Após um curto período fora do mercado de locação de plataformas, a Mills resolveu recriar a divisão Mills Rental, que há 10 anos introduziu as plataformas JLG no Brasil. Nesse retorno ao mercado, ela investiu R$ 22 milhões em 200 equipamentos, maior aquisição em valor de equipamentos JLG já realizada na América Latina, segundo Ramon Vazquez, diretor daquela divisão. Ele disse que a meta é alcançar o crescimento de 50% até 2010, prevendo a aquisição de mais R$ 12 milhões em equipamentos, num total de 110 plataformas.
O mercado nacional ainda está engatinhando nesse segmento em comparação com o mercado norte-americano, que funciona há mais de 35 anos. Em 2005, as 142 mil plataformas em operação nos EUA representavam receita de US$ 1,2 bilhão. No Brasil, em 2006, 2 mil plataformas representaram R$ 35 milhões de receita, informa Vazques.
E o mercado deverá melhorar muito, em razão do aquecimento na área industrial e da construção: “Entre 1987 e 2007, o Brasil importou 4000 plataformas, mas estimativas realizadas dentre locadores e fabricantes indicam a entrada de mais 1300 equipamentos no País, em 2008, representando um crescimento de 30% de tudo o que foi adquirido em 10 anos”, diz Vazquez. O fenômeno não é apenas brasileiro, diz ele. “A JLG já vendeu toda a sua produção de 2008”.
Afora o estímulo provocado pela regulamentação da NR18, o mercado é alavancado por obras de grande porte que exigem equipamentos para trabalhos em alturas elevadas. A Mills possui 15 equipamentos com capacidade para operação a 43 m de altura e já solicitou mais 6 unidades. A empresa forneceu equipamentos para a obra da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e para expansão da Barra Mansa. Além disso prevê fornecimento para as obras da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e expansão da fábrica da Pegeout/Citroen, todos no Rio de Janeiro.
Os principais concorrentes das plataformas ainda são os andaimes e os guindastes, mas esse cenário começa a mudar com a NR18. Segundo Ramon Vazquez, as plataformas são mais indicadas para trabalhos já a partir de 4 m de altura, tais como execução de instalações no teto, em que os equipamentos permitem melhor movimentação com maior segurança. Há cinco anos, o segmento industrial concentrava 70% dos equipamentos, atualmente já existe um equilíbrio em relação à construção (50%). “Mas a tendência é a construção demandar 60% dos equipamentos”, informou ele.
Pioneirismo
Em 1997, após a participação em uma feira internacional, Vazquez, que já trabalha na Mills há 20 anos, lançou a idéia de comercializar as plataformas elevadas no Brail. Na época, isso era ainda novidade no mercado nacional. “Fizemos uma joint-venture com a JLG e começamos a trazer as plataformas para o Brasil”, lembra.
‘Em 2001, a JLG resolveu sair da sociedade e a Mills Rental buscou uma parceria argentina, que em 2003, acabaria adquirindo o controle total da unidade, modificando o nome da empresa. Com a entrada de dois novos sócios no grupo Mills, que vendeu 20% do capital para os fundos de investimento “Profissional” e “Axxon” ressurgiu o interesse em voltar a atuar no segmento de plataformas. Então se partiu para a recriação da Mills Rental.
Ramon Vazquez acha que o mercado brasileiro deve reagir à NR18, assim como ocorreu na Espanha há 20 anos, quando uma lei regulamentou e estimulou o uso das plataformas incentivando o crescimento e o desenvolvimento tecnológico dos equipamentos. Dentre as 50 maiores empresas do segmento, cinco são espanholas, informa ele. A seu ver, a regulamentação da norma provoca uma conscientização no mercado e sinaliza com penalidades para quem não atender aos requisitos. As grandes construtoras têm maior facilidade para assimilá-la, o que acaba sendo seguido pelas médias e pequenas construtoras.
Fonte: Estadão