemie, especializada em produtos e serviços de reparo em diversas patologias no concreto, avalia que a atenção especial deve ser dedicada às juntas de dilatação.

De acordo com a empresa, aeroportos podem ter diferentes processos construtivos e, consequentemente, diversos tipos de concreto, desde concreto comum e concreto de massa até concreto de alta resistência e concreto celular.

O aumento da vida útil desses materiais, segundo a MC-Bauchemie, pode ter resultado com a aplicação de vernizes e resinas à base de poliuretano de alta resistência; fibras de carbono; e aditivos plastificantes, superplastificantes, incorporadores de ar e sílicas ativa. Além disso, podem ser adotadas soluções para cura e desforma do concreto com agentes de cura química a fim de evitar futuras fissuras.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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