Um trem para desafogar Congonhas

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Depois dos últimos acontecimentos que evidenciaram as condições de saturação, necessidade de manutenção e ampliação das pistas do Aeroporto de Congonhas, bem como a urgência da transferência de parte da sua demanda para o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, parece que finalmente o Expresso Aeroporto ganhará o mundo real. O projeto, que prevê a ligação do centro da capital paulista ao Aeroporto de Guarulhos, através de um sistema de trem expresso, com veículos no padrão de um metrô de superfície, custaria cerca de US$ 597 milhões. O cálculo é da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado, que pretende, até o final deste ano, colocar na rua o edital de concorrência para sua execução. Pelo cronograma da Secretaria, o vencedor da disputa será conhecido em maio de 2008, para que o empreendimento fique pronto em 2010. Atualmente, o único meio de acesso ao Aeroporto de Guarulhos é por carro ou ônibus, utilizando-se a Marginal Tietê. Um trajeto que, a partir da Avenida Paulista, pode levar mais de duas horas, dependendo do horário e das condições do tráfego. Com um trem expresso, operando numa linha exclusiva, com 31 km de extensão e duas estações terminais – uma na Luz (Centro), e outra no aeroporto – seria possível cobrir o percurso em cerca de 20 minutos, a uma velocidade em torno de 100 km/h. Dos 31 km entre o aeroporto de Guarulhos e a estação da Luz, 22 km poderão ser implantados aproveitando em faixa de domínio já existente da CPTM, que possui espaço para a instalação de uma nova linha. O projeto, concebido pela Secretaria de Transportes Metropolitanos, prevê a construção de 17 km de via em superfície, 6 km em elevados e 8 km em subterrâneos. As estações ferroviárias deverão funcionar como Terminais Remotos Aeroportuários, com plataformas exclusivas e balcões das companhias aéreas, onde o usuário poderá fazer o “check–in”, recebendo seu cartão de embarque e despachando suas bagagens. Inicialmente, as saídas dos trens se darão em intervalos médios 12 minutos, sendo esse head way reduzido, posteriormente, para seis minutos. A tarifa seria livre, por se tratar de um serviço diferenciado e exclusivo, devendo variar de US$ 6 a US$ 14. A previsão inicial é de 20 mil usuários por dia, entre viajantes, acompanhantes e funcionários das empresas.

MODELAGEM E ENGENHARIA FINANCEIRA

Em 2004, a CPTM e a Infraero assinaram um protocolo de intenções para o desenvolvimento dos estudos, objetivando a implantação do Expresso Aeroporto. Pelo convênio, as duas empresas deverão realizar as ações conjuntas no sentido de definir o projeto básico, estabelecer pré-requisitos técnicos e operacionais, as formas de inserção urbana, e todos os outros elementos que sirvam de referência ao processo licitatório para concessão desse novo serviço. A idéia do governo do estado de São Paulo é executar o projeto dentro do modelo de Parceria Público-Privada. Assim, do total dos investimentos previstos, o setor público entraria com US$ 179 milhões e a iniciativa privada com US$ 418 milhões. Análises preliminares indicam que o parceiro privado ficaria responsável pelo projeto completo da linha, estações, material rodante – oito trens de seis caros cada – e sistemas, bem como pelo aporte financeiro para implantação da linha. Assumiria, ainda a operação e conservação do sistema durante o período de concessão. Em compensação, ficaria com o lucro obtido com a prestação dos serviços. O governo e Infraero, por sua vez, fariam os investimentos iniciais de formatação dos modelos e parâmetros de serviços, cessão de áreas para a via e os terminais e outras providências preliminares. Ao final do período de concessão, a concessionária transferiria o empreendimento para o governo do Estado. No dia 27 de abril de 2007, a Comissão de Licitação para o Recebimento e Avaliação dos Estudos do Projeto promoveu sessão pública para abertura das propostas oferecidas por dois consórcios interessados na elaboração dos estudos técnicos, econômicos e financeiros, com modelagem do projeto. Apresentaram propostas o Consórcio Nova Metrópole, constituído pelas empresas Assman Consultoria Empresarial Ltda, Valente, Valente Arquitetos, Enescil Engenharia e Projetos Ltda. e UETE Engenharia Ltda.; e o Consórcio CEG Expresso Guarulhos, constituído pelas empresas Encalso Construções Ltda., Isolux Corsan Concesions S.A., Engevix Engenharia S.A., Ghella S.p.A. e Construciones Y Auxiliar de Ferrocarriles S.A. (CAF).

PROJETOS SOBREPOSTOS

Paralelamente ao expresso Aeroporto, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo estuda outro projeto ligando a capital paulista a Guarulhos. Trata-se do Trem de Guarulhos, com um percurso de 19 km, que seguirá a faixa ferroviária dos trens metropolitanos (CPTM) e atenderá a mais de 100 mil usuários/dia dos dois municípios. Ao contrário do Expresso Aeroporto, este seria um projeto social, com tarifa regulamentada, possivelmente no mesmo patamar da cobrada pela CPTM nas demais linhas. A velocidade de operação também seria compatível com a do restante do sistema CPTM. Objeto de estudo pelo governo do estado em parceria com a prefeitura de Guarulhos, o trem seguirá em via segregada do Brás até o conjunto habitacional CECAP e, depois, em uma linha nova de mais 6 km até Guarulhos. De acordo com o governo do estado de São Paulo, a iniciativa privada tem demonstrado apetite pelos dois projetos e o BNDES já declarou que os considera extremamente viável, principalmente por demandar pequenos volumes de recursos públicos, a serem financiados pelo banco.

Fonte: Estadão


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