Will Hutton alerta que China precisa do mundo e vice-versa

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A Larousse do Brasil publicou em julho de 2008 o livro do jornalista britânico Will Hutton, com o titulo "O aviso na muralha. A China e o Ocidente no Século XXI", com tradução de Roberson Melo. Hutton disseca em pouco mais de 400 páginas o histórico das relações entre esse país e o mundo ocidental, desde o tempo do "Império do Centro", quando este estava na dianteira em termos políticos, econômicos e tecnológicos, passando por sua decadência no período no qual é superado pelas nações do Ocidente, o advento da república chinesa que não consegue superar as contradições herdadas do império e abre espaço para a chegada do regime comunista liderado por Mao Zedong.
O livro traz importantes subsídios para quem quer entender a quase histeria dos países ocidentais contra a invasão dos produtos chineses, a dita "transferência de empregos e fábricas" para o continente asiático, a quantidade crescente de engenheiros e pesquisadores formados nas universidades da China – comparada aos números estáveis nos Estados Unidos e Europa, o avanço das empresas estatais desse país em setores estratégicos como petróleo, mineração e tecnologia espacial. Paradoxalmente, a China é um dos grandes financiadores do déficit americano e seus produtos lhe granjearam o mérito de "reduzir" a infl ação dos mercados "invadidos".
Hutton esclarece que a humilhação sofrida pelo império chinês em decadência frente aos países europeus no fi nal do século XIX está na raiz do postura vista como arrogante da China nos fóruns globais atuais– ciente da força da sua economia, mas omisso em questões cruciais como o aquecimento global e direitos humanos.
O autor compila fatos e números para provar que é improvável que a China continue expandindo no ritmo atual suas exportações nos anos vindouros, porque "não haveria capacidade de absorção nos mercados clientes, nem vontade política nesses países para aceitar o desequilíbrio tamanho nas trocas comerciais". Como a expansão econômica é a única saída do regime comunista para atenuar as tensões sociais na imensa população rural, Hutton adianta que a queda no crescimento vai colocar o governo chinês num dilema crucial – dar mais liberdade política aos cidadãos e consequentemente, às empresas, incluindo questões sacrossantas como a propriedade privada da terra no campo e a perda do controle absoluto do partido comunista sobre a sociedade ou enfrentar o recrudescimento dos protestos populares que fazem parte da cultura secular chinesa.
O jornalista Will Hutton aponta que esse dilema do governo chinês é uma oportunidade para o Ocidente arquitetar um novo relacionamento com a China, de colaboração multilateral. Porém é preciso usar de muita diplomacia para que o regime comunista não se feche num neonacionalismo, endurecendo as repressões aos protestos populares e reeditando a postura de isolacionismo adotada ao final do império chinês. Ele lembra que as economias ocidentais não têm como dispensar um mercado do tamanho da China, colocando em risco a prosperidade dos seus próprios cidadãos.

Nota da Redação – Mais informações sobre o livro de Will Hutton, "O Aviso na Muralha. A China e o Ocidente no Século XXI", com Larousse do Brasil, www.larousse.com.br, e-mail info@larousse.com.br. À venda nas livrarias.


Fonte: Estadão


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