Usina hidrelétrica Cachoeira Caldeirão pode gerar energia até um ano antes do previsto

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Gestão fina do cronograma da obra e rígido controle dos custos devem contribuir para que geradora antecipe de seis a 12 meses a entrada em operação de UHE no Pará de 219 MW de capacidade instalada

José Carlos Videira

A EDP Brasil, empresa do grupo português EDP, trabalha para antecipar de seis meses a um ano a entrada em operação da Usina Hidrelétrica (UHE) Cachoeira Caldeirão, em construção no Estado do Amapá, na Região Norte do País. Com capacidade de 219 MW, a usina pode começar a gerar energia elétrica já no início do próximo ano, em vez de janeiro de 2017, como previa o cronograma inicial. A previsão foi feita pelo presidente da EDP Energias Brasil, o engenheiro português Miguel Setas, durante apresentação dos resultados da companhia no segundo trimestre, no final de julho, em São Paulo.

A execução da obra de Cachoeira Caldeirão está em torno de 85%, informou Setas. “Temos um ano e meio para concluir os 15% restantes da obra”. Segundo ele, a empresa quer repetir a estratégia utilizada na UHE de Santo Antônio do Jari, com 373 MW de capacidade, na divisa dos Estados do Pará e Amapá. Em setembro do ano passado, três meses e meio antes do prazo, Jari já começou a entregar energia.

“Essa antecipação foi muito importante para nós, pois equivaleu a um ano de resultado dessa usina”, afirmou o presidente da EDP. Ele lembrou que, à época, o preço da energia estava em R$ 800 MW/h, bem próximo do teto do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), que era de R$ 882 MW/h.

Miguel Setas: Operador integrado com foco hidrotérmico

Outra UHE em construção pela EDP é a de São Manuel, no Estado do Mato Grosso. Com capacidade de 700 MW, a obra tem cerca de 15% de evolução física, de acordo com avaliação da EDP. “Estamos dentro do cronograma e com controle rigoroso dos gastos”, ressalta Setas. O início de operação da UHE São Manuel está previsto para maio de 2018. O executivo informa que essas são as duas grandes obras da companhia, atualmente, em andamento.

Batizada internamente na empresa de “compromisso com a execução”, o executivo destaca a estratégia que contribui para garantir a entrega das obras no prazo e até mesmo com tamanha antecedência. Uma tática da EDP para diminuir riscos e, consequentemente, eventuais atrasos na entrega de energia, é a escolha acertada do projeto. A opção, segundo Setas, é buscar projetos de geração de energia hídrica de média dimensão, abaixo de mil MW de capacidade instalada.

“Buscamos sempre projetos que estejam dentro da nossa escala de operação”, frisa. Segundo ele, a empresa, que gera e distribui energia para os Estados de São Paulo (Bandeirante) e Espírito Santo (Escelsa), nunca vai ser vista em projetos de hidrelétricas de grandes proporções, cujo potencial de riscos é igualmente elevado.

Com vistas a mitigar e diminuir possíveis problemas que possam afetar o cronograma e custos de um projeto, o presidente da EDP conta que a empresa, antes de iniciar qualquer empreendimento, faz uma avaliação profunda de todos os possíveis riscos envolvidos. “Temos em foco sempre os riscos ambientais, logísticos, e os que envolvem as relações com comunidades, entre outros fatores”, elenca. Dessa forma, segundo o executivo, “quando iniciamos a execução da obra, já sabemos, em detalhes, quase tudo o que vamos enfrentar”.

Outra providência adotada pela EDP que garante agilidade às suas obras, segundo Setas, é o modelo de gestão de obra que emprega. “Nosso planejamento e monitoramento da construção é diário e, com isso, conseguimos ajustar rapidamente toda e qualquer situação que implique aumento de custos adicional ou atraso no cronograma”, frisa. Nesse quesito, o executivo diz que a EDP adota uma gestão fina das empreiteiras contratadas para executar as obras para a companhia. “Essa providência ajuda a evitar eventuais imprevistos e acúmulo de custos não previstos.”

Hidrotérmico

Setas ressalta o posicionamento da EDP no mercado como “operador integrado, com foco hidrotérmico”. O executivo destaca que a empresa se especializou em duas tecnologias de geração: hídrica e térmica. “Preferimos o foco a nos dispersar em investimentos em múltiplas tecnologias de geração”, frisa.

Nesse sentido, o presidente da EDP disse que a empresa realizou, no segundo trimestre, três operações que convergem para esse foco. O primeiro grande negócio foi a aquisição, em maio, por R$ 300 milhões, dos 50% restantes que detinha do controle acionário da Usina Termelétrica Pecém I, no Ceará. “Por sua dimensão, Pecém passou a ser um dos principais ativos do grupo”, ressaltou Setas.

De acordo com o executivo, a termelétrica responde por 720,3 MW dos 2,7 GW de capacidade instalada da companhia. Além disso, Setas acrescenta que a incorporação de Pecém I trouxe ainda um impacto contábil considerável para o lucro da companhia ao longo do segundo trimestre.

Outro movimento de destaque realizado pela EDP no trimestre, e considerado estratégico por Setas, foi a venda da Pantanal Energética, distribuidora de energia elétrica do Mato Grosso do Sul. O presidente da empresa explica que os recursos obtidos com o negócio ajudaram na aquisição de Pecém I. “Vendemos 51 MW (capacidade instalada da Pantanal) de hídrica por R$ 390 milhões e compramos 360 MW (capacidade de geração de Pecém I) de térmica por R$ 300 milhões”, compara Setas.

Com duas pequenas centrais hidrelétricas, a UHE Mimoso e a PCH Paraíso, o executivo explicou que a Pantanal perdeu sinergia com as operações da EDP. “Quando saímos da Enersul, em 2009, essas usinas deixaram de fazer sentido para nós e ficaram perdidas no meio do Mato Grosso do Sul”. Segundo Setas, esse movimento serviu para otimizar o portfólio da companhia, e que, por sua vez, contribuiu para os resultados do trimestre.

Mais uma operação feita pela EDP, durante o período, foi a aquisição da APS Soluções, empresa que atua no mercado de eficiência energética. “Com isso ganhamos mais espaço nesse mercado, voltado para clientes industriais e comerciais”, sublinha o executivo. Setas lembra, no entanto, que a conclusão dessa operação, de R$ 27 milhões, ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e dos credores da APS.

Na avaliação do presidente da EDP, o mercado de eficiência energética está em pleno crescimento no Brasil. “É estimado em R$ 2 bilhões e deve atingir R$ 3 bilhões até 2018”, afirma. Segundo o executivo, essa ascensão se justifica muito pelo aumento das tarifas de energia nos últimos meses. E, por isso mesmo, as empresas demandam cada vez mais esse tipo de solução.

Resultados

Os resultados financeiros alcançados pela EDP Energias do Brasil no período de abril a junho deste ano foram positivos. A companhia, que comemora dez anos no mercado de capitais, teve lucro de R$ 744 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado representa crescimento de 305% sobre os R$ 184 milhões do lucro nos três primeiros meses de 2014. No semestre, o lucro acumula R$ 828 milhões, ou 192% sobre igual período do ano passado.

O EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) saltou 1.984% de abril a junho, chegando a R$ 1,222 bilhão, contra R$ 430 milhões no mesmo período de 2014. A aquisição dos 50% do controle remanescente da UTE Pecém I gerou impacto de R$ 885 milhões no EBITDA, ou cerca de 73% do total no período.

 

EDP BRASIL ENERGIA – Projetos

Em Construção

Localização

Capacidade Instalada

Previsão
de Operação

UHE Cachoeira Caldeirão

Amapá

219 MW

Janeiro
de 2017

UHE São Manoel

Mato Grosso

700 MW

Maio
de 2018

Fonte: E

Fonte: Revista O Empreiteiro


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