BNDES quer financiarmais projetos no Nordeste

O BNDES vai usar o complexo industrial de Suape, em Pernambuco, como piloto de uma nova estratégia de financiamentos, que tem entre os objetivos principais ampliar a fatia dos desembolsos do banco estatal destinada à região Nordeste.

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A área está recebendo uma refinaria de grande porte da Petrobras (em parceria com a venezuelana PDVSA) e um estaleiro para grandes navios, de um consórcio liderado pelas construtoras Camargo Corrêa e Queiróz Galvão, além de projetos petroquímicos.

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Outro projeto com o mesmo objetivo vai apoiar a integração de arranjos produtivos locais (APLs) na calha do rio São Francisco, entre os Estados de Sergipe e Alagoas.

Os dois projetos estão sob a coordenação da Secretaria de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Local, criada pelo presidente do banco, Luciano Coutinho, e vinculada diretamente a ele.

A secretaria foi confiada à economista Helena Lastres, especialista no tema, pinçada dos quadros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para ajudar Coutinho a aumentar a presença nordestina nos recursos do banco. A secretaria coordena o Comitê de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Regional do banco, que realizou semana passada reunião para tratar do assunto.

Suape fica no município de Ipojuca, na região metropolitana de Recife, e já conta com um complexo portuário e vários projetos industriais.

Ao mesmo tempo, a capital pernambucana e seu entorno convivem com um dos maiores bolsões de pobreza urbana do país, em grande parte atraído pelos investimentos industriais lá existentes.

A nova proposta do BNDES é de não limitar os financiamentos aos grandes projetos que estão chegando, mas identificar oportunidades de ajudar com o desenvolvimento de outras atividades econômicas, desde o fornecimento de insumos até a prestação de serviços de todas as naturezas. As primeiras decisões concretas deverão ser anunciadas oficialmente no dia 9 de maio. Está prevista para o mesmo dia, na sede do banco, no Rio, uma reunião de secretários de Planejamento do Nordeste, para apresentar sugestões sobre como ampliar os recursos do BNDES para a região.

Historicamente, o Nordeste, segunda região mais populosa do país, recebe por ano menos de 10% dos desembolsos do BNDES, principal agência de financiamentos de longo prazo do país. Em 2006 a participação foi de i 9,42% e em 2007, 8,20%. Ainda assim, como os empréstimos do banco cresceram fortemente nos últimos dez anos (de R$ 18,99 bilhões, em 1998, para R$ 64,89 bilhões em 2007), a participação absoluta do Nordeste no bolo quase triplicou no período, de R$ 1,87 bilhão para R$ 5,32 bilhões.

“Há uma história enorme no BNDES de tentativas de solucionar isso. Eu recuperei essa história. O que o Luciano (Coutinho) coloca é que, toda vez que aqui no banco se pergunta a razão pela qual não cresce (a participação nordestina), invariavelmente, a resposta é: não existe demanda. A primeira vez que ouvi essa resposta, não só não acreditei, como não admiti”, disse Helena ao Valor. Segundo ela, cabe ao banco desenvolver capacidade de identificar oportunidades e de formular propostas para a região.

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Os estudos da equipe criada por Coutinho para estudar a melhoria da distribuição regional dos recursos do banco mostraram que dentro da própria região Nordeste há também enorme assimetria.
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Os Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe, juntos, receberam no ano passado menos de 10% (9,41%) dos recursos do BNDES para o Nordeste, enquanto a Bahia ficou com 51,85% e Pernambuco, 24,80%.

A primeira tentativa de começar a modificar também a desigualdade intra-regional vai acontecer nos Estados de Sergipe e Alagoas, mais precisamente na faixa dos dois Estados separada pelo rio São Francisco. Com a ajuda dos governos, empresários e comunidades locais, o BNDES e seus parceiros – já estão certos o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Sebrae e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – vão estudar os APLs já existentes na região, alguns apoiados por esses mesmos parceiros, e buscar formas de adensar esses arranjos e integrá-los.

Segundo Helena, a tentativa será de criar uma rede de desenvolvimento econômico integrando projetos culturais com pólos de turismo, de construção de pequenas embarcações, de confecções, artesanato, apicultura e assim por diante. A busca da inovação, a partir dos conhecimentos locais, será uma das marcas da iniciativa. O banco usará para isso suas políticas operacionais, seja via financiamentos indiretos, seja com empréstimos de caráter social ou, até mesmo, via participação acionária para viabilizar empreendimentos.

Fonte: Estadão

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