A água dessalinizada que vem de longe

Ela percorre cerca de 1.100 km até chegarao consumidor em Pequim

Tianjin, perto de Pequim, é um polo industrial que tem status de província em termos de autonomia administrativa e uma das zonas de maior crescimento econômico na China. Lá também fica a planta de energia e dessalinização de Beijiang junto à costa, que produz eletricidade desde 2009 e se tornou, a partir de 2010, a maior instalação do gênero para fornecimento de água a uma rede municipal.

Como a maior parte das demais cidades do norte do país, Tianjin tem poucas fontes de água-doce — a média local de recurso hídrico por pessoa é de apenas 7% da média chinesa. O país vem expandindo o uso da dessalinização, a despeito do seu custo elevado, prevendo-se produzir 2,6 milhões m³ de água, com esse processo, até por volta de 2015, quando duplicará o volume atualmente disponível. Os investimentos totais na planta atingiram US$ 4 bilhões.

A planta de Beijiang emprega tecnologia israelense e o governo espera dispor de processos locais dentro de alguns anos. Terão custo mais competitivo, segundo a estatal SDIC, que opera a instalação. O governo deve também deve mexer nas tarifas da água, mantidas abaixo dos preços de mercado por motivos políticos. Com isso, dentro de alguns anos, aquela planta deve começar a ter lucro, alcançando, já em 2014, a capacidade de 200 mil m³/dia. O metro cúbico custa em torno de US$ 1,30 para produzir, ainda acima da tarifa cobrada de usuários industriais, sendo 60% superior, hoje, às tarifas pagas pelos usuários domésticos. Quando alcançar a nova capacidade, a planta deverá enviar parte da água para a capital Pequim.

O processo de dessalinização utiliza energia intensiva, que na China é gerada via queima de carvão, um processo altamente poluente, a despeito da tecnologia sofisticada usada na planta de Beijiang para reter o material particulado.

Transposição das águas dos riosIangtsé e Amarelo

Em meados deste ano, o primeiro dos três projetos de transposição d’água do rio Iangtsé para o norte do país vai começar a operar, a título experimental. A rota oriental de 1.100 km de extensão acumulou anos de atraso na execução e vai abastecer as províncias de Xandong, Jiangsu e Anhui na primeira etapa.

Tianjin receberá água do Iangtsé por volta de 2014, quando a rota intermediária estiver concluída, com atraso de alguns anos. Um dos problemas recorrentes consiste na realocação de 300 mil habitantes da região atravessada pelos canais de transposição. Mesmo quando receber pela rede de canalização 1 bilhão de m³ anuais d’água, a cidade ainda terá um déficit de 600 mil m³/ano.

Os três canais já consumiram até hoje o valor astronômico de US$ 34 bilhões, e as obras ainda não terminaram. O custo dessa água está em torno de US$ 1,50 o m³, pouco acima da água produzida por dessalinização na planta de Beijiang. O desvio d’água do sul para o norte, entretanto, pode agravar os problemas locais de seca na bacia do Iangtsé, em cujo curso está a barragem de Três Gargantas.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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