Conversa mantida com o engenheiro e professor Paulo Helene, sobre matéria publicada na edição de fevereiro último (OE 516) que enfocou a tragédia na boate Kiss, de Santa Maria (RS), nos levou a refletir na pauta que ensejou essa mesa-redonda virtual. Ela trata da responsabilidade da engenharia brasileira, nesse começo de milênio.
Na matéria (seção Dimensões) dizíamos: “Engenheiros, arquitetos, urbanistas e técnicos das diversas áreas da segurança concordam unanimemente: estamos vivendo o auge da insegurança urbana. Os problemas – e as tragédias nesse campo sensível dos núcleos urbanos – não se concentram e se tornam agudos apenas nas macrometrópoles; eles se espalham pelas cidades pequenas e médias, em doses menores ou em escala que provocam espanto internacional. Veja-se o caso da cidade de Santa Maria, esse polo universitário do Rio Grande do Sul, onde morreram mais de 240 pessoas, a maioria jovens estudantes”.
A partir da análise das causas que provocaram aquela tragédia, concordamos, eu e o professor Paulo Helene, que temas sobre segurança urbana e outros que se encontram na ordem do dia da engenharia brasileira, deveriam ser colocados numa mesa-redonda virtual para serem amplamente debatido. As questões suscitadas foram sumariadas no texto aqui publicado. Alguns dos nossos convidados para se sentarem à mesa responderam a algumas das indagações; outros responderam a todas elas. E o resultado são as contribuições que se seguem. (Nildo Carlos Oliveira)
As questões
1. A engenharia brasileira, contando com as possibilidades de modernas tecnologias e com a emulação provocada pela presença de empresas de engenharia estrangeiras,tem se desenvolvido neste começo de milênio?
2.Em que áreas mais se identifica o eventual desenvolvimento da engenharia brasileira?
3. A construção dos estádios de futebol para a Copa do Mundo mostrou que ela teve de importar projetos, soluções, materiais e sistemas do exterior. Em que medida isso a ajuda no processo de aquisição e transferência de know how?
4. A recorrência a normas estrangeiras não é um indicador de que as normas brasileiras se encontram defasadas para a engenharia do País e que há necessidade urgente de se reduzir esse descompasso?
5. Catástrofes naturais previsíveis pela engenharia (deslizamentos de encostas e enchentes); viadutos e pontes sem manutenção; transportes públicos deteriorados (vide trens da SPTM) e edifícios e casas de shows sem fiscalização (caso da boate Kiss em Santa Maria-RS) vêm exigindo maior responsabilidade da engenharia nesses campos. O que fazer a fim de que a engenharia brasileira se posicione com mais ousadia e assuma a responsabilidade de denunciar a situação acima descrita para não ficar como a vilã da história diante da negligência do poder público?
Fonte: Revista O Empreiteiro