Com lucro recorrente de R$ 12,5 bilhões em 2022, o BNDES apresentou um balanço do ano e anunciou projetos para 2023. Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, dia 14, na sede do banco, no Rio de Janeiro, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou que pretende dobrar o tamanho do BNDES e aumentar os desembolsos para o equivalente a 2% do PIB
“Nosso projeto é voltar ao patamar histórico dos desembolsos do BNDES desde o início da implantação do Real que é de 2% do PIB. Para isso, queremos dobrar o tamanho do BNDES até 2026 para que possa cumprir seu papel de desenvolvimento econômico e social”, declarou o presidente .
Sobre o balanço do ano passado, foi alcançado o valor de R$ 41,7 bilhões de lucro líquido, com o impacto da reclassificação do investimento em JBS (R$ 5,8 bilhões), de coligada para não coligada, das alienações de ações de R$ 2,3 bilhões, com destaque para Eletrobras e JBS, além de receitas de dividendos de R$ 18,4 bilhões, com destaque para Petrobras (R$ 17,2 bilhões).
O diretor financeiro, Alexandre Abreu, destacou que o BNDES seguiu a tendência de redução de ativos, o que vem ocorrendo desde 2015. Nos últimos oito anos, os ativos do Banco caíram de R$ 1,4 trilhão, no final de 2014, para R$ 684 bilhões, em 2022, uma queda real de 51% no período. “O BNDES hoje tem o mesmo tamanho que em 2008”, apontou Abreu. Ao comentar sobre a carteira de crédito, Abreu ressaltou que a carteira de crédito está, em números corrigidos, no mesmo patamar de 2008, mas com queda de 30% em termos de participação do PIB.
Mercadante revelou que o BNDES repassou ao Tesouro Nacional R$ 873 bilhões em valores nominais, desde 2015, ao considerar os pagamentos contratuais e antecipados de financiamento da União, FAT, dividendos e tributos federais. Esse valor supera em R$ 227 bilhões a soma de todos os desembolsos realizados no período (R$ 646 bilhões, entre 2015 e 2022). “O BNDES transferiu a mais R$ 254 bilhões que o subsídio que recebeu, de R$ 414 bilhões, entre 2008 e 2014. Cinco vezes o lucro líquido, vinte vezes o recorrente. Não é papel do BNDES financiar o Tesouro nesta velocidade”, disse.
Mercadante destacou que o BNDES precisa rever essa relação com o Tesouro para que possa resgatar o seu papel histórico de instrumento estratégico de desenvolvimento do Brasil. “Nós temos o valor da TLP que é de cinco anos. Existem outros prazos que o Tesouro Nacional utiliza para se financiar. Queremos poder utilizar outras taxas para diferentes clientes.”, esclareceu.
O diretor de Planejamento, Nelson Barbosa, apresentou um plano do que vem sendo chamado de BNDES do Futuro, que passa por uma agenda de diversificação de funding; investimento em infraestrutura, com fábrica de projetos, inclusão produtiva, com foco em micro, pequenas e médias empresas, gestão climática, inovação e reindustrialização, transição energética, exportações e diversidade e equidade.
Aloizio Mercadante enfatizou a necessidade de abertura de mercados para que a indústria do Brasil volte a se modernizar, gere emprego, renda e possa ganhar escala e competitividade. “98% do mercado está fora do Brasil. Para nossas empresas terem competitividade, elas precisam exportar. Disputar o mercado internacional gera emprego, renda e impostos. Isso ajuda a modernizar a indústria que precisa ser inovadora e verde. O mundo não terá futuro sem o Brasil”, concluiu ao citar frase da diretora Luciana Costa, também presente ao evento.