Seria precipitado rechaçar, de pronto, a ideia sem antes examiná-la por inteiro e acompanhar os debates que ela suscitará. Dos debates deverão participar, sobretudo, arquitetos e planejadores urbanos. Porque não me consta que os projetos originais das duas casas do Congresso e o planejamento urbanístico local hajam previsto a construção de algo análogo, nos anexos ou nas imediações daquelas edificações concebidas por Niemeyer e calculadas pelo mestre e poeta Joaquim Cardozo.
O fato é que está em estudo, conforme matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo de hoje (3/3), a construção de um shopping perto de um anexo da Câmara. O complexo do anexo 5 aglutinaria três edificações: uma delas abrigaria um plenário novo e, outra, o shopping, cujo programa de arquitetura ainda não estaria definido. O shopping ficaria separado do prédio da Câmara por uma pequena praça, que seria o acesso ao empreendimento.
Na prática, o shopping seria construído mediante uma parceria público-privada e isto viabilizaria o custo da construção. Segundo esse plano, a Câmara não gastaria um tostão do dinheiro público e só significaria benefícios.
Obviamente as coisas evoluíram daqueles tempos de Niemeyer até aqui. Mas alterações dentro ou fora do conjunto arquitetônico não devem passar em brancas nuvens. E, não será por conta de um conforto a mais para os senhores parlamentares, que poderão contar com um shopping à mão a qualquer hora do dia, que o planejamento urbano da área em referência deva ser sacrificado. A arquitetura e a história de Brasília estão aí para serem revisitadas e evitar anomalias que as prejudiquem para sempre.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira