ONordeste inteiro não é mais aquele, que apenas tinha praias e outros recantos bucólicos ou exóticos para oferecer, a fim de alimentar a indústria do turismo.
Ele prosperou em todas as áreas de atividades e, hoje, o perfil regional sobressai no mapa econômico. Em alguns aspectos, o ritmo do crescimento da região é superior ao da média nacional.
Também não é mais o Nordeste que precisou da força da antiga Sudene para canalizar e destinar recursos para o processo de industrialização, dentro de um modelo planejado sem o qual não saberia para onde ir.
Hoje, os portos da região estão se modernizando e se aparelhando para atendimento das demandas futuras. E, em seu entorno, expandem-se polos industriais diversificados. Eles ocupam, de tal modo, a mão de obra local, que se faz necessário um grande movimento empresarial para mobilizar, até lá, recursos humanos de outras regiões e até de outros países.
Lamentavelmente, muito desse esforço em favor da industrialização não recebe a contrapartida adequada do ponto de vista de obras de infraestrutura. Nessa área, conforme o estudo Nordeste Competitivo, recentemente divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele precisaria investir recursos da ordem de R$ 25,8 bilhões, nos próximos oito anos, para garantir o escoamento das riquezas ali produzidas.
As arenas esportivas acenaram como a maior oportunidade para que grandes projetos de mobilidade urbana fossem retirados das gavetas da burocracia e colocados em execução.
Contudo, mesmo com estádios inaugurados, muitas das obras de transporte de massa – mesmo aquelas inseridas no Programa de Aceleração do Crescimento – não vêm tendo andamento no ritmo aguardado. Algumas, como o metrô de Salvador, iniciado há 13 anos e que até agora só tem 6 km construídos, ajudam a mostrar o quadro de ineficiência que historicamente tem marcado administrações municipais, estaduais e federal. A transposição do rio São Francisco é outra aberração dessa ordem.
O Nordeste deixou há muito tempo de ser um modelo para boa literatura nacional e está se tornando um modelo para uma economia competitiva, com forte atuação dos empreendedores privados. E continuará assim, desde que os gargalos da infraestrutura não comprometam a sua caminhada.
(Nildo Carlos Oliveira)
Fonte: Revista O Empreiteiro