Sim, vamos de barco. Está comprovado que em algumas áreas paulistanas, nesses tempos em que chegam a ser registrados 360,3 mm de chuva, contra uma média, para o mês de janeiro, de 239 mm, outro meio de transporte seria impraticável.
O sistema é adotado costumeiramente no Jardim Romano, onde são usadas até carcaças de automóveis na falta dos barcos convencionais. E, estende-se a outras regiões, podendo deixar de ser eventual na praça da Bandeira, no túnel do Anhangabaú, ao longo das marginais Tietê e Pinheiros, em Santa Cecília e até em bairros onde, antes, dava-se de ombro para chuvas intensas.
Não se pode negligenciar a prevenção. Quem precise passar pelos túneis Tribunal de Justiça, Ayrton Senna, Max Feffer e outros mais, não deve dispensar um barco pequeno, conquanto eficiente, como acessório. Caso contrário, corre o risco de afogamento.
As rodovias, na reta de chegada à Capital, são armadilhas perigosas. Castello Branco, Raposo Tavares, Dutra, Fernão Dias, Régis Bittencourt. O governo ou as concessionárias que as assumiram, possivelmente não tenham culpa. Afinal, chuva é chuva. Mas, construir uma rodovia – ou mantê-la – e se esquecer de que as pistas não podem ficar empoçadas, pois um mínimo de drenagem evitaria tragédias – é abusar da paciência e da capacidade de raciocínio do usuário esbulhado pelos impostos e pelos pedágios.
O barco pode ser o meio menos dispendioso não somente nos baixios, mas naquelas áreas, urbanizadas, roubadas ao traçado dos meandros dos rios paulistanos e naquelas planas, onde, antes, as enchentes são se tornavam tão frequentes.
O prezado Maurício de Souza, que precisou ser resgatado, com o filho, na zona oeste, disse que, há algum tempo, quando chovia, ainda dava para correr; hoje, não há mais como correr para lado nenhum e teme circular pelas áreas planas, em dias de chuva.
Não demora muito, e virá a proposta para a construção de teleférico entre um bairro e outro ou entre um espigão e outro. Tecnologia para esse fim está disponível. Em setembro próximo, por exemplo, será inaugurado o teleférico que será utilizado pela população dos morros da Baiana, Adeus, Alemão, Itararé, Cruzeiro e Fazendinha, no Rio de Janeiro.
Se não há solução por terra, para escapar das enchentes, é justo imaginar que talvez a solução possa vir pelo alto, na forma do sistema que o engenheiro francês Benjamin Dunesme está aplicando naqueles morros cariocas, embora com outra finalidade. Mas, enquanto aquela ou outra solução não vem, continuemos a ir de barco. É seguro.
Fonte: Estadão