A voz do ESG na construção civil

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“Uma mudança de postura deve nos levar a uma nova consciência e responsabilidade sobre os impactos do setor” 

Por Marcos Bicudo

Em nosso mercado vivemos a era da revolução da sustentabilidade. E ao considerarmos que a construção civil utiliza, pelo menos, 50% do uso de materiais do planeta (cerca de 42,7 bilhões de toneladas), além de produzir atividades geradoras diretas de 20% das emissões de carbono em todo o mundo, de acordo com o “The Circularity Gap Report”, publicado pela “Circle Economy”, fica evidente o quanto essa conflagração se tornou obrigatória.

Quero dizer com isso que não se trata mais de definir um propósito de atuação com base em ESG (sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental), mas sim de afirmar esse índice como critério para um futuro edificante, desenhado de forma consolidada dentro das premissas do desenvolvimento sustentável.

Essa é uma reflexão totalmente convergente ao cenário das novas corporações, que são intrinsecamente reformuladas em relação ao seu mindset sobre viabilidade econômica, função social e legado para a humanidade, enfatizando o meio ambiente em seu centro de sobrevivência. Temos então a necessidade de elucidar o papel das empresas dispostas a transformar.

Na construção civil, esse deve ser um manifesto em alto e bom som!

Isso por quê para evoluirmos é preciso desenvolver massa crítica, estabelecer novos paradigmas e romper com narrativas e gestões limitantes, reforçando a solidez de um setor que representa em torno de 7% do PIB nacional, conforme publicação da CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Nosso compromisso deve ser o de colaborar para uma sociedade mais justa e ética, impactada por modelos construtivos sustentáveis e tecnológicos. 

É preciso avançar na definição dos valores e ESG se aplica diretamente à performance dos negócios. Por isso, as empresas que consideram primordiais as preocupações ambientais, sociais e de governança são imediatamente avaliadas com melhor equity value. Ou seja, uma sólida proposta de atuação dentro de ESG está relacionada com retornos patrimoniais significativos, a partir de uma perspectiva conjuntural.

Além disso, um melhor desempenho nesse índice também equivale a uma redução considerável de riscos com um alinhamento articulado em termos de processos e cumprimentos de leis, a exemplo do LGPD (Lei de Proteção Geral de Dados). Em geral, as indústrias precisam repensar estratégias para se tornarem mais sustentáveis e perenes a longo prazo, considerando uma governança de alto nível para evoluir nessa agenda.

Um estudo publicado recentemente pelo “The Boston Consulting Group (BCG)”, um dos principais centros de pesquisa do mundo, mostrou a relevância das boas práticas desses critérios na escolha dos investidores. De acordo com o material, a busca por investimentos que geram rentabilidade está associada aos impactos positivos de ESG.

Além disso, no relatório de sustentabilidade da Vedacit deste ano, temos a visão objetiva dos caminhos que farão a empresa alcançar, até 2025, o patamar de referência em ESG e estar entre as organizações mais bem-sucedidas, sustentáveis e responsáveis do mundo. Todo esse movimento é claramente reflexo da inclusão das boas práticas com destaque para a gestão humanizada como linha mestra de atuação.

A trajetória do setor precisar estar alinhada à uma nova forma de produzir, impulsionada por uma geração mais engajada de gestores, na qual a economia circular e o capitalismo consciente ganham força. Diante dessa face, totalmente repaginada de fazer negócios, cabe a nós a mentalidade crítica sobre as relações focadas simplesmente no lucro, sem precedentes.

Precisamos assumir o controle de novas direções, com um olhar aprofundado sobre o uso de tecnologias em consonância com as melhores práticas de governança que nos ajudam a sustentar o desenvolvimento da construção civil no país e todos os agentes disruptivos desse ecossistema.

Marcos Campos Bicudo é presidente da Vedacit. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), com especializações em Programas de Gestão Executiva em Harvard, INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), Kellogg e Universidade de Cambridge. Possui 23 anos de experiência na indústria de bens de consumo (B2C), 7 anos na indústria de materiais de construção, iluminação e saúde (B2B) com mais de 14 anos atuando como CEO em empresas como Amanco, Philips e Masisa, com sólida carreira internacional nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina.


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