A entrega de dois novos geradores de vapor para a usina nuclear Angra 1, marcada para hoje em Angra dos Reis (RJ), será um momento importante para a retomada do programa nuclear do Brasil, que terá mais quatro ou oito usinas nucleares até 2030.
Para o ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, a participação da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) na construção desses equipamentos mostra que o país está desenvolvendo capacidade importante de construir partes de uma usina nuclear.
“A decisão de construir Angra 3 e as discussões sistemáticas que estamos tendo sob coordenação da Casa Civil mostram a decisão firme do governo brasileiro de ter um programa nuclear mais consistente”, disse Rezende ao Valor.
Segundo o ministro, até o fim do ano já terão sido definidas questões importantes sobre o número de novas usinas nucleares a serem construídas no país e sua localização. Para essa definição foi formado um grupo envolvendo os ministérios da Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Desenvolvimento Indústria e Comércio, Relações Exteriores e Ministério da Defesa, sob coordenação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
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Rezende disse que há três semanas estão sendo realizadas reuniões sistemáticas entre os ministros das seis pastas e os grupos técnicos de cada uma para discutir o setor nuclear e a viabilidade das novas usinas. Segundo ele, essa é a maior demonstração de empenho desde 2005, quando assumiu a pasta.
Os dois novos geradores de Angra 1 vão aumentar a capacidade instalada de geração da usina de 600 megawatts (MW) para 700 MW a partir de outubro de 2009, quando terão sido instalados e aptos a entrar em operação. As duas unidades vão substituir os atuais equipamentos, que estão em funcionamento desde que a primeira usina nuclear do país entrou em operação, em 1985. Com eles, a vida útil da usina vai aumentar 20 anos, sem contar o aumento da eficiência.
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Os geradores foram construídos nas instalações da Nuclep no município de Itaguaí, no Rio. A empresa foi subcontratada pela francesa Areva, responsável pela engenharia, aquisição dos materiais e assistência técnica na fabricação.
Os dois geradores custaram R$ 569 milhões, incluindo custos de aquisição e demais custos para licenciamento, armazenamento e a substituição dos equipamentos pelos antigos. Sua aquisição no país representou uma economia de ? 8 milhões, segundo a Nuclep. A economia, segundo Rezende, se deve ao fato de a empresa ter contratado mão-de-obra mais barata e ter margem de lucro menor, sem contar com o fato de que grande parte dos materiais especiais foi feita no país.
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“É um conjunto de fatores”, disse Rezende. “O mais importante é que a Nuclep agora tem a tecnologia para fazer esses geradores de vapor. E os geradores que foram importados para Angra 1 e Angra 2 agora serão substituídos por equipamentos nacionais.”
Em nota, a Nuclep ressaltou que a fabricação dos geradores de vapor representa sua reinserção no mercado de equipamentos nucleares. A empresa foi criada em 1980, mas com a paralisação do programa estava com as instalações subutilizadas, produzindo encomendas para Petrobras e Marinha.
Fonte: Estadão