Apeop se diz preocupada com "preço baixo"

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A Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), entidade que reúne cerca de 100 empresas do setor de construção, avalia com ressalvas o resultado da concorrência internacional do Rodoanel Norte. “Preços baixos sempre carregam consigo uma dúvida”, afirma seu presidente, Luciano Amadio. O valor ofertado pelas construtoras vencedoras, para executar o projeto (exclusivamente obras), foi de R$ 3,906 bilhões, 23,1% abaixo do valor de referência, R$ 5,08 bilhões.

Como a Apeop avalia o resultado final da licitação do Rodoanel Norte, que tem a participação espanhola, isolada ou em consórcio com uma construtora nacional, em 4 dos 6 lotes do empreendimento?

Luciano Amadio, da Apeop

Por ser uma licitação Internacional, a Apeop acha absolutamente normal a participação de empresas estrangeiras. Entretanto, a Apeop acha preocupante o resultado da licitação, com base nos preços ofertados. Preços baixos sempre carregam consigo uma dúvida sobre a qualidade da obra e o cumprimento dos prazos de execução, independentemente da empresa ofertante ser nacional ou estrangeira.

Que tipo de movimento a presença espanhola no projeto pode trazer?

A Apeop acha que nada será acrescido à engenharia nacional, com a entrada de empresas estrangeiras, neste tipo de obra. Nossas empresas de engenharia nada ficam a dever a qualquer empresa estrangeira, uma vez que, além de determos todas as tecnologias para executar este tipo de obra, levamos enormes vantagens por termos todo o conhecimento das situações e características locais, bem como de normas técnicas e conhecimento de legislações do nosso País, incluindo as fiscais, trabalhistas, tributárias, operacionais. As nossas empresas de engenharia estão no mundo todo, exportando tecnologia e expertise. A Apeop se preocupa com o grau de comprometimento destas empresas estrangeiras com o nosso País, pois se apresentam, agora, numa época de poucos contratos nos seus países de origem. Perguntamos se possuem a intenção de firmar-se no mercado nacional, como empresas constituídas e comprometidas em criar raízes, investimentos, postos de trabalho perenes e aqui se desenvolver por vários anos. Será que, num segundo momento, estas empresas, tendo seus países de origem uma recuperação econômica e financeira, não abandonarão seus compromissos aqui assumidos? Isto nos preocupa.

O aumento da participação estrangeira, nas obras públicas nacionais, como um todo, pode ser positivo para o Brasil, a engenharia brasileira e o empreiteiro brasileiro?

As empresas estrangeiras serão sempre bem-vindas quando realmente aqui vierem para se desenvolver e criar raízes no País. Isto é regra do capitalismo ao qual pertencemos. Não precisamos de aventureirismo. Precisamos de gente que venha investir no desenvolvimento do Brasil, como fazem, há décadas, as nossas empresas de engenharia.
Qual é o impacto do Rodoanel Norte para o estado e a cidade de São Paulo?

É um projeto altamente necessário, cuja implantação já está atrasada em muitos anos e que deve ser implantado da forma mais célere possível para aliviar o caos do transporte metropolitano de São Paulo. Entendemos, ainda, que outras obras devem começar a ser projetadas rapidamente em todo o estado de São Paulo, para atacar este grave problema de logística de transporte, pois a falta de investimentos em infraestrutura rodoviária, ferroviária, hidroviária, aeroportuária e portuária, nestes últimos 20 anos, vai cada vez mais rapidamente estrangular o nosso crescimento. Temos que pensar imediatamente, para os próximos 20 anos, sob pena de, não o fazendo, estrangularmos a economia e o desenvolvimento do nosso estado.

(GA)

Fonte: Padrão


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