A hora dos ajustes

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Passadas as eleições, a realidade se encarrega de botar ordem na casa. É necessário fazer os ajustes, examinar as promessas e deixar que as eventuais irresponsabilidades cedam lugar à racionalidade do chão.

O dinheiro é finito e não pode alimentar a esbórnia. Lastimavelmente, quando a realidade se impõe, os ajustes são praticados contra quem menos merece o sacrifício da corda no pescoço.

Surpreendentemente, a eleita se posiciona contra a famigerada CPMF, aquela contribuição que se dizia ser para a saúde, e que acabava servindo a outros propósitos. De qualquer modo, era a forma mais maquiavelicamente urdida para esbulhar o contribuinte. No fundo, era um imposto em cascata. Necessário registrar, no entanto, que a posição da eleita revela alguma ambigüidade, ao dizer que está aberta à discussão do assunto.

A realidade vai se impor, também, na área internacional. Não há como cerrar a boca diante da barbaridade da condenação à morte de Sakineh Ashtiani, seja por apedrejamento ou enforcamento ou por quaisquer outros meios, sob a acusação de que ela praticou o adultério.

Palocci na Casa Civil? O homem de Ribeirão Preto está de volta. Mas os ajustes da realidade não podem mascarar-lhe o passado recente.

Nessas reflexões, um espaço para as doações de campanha pelas empreiteiras. É muito dinheiro doado para os políticos fazerem a política que fazem.

Todas as empreiteiras doadoras aumentaram substancialmente as contribuições. A Camargo Corrêa diz que as doações para as campanhas eleitorais são realizadas em respeito à legislação em vigor. Ninguém nega isso. Contudo, cabe ressaltar aquela letrinha do samba de Ataulfo Alves: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”.

Toda promessa tem seu reverso. Obama literalmente caiu do cavalo porque disse que ia fazer o que a realidade não o deixa fazer.

Fonte: Estadão


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