Participaram do encontro técnicos da Secretaria de Mudanças Climáticas/MMA, do Ministério do Minas e Energia (parceiro da iniciativa) e de outros setores do governo e agentes internacionais. Com apoio do Ministério Alemão de Meio Ambiente, Proteção Ambiental e Segurança Nuclear, por meio da Cooperação Técnica Alemã (GTZ), a oficina teve como finalidade compartilhar as experiências dos diversos agentes que atuam na área, de modo a incrementar a utilização do aquecedor solar no mercado nacional de maneira ampla e eficiente, reduzindo seus custos de instalação.
A viabilização de um programa de incentivo da energia solar térmica poderá auxiliar na implementação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que prevê o uso de aquecimento solar de água para mitigação dos efeitos climáticos. A energia solar é superior a qualquer outra forma de captação de energia convencional por tratar-se de uma fonte totalmente natural, ecológica, gratuita, inesgotável e que não agride o meio ambiente.
A meta audaciosa é que todas as quinhentas mil casas populares a serem construídas pelo Governo Federal até 2010 tenham sistemas de aquecimento solar de água. O plano coincide com a recém-anunciada decisão do governo de São Paulo de adotar a mesma alternativa em 15 mil residências que serão entregues até o final deste ano. Uma vez concluídos, serão os maiores projetos do gênero em todo o planeta.
Uma vez adotada, a tecnologia ainda permite diminuir a pressão sobre a demanda de eletricidade nos horários de pico das 19 às 21 horas, período no qual mais de 20% da energia produzida no País é utilizada apenas para o funcionamento dos chuveiros elétricos.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a implantação do sistema nas 500 mil unidades previstas equivale a uma economia de 540 megawatts (MW). Um megawatt é suficiente para abastecer cerca de 700 residências. Por tabela, o governo pouparia mais de R$ 1,5 bilhão em investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia.
Além disso, o País deixará de emitir 830 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, oriundas tanto da construção de hidroelétricas como das termoelétricas, que emitem na atmosfera grande quantidade de CO2 ¬ um dos gases responsáveis pelo desequilíbrio climático.
"Em dois anos, talvez menos, o investimento se paga", avaliou o ministro Carlos Minc (MMA), assinalando, ainda, que na maioria das habitações populares o custo de implantação do equipamento equivale a menos de 5% do valor do imóvel.
De acordo com a coordenadora da área de energia e meio ambiente da Secretaria de Mudanças Climáticas do MMA, Vânia de Araújo Soares, o número de moradias que terá aquecimento solar de água dependerá de uma avaliação regional.
"No Nordeste, por exemplo, as pessoas não usam chuveiro elétrico, elas tomam banho frio. Essa regionalização é que vai definir o número de casas que contará com o equipamento", explicou.
O aquecimento solar de água, juntamente com o reaproveitamento da chuva para fins não potáveis, são duas das mais acessíveis tecnologias sustentáveis em disponibilidade hoje, principalmente para países como o Brasil, que possui um dos maiores índices solarimétricos e pluviométricos do mundo.
O sistema mais comum utilizado em residências é composto pelas placas coletoras, reservatório e tubulações. As placas absorvem o calor, que é transferido para a água que circula dentro de serpentinas de cobre. Aquecida, ela é direcionada para o reservatório térmico (boiler), um cilindro isolado termicamente, que conserva a água aquecida. A economia de energia é dada pelo seguinte exemplo: se o aquecimento de água representar 30% do consumo de eletricidade de uma casa, e o sistema solar fornece 80% da energia para aquecer a água, então a economia na conta de luz é de no mínimo 25%.
Fonte: Estadão
