Fechadas as urnas, urge cuidar da vida e continuar a luta pelas mudanças. Mas, será uma batalha difícil.
Os impropérios foram muitos. Houve uma avalancha de mentiras. E outra avalancha ainda maior de promessas. A realidade agora se impõe. E, ela, tem essa grata capacidade de conferir às coisas a sua dimensão correta.
O medo, num primeiro momento, e talvez possamos afirmar, durante todo o momento, tomou conta das populações mais pobres. Na dúvida, conforme dizia uma peça publicitária da situação (“Não troque o certo pelo duvidoso”), o medo movimentou as peças do jogo político. E, sobretudo no Norte e Nordeste, o cartão do bolsa família foi o grande vitorioso.
A primeira tarefa será promover a reconciliação. Mas, como fazê-lo? O primeiro passo seria uma mudança estrutural que alterasse sobretudo a concepção arraigada nas mensagens do governo de que ele é o pai de tudo e que é ele o senhor das benesses. “Eu estou retirando milhões da miséria”, tem ele alardeado. Seria importante inverter essa concepção. E mostrar que esses milhões que estão saindo da miséria podem, com o passar do tempo, e com a ajuda de políticas públicas adequadas, se movimentar sozinhos. Com uma ressalva: essa ajuda deve ser conseqüência de planejamento, criação de postos de trabalho com o bloqueio do processo da desindustrialização e com incentivos para a utilização da força de trabalho nas cidades e no campo.
Urge bloquear as vazões de corrupções e de outros desvios. E canalizar recursos, cada vez maiores, para a infraestrutura, tendo em conta o suporte do crescimento das novas fronteiras econômicas, que proporcionarão a disseminação de riquezas e empregos.
Cabe reproduzir aqui trecho de matéria do jornalista Juan Arias, em El Pais (Espanha) de hoje: “O novo triunfo do PT atrasa em mais quatro anos o movimento de mudança política que teve início nas manifestações de protesto de 2013 e que acabaram perdendo os três personagens políticos que haviam dado a vida nessa disputa eleitoral: o socialista do PSB, Eduardo Campos, que acabou vítima de um acidente aéreo; a ecologista Marina Silva e por último Aécio Neves, que acabou derrotando-a pelo caminho. A diferença dessa vez é que a vitória de Dilma acontece em um país dividido depois de uma das campanhas eleitorais mais duras entre os candidatos”.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira