Inauguração deve acontecerno aniversário de Salvador, em março
Guilherme Azevedo
As obras civis para a construção do novo estádio da Fonte Nova, em Salvador, haviam praticamente se encerrado no fim de 2012, conforme determinava o cronograma. Com mais de 90% do total dos serviços concluídos, o equipamento esportivo recebe agora os últimos acabamentos (preparação do gramado; conclusão das instalações elétricas, hidráulicas e de TI; e instalação dos assentos, por exemplo) e se submete a testes funcionais.
Segundo a Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa-BA), a expectativa é inaugurá-lo no dia 29 de março próximo, quando Salvador comemora seu aniversário de 464 anos (foi fundada em 1549).
Com valor estimado em R$ 591 milhões, a construção é de responsabilidade das construtoras Odebrecht Infraestrutura e OAS, segundo contrato na modalidade de parceria público-privada. As empresas constituíram uma sociedade de propósito específico, denominada Fonte Nova Negócios e Participações, que terá a prerrogativa de explorar comercialmente a Fonte Nova por 35 anos.
A Fonte Nova será um dos doze estádios da Copa do Mundo de 2014 e um dos seis da Copa das Confederações de 2013, em junho.
Instalado num terreno de 116 mil m2 e com área construída de 90 mil m2, o equipamento terá 50 mil assentos, todos cobertos. A estrutura prevê atendimento do público que busca diferenciação e luxo, com a oferta de 2.100 assentos VIP e 70 camarotes, com capacidade para 1.250 pessoas. Um edifício-garagem, que em dezembro estava 85% pronto, abrigará 1.200 veículos e outros 800 poderão ser estacionados na própria área do estádio.
O projeto arquitetônico da nova Fonte Nova segue padrão internacional, chamado arena multiúso, para servir a eventos de modo geral e possibilitar a exploração comercial de suas instalações, que incluem restaurantes panorâmicos, quiosques, espaço cultural e salões de negócios. A Arena Fonte Nova está sendo construída no mesmo sítio onde foi implodido, em 29 de agosto de 2010, o antigo estádio. Seu novo projeto tem inspiração germânica: a AWD Arena, da cidade de Hannover, lançada para a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.
O projeto leva a assinatura conjunta dos arquitetos Marc Duwe, da brasileira Setepla Tecnometal Engenharia, e Claas Schulitz, do escritório alemão Schulitz + Partner. O engenheiro Alexandre Chiavegatto, do consórcio construtor formado pela Odebrecht e OAS, é o responsável pela obra, com o engenheiro Sydney Cunha, da Setepla, assumindo o projeto estrutural.
Solução pré-moldada
Do ponto de vista da engenharia, o que há de notável no histórico dessa construção? O número de profissionais envolvidos, engenheiros, operários, técnicos, é um deles: em dezembro, por exemplo, chegara a 4,050 mil trabalhadores, recorde na obra, atuando em simultâneas frentes de serviço, em turno integral.
A utilização intensiva de pré-moldados de concreto na estrutura sobressaiu como solução construtiva. Principalmente, ao dar velocidade ao processo de edificação, que tem prazos bem delimitados, sem margem para atrasos. Setenta e cinco por cento da estrutura se compõe de peças pré-moldadas (pilares, vigas, lajes, paredes de enrijecimento), que estão presentes em todos os setores do estádio. Totalizam 12 mil peças, muitas delas moldadas no próprio canteiro, para atender à especificidade do projeto.
José Luiz Góes, diretor de engenharia do estádio, historia a obra e destaca as dificuldades originais dela: de implodir uma grande construção para erigir outra no lugar (operação que resultou em 35 mil t de entulho), e a própria localização, no centro urbano de Salvador, com impactos sobre a logística do empreendimento. “Além disso, a área construída possui uma topografia bastante acidentada, em desníveis, e um terreno bastante heterogêneo geotecnicamente, tornando-se necessárias as mais diversas soluções em termos de fundação”, relata o engenheiro.
A cobertura do estádio, em estrutura tensionada, com cabos e membrana, técnica que ingressa no País através das novas arenas projetadas para a Copa do Mundo, também exige, segundo Góes, “inovações na engenharia construtiva”. A cobertura terá 36 mil m2 de área total, com 9,2 km de cabos de aço, anéis de compressão e de tração (inferior e superior), deck metálico e uma membrana impermeável e translúcida com 28 mil m2. O chamado big lift, processo complexo de içamento e fixação das estruturas metálicas da cobertura, já encerrado, foi uma das etapas mais difíceis da obra, de acordo com o diretor de engenharia. A Fonte Nova já avança pela intermediária, entra na grande área e parece disposta a chutar a gol. Capricha!
Ficha técnica
Estádio: Fonte Nova
Proprietário: Governo do Estado da Bahia
Início da obra: junho de 2010
Término da obra: março de 2013 (previsto)
Custo total: R$ 591 milhões
Projeto de arquitetura: Marc Duwe, Setepla Tecnometal Engenharia e Claas Schulitz
Consórcio construtor: Odebrecht e OAS
Consórcio gestor: Odebrecht e OAS
Fonte: Padrão