A saída para o Bolsa-Família

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Nildo Carlos Oliveira

Hoje não se discute mais a necessidade do programa Bolsa-Família. Ele enraizou-se na vida diária de 13,8 milhões de famílias. E o orçamento de R$ 24 bilhões para cobri-lo, anualmente, tende a tornar-se insatisfatório. O que se discute hoje – ou pelo menos merece ser discutido – é uma perspectiva de vida para os beneficiários do Bolsa-Família.

O episódio desses dias, quando provavelmente um simples boato provocou polvorosa, levando milhares de pessoas às portas das agências da Caixa Econômica Federal, receosas de que o programa tivesse sido extinto, mostra, de um lado, a essencialidade desse aporte de recursos e, de outro, o sentimento de inconsistência com que ele ainda é encarado.

O sentimento de inconsistência se dá por conta de sua utilização paralela. Aí pelos velhos grotões brasileiros, quem manipula os cordéis desse programa sabe da força que ele tem para puxar votos de necessitados. Ele detém ou diz deter o poder de repasse. E, como a fiscalização, nesses casos, é invariavelmente falha, os beneficiários ficam reféns da possibilidade de serem ou não cortados do programa.

O importante, em especial nessa fase em que o programa se enraizou no cotidiano dessas populações, é mostrar-lhes uma saída. Mais precisamente: oferecer-lhes um caminho para que avancem para além do programa e possam andar sem essa muleta precária. E a saída para isso é o crescimento econômico, a oferta de emprego em cada região e em cada cidade.

Essa multidão de beneficiários não pode viver sem a perspectiva de, um dia, ir além do programa; desvencilhar-se dessas amarras utilitárias e tratar de evoluir profissionalmente. Isso é o mínimo que o País pode fazer por eles e, eles, por eles próprios.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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