Há problemas à vista, que a atual administração federal não resolveu e que deverá merecer a atenção do novo governo a instalar-se em Brasília no dia 1º de janeiro próximo. O recente Construbusiness, evento do conjunto da cadeia produtiva da construção, realizado em São Paulo, mostrou que gargalos antigos, e muito graves, ainda persistem.
Resumidamente, o que se observa é que há a necessidade de projetos completos, com planejamento integrado, para resolver as questões dos modais de transporte; a insegurança jurídica ainda paira sobre os contratos públicos e nos contratos na modalidade PPPs; há falta de um tratamento mais uniforme e até transparente para os estudos, licenciamentos e gerenciamento de obras; continua a haver choque de gestão pública em obras, como resultado da falta de capacitação do pessoal dos órgãos governamentais para o volume de demanda; há nitidamente problemas financeiros e de gestão em empresas estaduais e municipais de saneamento, e prossegue a indefinição regulatória nas áreas aeroportuária e portuária.
Paralelamente a essa constatação, falta a presença do Estado no planejamento das cidades que, conforme o último Censo do IBGE, se encontram mais infladas e com maiores carências pelo processo da excessiva urbanização. A decorrência disso é a insegurança generalizada e a explosão desses bolsões de pobreza e de violência naqueles locais, sobretudo comunidades cariocas, onde o Estado chega com dezenas de anos de atraso, quando chega. E, aí, já é tarde demais.
No outro polo, deixando de investir em planejamento, obras e no futuro do País, o governo acaba marginalizando segmentos que poderiam ajudá-lo nesse processo. Referimo-nos, em especial, a recorrer à Engenharia Brasileira em termos de gestão, visão de logística e meios para proporcionar soluções técnicas na execução macroprogramas de obras exemplares. Nesta edição da revista O Empreiteiro, que elege as Empresas de Engenharia do Ano, reafirmamos esse ponto de vista ao enfocar as empresas eleitas. São elas:
Galvão Engenharia. Presidida por Jean Luscher Castro, esta empresa tem apenas 14 anos de atividades. Mas, já se capacitou para atuar em praticamente todos os segmentos da infraestrutura. Participa de obras rodoviárias, ferroviárias, de petróleo e gás, de irrigação e de abastecimento, não se limitando a ser apenas mais uma empresa executora de obras de engenharia. Participa da primeira PPP na área do saneamento para ampliação do Sistema Alto Tietê, em São Paulo, e mira outros mercados, na América Latina e na África.
Engevix. Presidida por Cristiano Kok, ela vem há alguns anos consolidando forte liderança como projetista e gerenciadora. Tem expandido sua participação como investidora e empreendedora em PCHs, com notável sucesso. Presta atualmente serviços como operadora de centrais hidrelétricas através de um complexo e ultramoderno sistema operacional instalado em Alphaville, Barueri (SP). Uma das chaves da evolução da empresa são os investimentos sistemáticos em ferramentas de TI e na contínua capacitação de sua equipe técnica neste campo.
UTC. Presidida por Ricardo Ribeiro Pessôa, lidera o segmento de montagem industrial, com ampla experiência na construção de plataformas para a Petrobras, nos canteiros de Niterói e Macaé, no Estado do Rio. Deslancha em outras obras, no campo das plantas industriais, como os altos fornos montados para a CSA, e agora, decidiu avançar na área da infraestrutura, adquirindo a Constran, empresa que desde os anos 1960 fez história construindo grandes obras no País.
CDHU. Mas, nesta edição, não deixamos de considerar todo o esforço aplicado em obras de característica social. Criamos o Prêmio de Infraestrutura Social, para homenagear as conquistas efetivas neste campo obtidas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, o braço executivo da política habitacional desenvolvida pela Secretaria de Habitação do governo paulista. Dois homens estão à frente desse processo: o secretário da Habitação, Lair Krähenbühl, e João Abukater Neto, diretor executivo da empresa.
As Empresas de Engenharia do Ano, aqui homenageadas, têm, em sua trajetória, mostrado notável capacidade de gestão e visão de futuro. – Uma qualidade que poderá fazer muita falta nos programas, projetos e obras para a Copa do Mundo 2014 e Olimpíada 2016, cujos cronogramas, a essa altura, correm graves riscos. Nesses empreendimentos, e por conta da falta de gestão, a competência da engenharia brasileira não está sendo reivindicada. O prejuízo será da sociedade.
Fonte: Estadão