A história da transposição das águas do rio São Francisco não é de ontem, nem de anteontem. O projeto, dado como novo há algum tempo, já fora exaustivamente enfocado nas páginas da revista O Empreiteiro exatamente em sua edição de abril de 1984. A matéria lembrava que já nas primeiras décadas do século XX estudiosos previram a abertura do túnel de 300 km de extensão, desde a confluência do rio Brígida com o São Francisco, em Pernambuco, até Aurora, no Ceará, na bacia do rio Salgado, afluente do Jaguaribe.
A primeira das opções de utilização do São Francisco era o desvio na altura de Sobradinho, o que permitiria atender às bacias pernambucanas de Pontal e Garças. Uma segunda possibilidade seria aproveitar as águas de Sobradinho ou, preferencilamente, do rio Preto, um afluente do rio Grande, que por sua vez desemboca no São Francisco. Mas a opção viável, apontadas naqueles estudos, seria a captação das águas do São Francisco, adiante de Sobradinho, já perto do município de Cabrobá, na divisa da Bahia com Pernambuco. As águas aí seriam desviadas em uma proporção que, ao menos nos primeiros anos de execução do projeto, não ultrapassaria os 3% de vazão do rio. No trecho havia a construção de elevatória, barragem e tubulação de recalque.
Posteriormente, com a maior análise desses estudos, descartou-se a possibilidade de um grande canal capaz de levar as águas para irrigar áreas localizadas no Ceará e Rio Grande do Norte.
Na época, a revista publicou até um pormenorizado desenho esquemático explicando o sistema adutor do São Francisco/Jaguaribe – trecho Cabrobó-Salgueiro. Hoje, a transposição parece descartada. Com poucas águas, o Velho Chico sendo sacrificado com a sangria dasatada das vazões direcionadas para irrigar terras de grandes proprietários, a suspensão do projeto pode representar um alívio para o rio. É que muitos dos que se revelam contra o projeto não acreditam que águas compensatórias, provenientes da bacia do Tocantins, cheguem ao São Francisco. Acham que isso é história da Carochinha.
Fonte: Padrão