A experiência da cidade do Rio de Janeiro com os Jogos Pan-Americanos de 2007 deve servir de alerta para as cidades brasileiras que sediarão os jogos da Copa do Mundo de 2014.
O tempo passa rápido, os governos são lentos, o dinheiro é curto. Nestes megaeventos, as propostas são mirabolantes e os políticos, sempre pensando nas próximas eleições, buscam realizar grandes obras que possam exibir nas campanhas. Assim aconteceu no Rio. Foram construídos e reformados grandes equipamentos esportivos, mas nem um metro de acesso viário foi implantado.
Estádios e arenas olímpicas eram imprescindíveis, mas, como geradores de renda, poderiam ter sido construídos pela iniciativa privada, ou pelo menos em parceria com ela. Sem planejamento, no entanto, as obras não foram licitadas com a necessária antecedência para viabilizar a cronologia dos eventos e tiveram que ser construídas com recursos públicos, a toque de caixa. A prefeitura do Rio não tinha verba para execução dos projetos, dependia do governo estadual e do governo federal. Neste jogo de empurra, conseguiu construir os equipamentos esportivos, mas não investiu no sistema viário e muito menos no saneamento.
Na televisão, os Jogos Pan Americanos 2007 foram um sucesso. Passada a festa, os equipamentos esportivos estão subutilizados e a população da Barra da Tijuca, onde foram realizados os jogos, em sua maioria, continua a sofrer pela falta de transporte; os moradores dos bairros em torno das instalações sofrem com a falta de urbanização, de infraestrutura e as lagoas da região continuam poluídas.
Francis Bogossian, presidente da AEERJ-Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro
Fonte: Estadão