O evento da divulgação e premiação das empresas do Ranking da Engenharia Brasileira reviveu um momento histórico considerado único, com a homenagem prestada a cinco personalidades: Jaime Rotstein, Júlio Capobianco, Maurício Roscoe, Newton Cavalieri e Luiz Roberto Andrade Ponte
Ahistória da engenharia brasileira ganhou um novo capítulo dia 21 deste mês (agosto) com a cerimônia, realizada em São Paulo (SP), que reuniu mais de 500 empresários e lideranças setoriais. Foram homenageadas as empresas que se colocaram, por mérito de faturamento, ao longo de 2011, no primeiro lugar do ranking e aquelas que estavam ali representando as regiões geográficas em que a expansão econômica tem gerado forte demanda e exigido urgentes obras de infraestrutura.
No discurso em que manifestou a satisfação pela realização de mais um “encontro nacional da engenharia brasileira”, o diretor editorial da revista O Empreiteiro, Joseph Young, situou a realidade nacional dentro da economia globalizada e falou do impacto que esta vem produzindo nos grandes centros urbanos.
Segundo ele, a nova realidade tem exigido que a engenharia e a arquitetura, aliadas a uma possível e inovadora visão de administração pública, sejam repensadas para resolver os problemas de mobilidade urbana, habitação, saúde e saneamento das macrometrópoles. Ele fez essas referências com base na entrevista que o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim concedeu à edição 510 da revista O Empreiteiro, quando expôs o pensamento segundo o qual a nova economia vem provocando mudanças na maneira de estudar, organizar e administrar as grandes cidades.
Joseph Young aludiu também ao potencial da engenharia, que não vem sendo utilizado “em toda a sua plenitude, em favor das soluções dos problemas das macrometrópoles, ou em favor das obras de infraestrutura”.
Mencionou as obras do PAC 1 e do PAC 2, a maior parte delas ainda inconclusa, e disse que, apesar disso, o governo já lançou outro programa – o Programa de Investimentos em Logística, a ser cumprido num prazo de 30 anos. Seriam aplicados R$ 133 bilhões na duplicação de mais de 7 mil km de rodovias e na construção de 10 mil km de ferrovias. O pacote acena com uma série de concessões para ampliar e atualizar as operações de portos e aeroportos.
Joseph Young disse que a engenharia precisa analisar esse programa com os pés no chão, pois sem marcos regulatórios consistentes, o governo terá dificuldade em atrair recursos privados para realizá-lo. Referiu-se, finalmente, ao trem de alta velocidade que, por ora, apesar do esforço governamental para conferir-lhe contornos de viabilidade, ainda não tem um projeto definitivo e detalhado.
Cinco personalidades
A sessão de homenagens foi um dos momentos mais importantes da cerimônia de premiação. Esta consistiu na entrega de um diploma que ganhou o nome do engenheiro Bernardo Sayão. Sayão, um carioca nascido no bairro da Tijuca, ganhou notoriedade pela ousadia do trabalho que realizou em favor da interiorização do Brasil. Convocado pelo presidente Juscelino Kubitschek, construiu a rodovia Transbrasiliana, a chamada Belém-Brasília, e faleceu aos 57 anos, quando estava prestes a concluir essa obra de quase 3 mil km de extensão.
Receberam o diploma cinco personalidades da engenharia que se distinguiram pela dedicação com que desenvolveram as atividades da construção e da engenharia. São elas:
Jaime Rotstein. Fundador da Sondotécnica em 1954 e um dos criadores da Associação Brasileira de Engenharia e Saneamento, mais tarde transformada em Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES). Foi, ao lado de outros engenheiros, defensor do uso intensivo do álcool combustível. Por isso, recebeu, do Instituto de Engenharia de São Paulo, o título de Patrono do Álcool Carburante. Ao agradecer o recebimento do diploma Bernardo Sayão, ele fez, na prática, uma profissão de fé na engenharia, ressaltando a importância das obras que ela tem realizado para garantir o desenvolvimento do País.
Júlio Capobianco. Engenheiro formado pela Escola Politécnica da USP em 1945, dedicado à elaboração de projetos de estruturas e presidente, desde a fundação, em 1944, da empresa Construcap. Fundou o Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade da Construção, o ITQC, que presidiu, desde 1992. Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo, o Sinduscon/SP, no período de 1983 a 1992, e presidiu e fundou outras instituições voltadas para a melhoria da qualidade da engenharia e de seus profissionais. Em seu agradecimento, Júlio Capobianco falou do perfil do empreiteiro de obras públicas, dizendo que, ao longo de sua trajetória de engenheiro, sempre se identificou com esse profissional. Lastimavelmente, por conta de ações que não lhe dizem respeito, o nome empreiteiro acabou adquirindo uma conotação pejorativa, que ele não merece.
Maurício Roscoe. Nasceu em Belo Horizonte. Criou e desenvolveu empresa que chegou a ter 6 mil colaboradores. Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e integrantes de outras entidades empresariais da construção. Tem-se dedicado a pesquisas e elaboração de textos sobre comportamento e ciências humanas. Em seu agradecimento ele disse que as patologias existem e precisam ser sanadas com trabalho, competência e visão sistêmica, para que a economia cresça num melhor ritmo em benefício de todos. Elas serão sanadas “à medida que procurarmos prestigiar e participar das entidades de classe. E estas busquem, em diálogo e colaboração com outros setores da sociedade, soluções mais sistêmicas e globais para os gargalos ainda existentes”. E salientou: “Que busquem a estratégica visão de síntese e não fragmentadas visões parciais que hoje engessam e perturbam o bom dinamismo necessário à economia e à modernidade dos tempos, que são tempos de evolução e de muito o que construir!”
Newton Cavalieri. Mineiro de Itabirito e Cidadão Paulistano por opção e por título que lhe foi concedido pela Câmara Municipal de São Paulo. Trabalhou nas obras de fortificação da baía de Guanabara. Em 1968, com um grupo de colegas, transformou em sindicato a Associação Profissional da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de S&at
ilde;o Paulo. Foi representante setorial da construção pesada na Fiesp, entidade da qual passou a integrar a Diretoria de Infraestrutura. Ele lembrou o tempo de liderança setorial, dizendo que todas as suas atividades se inspiraram na necessidade do fortalecimento da engenharia.
Luiz Roberto Andrade Ponte. Empresário cearense, com empresa de engenharia no Rio Grande do Sul. Dirigiu a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) de 1984 a 1987, quando se licenciou para voltar à presidência da entidade em 1997, sendo reempossado para a gestão 1999-2001 e para a gestão seguinte, de 2001 a 2003. Nesse longo período de atividades teve importante participação na vida política do País. Eleito deputado federal por dois mandatos, foi líder do governo na Câmara dos Deputados de abril a dezembro de 1989. E marcou profundamente sua vida de líder setorial com a Carta de Belo Horizonte, que denunciava a corrupção no País nos primeiros anos da década de 1990.
A direção da revista salientou que entre os vários engenheiros que gostaria também de estar homenageando – e que certamente estariam sendo homenageados por intermédio daquele ato público – daria destaque ao nome do engenheiro Orfila Lima dos Santos pelo muito que ele fez em favor do desenvolvimento da Petrobras. Seu nome foi lembrado numa sugestão do engenheiro José Luiz do Lago, que integra os nomes da Associação Brasileira da Engenharia Industrial (Abemi).
Azevedo & Travassos. Na sessão de premiação foi aberto um parêntesis para homenagear a empresa Azevedo & Travassos, que está completando 90 anos de atividades. Com sua base fincada em São Paulo, ela tem realizado importantes obras de infraestrutura em todo o País e vem se diversificando, mas de modo a manter, ao longo desse período, o critério de qualidade que a tem caracterizado.
União da engenharia é invocada
No encerramento da cerimônia, o engenheiro Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, invocou a necessidade da união da engenharia para vencer obstáculos. Lembrou o bordão popular da época da ditadura – “O povo unido jamais será vencido” – salientando que “precisamos trabalhar para resgatar os mecanismos de incentivo para financiar a nossa engenharia”.
Ele destacou que a política industrial brasileira não pode se esquecer do “desenvolvimento da engenharia” e condenou a abertura indiscriminada do mercado brasileiro aos produtos e serviços estrangeiros, o que fragiliza a participação da empresa brasileira. Condenou também os processos de desestatizações e concessões, sem cláusulas que priorizem a participação da engenharia nacional “nas futuras contratações”.
As empresas diplomadas
O evento de premiação das empresas que se destacaram na 41ª edição do Ranking da Engenharia Brasileira, publicado pela revista O Empreiteiro, abrangeu os segmentos de Construção, Montagem Mecânica e Elétrica Industrial, Projetos e Consultoria e Serviços Especiais de Engenharia. As empresas diplomadas este ano representaram a relevância de suas respectivas regiões geográficas, em que a expansão econômica tem gerado forte demanda de obras de infraestrutura. A partir da página 38 o leitor poderá conhecer um pouco mais sobre a história de sucesso dessas empresas e os seus principais projetos executados. Na cerimônia, as empresas que se posicionaram no primeiro lugar nos quatro segmentos do Ranking da Engenharia Brasileira também foram diplomadas.
Assim, as empresas premiadas no evento de divulgação do Ranking da Engenharia Brasileira por segmento foram as seguintes:
Construção – Construtora Norberto Odebrecht (1º lugar no segmento), Direcional Engenharia, Techint Engenharia e Construção, Construtora Barbosa Mello, Paranasa Engenharia e Comércio, EMSA – Empresa Sul-Americana de Montagens, CESBE Engenharia e Empreendimentos, Construtora Andrade Mendonça, Dan-Hebert Engenharia e Civilport Engenharia.
Montagem Mecânica e Elétrica Industrial – UTC Engenharia (1º lugar no segmento), Niplan Engenharia, MIP Engenharia, Temon – Técnica de Montagens e Construções, Tabocas Participações e Empreendimentos e EBE – Empresa Brasileira de Engenharia.
Projetos e Consultoria – Engevix (1º lugar no segmento), Pöyry Brasil, Guimar Engenharia, Intertechne Consultores, SEI Engenharia, PCE Engenharia, Maia Melo Engenharia e Qualidados Engenharia.
Serviços Especiais de Engenharia – Telemont (1º lugar no segmento), Brafer Construções Metálicas, Premo Construções e Empreendimentos, Geomecânica e Acoplation Andaimes.
As seguintes entidades apoiaram a realização do evento: SINICON – Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada, SINAENCO – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, ABEMI – Associação Brasileira de Engenharia Industrial, CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção, ANEOR – Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias, SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil em SP, BA, CE, DF, PE e MG, SINICESP – Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo, ABRATT – Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva, AEERJ – Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro, SICEPOT – Sindicato da Indústria de Construção Pesada em MG, PR e RS, APEOP – Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas, Instituto de Engenharia de São Paulo, Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, ABMS – Associação Brasileira de Mecânica de Solos, ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, ABCON – Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto, ABDIB – Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base, SECOVI – Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis de São Paulo, FIABCI Brasil – Capítulo Brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias de SP e RJ, e ADEMI – Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da BA e PE.
A solenidade de premiação das companhias que se destacaram no Ranking da Engenharia Brasileira foi patrocinadapelas seguintes empresas:
John Deere Brasil – Construction
Arezza
Gerdau Aços Brasil
Grupo Pottencial
Solaris
Fonte: Padrão