Conduto escavado de 62 km reduz enchentes na Cidade do México

A capital mexicana, onde moram mais de 22 milhões de pessoas, não consegue lidar faz tempo com as fortes chuvas que provocam inundações em quase toda a cidade. Além do mais, a maior parte do esgoto na localidade não recebe tratamento e é despejada nos rios que deságuam no mar.

Porém, ao norte da capital, está em obras o Túnel Emissor Oriente, de 62 km de extensão, que vai captar até 150 m³/s de água drenada e esgoto da Cidade do México. Quando entrar em serviço em toda sua extensão, em 2018, a expectativa é de que venha pôr fim às inundações na capital e dar tratamento aos resíduos líquidos.

O projeto está sendo realizado pela Comissão Nacional de Água do México, a Conagua, que também é responsável pela gestão do túnel. O custo estimado da iniciativa é de US$ 1,18 bilhão. Os trabalhos de construção da estrutura começaram em agosto de 2008.

As águas residuais da capital mexicana são comumente transferidas para o Túnel Emissor Central de 68 km, construído há algumas décadas. Porém, com o tempo, o túnel teve sua capacidade superada pelo enorme quantidade de águas residuais e de chuva que flui em sua direção. Por conta disso, deu-se o projeto de se construir o Túnel Emissor Oriente.

O túnel tem seu traçado a partir da Cidade do México em direção ao Estado vizinho de Hidalgo, onde várias estações de tratamento estão em construção, sendo a principal a de Atotonilco.

A ETE de Atotonilco vai converter 60% dessa vazão de água negra para cinza, à razão de 50 m³/s, suficiente para irrigar 80 mil ha de terra na região. Já a lama do esgoto vai seguir para uma planta de biogás, com capacidade de suprir 60% da energia consumida na ETE.

O Túnel Emissor Oriente está sendo construído com diâmetro de 8,7 m na escavação, sendo que o diâmetro final será de 7 m na seção revestida. Escavado a 200 m abaixo do nível da superfície, ele fará a captação de três distritos urbanos diferentes da cidade. O túnel terá 24 dutos de entrada, medindo entre 12 m e 20 m de diâmetro, em várias profundidades entre 30 m e 150 m.

A construção do túnel foi dividida em seis seções de 10 km cada. A perfuração do túnel está sendo realizada por meio de seis TBMs (Tunnel Boring Machines) fornecidos pela Herrenknecht e Robbins. O contrato de construção das seções 1, 2 e 6 do túnel foi concedido à Ingenieros Civiles Asociados. As seções 3, 4 e 5 foram contratadas junto à Carso Infraestructura y Construccion.

No total, 10 km do Túnel Emissor Oriente já estão operando, com estações de bombeamento conectadas à rede existente de esgotos. As bombas são protegidas por peneiras automatizadas, as quais são instaladas em poços de 30 m a 50 m de profundidade que interceptam o fluxo do esgoto.

As peneiras possuem filas de barras de aço inoxidável, medindo de 4 m a 6 m, que formam uma barreira para reter todo tipo de detrito sólido (sapatos, garrafas PET, roupas, pneus e até bicicletas) e que destruiriam as bombas a jusante.

Para evitar que os detritos acabem bloqueando o fluxo de água, sensores monitoram o nível da água antes e depois das peneiras, acionando, quando necessário, uma caçamba de mandíbulas que desce por um monotrilho para remover o material retido, que segue por correia transportadora para uma série de contêineres de descarta de resíduos.

Recentemente, foi instalado o maior desses sistemas automatizados de peneiras na estação de bombeamento El Caracol, onde o poço tem 50 m de profundidade.
 

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