Vanessa Vignati
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) acaba de divulgar que, em janeiro, o consumo de energia elétrica na rede alcançou 38.311 GWh, representando um aumento de 5,4%. Em outra vertente, o Plano Decenal de Energia (PDE) 2021 prevê o acréscimo que 7,99 mil MW de capacidade instalada ao ano na próxima década no País, significando um incremento anual de 4,8% de energia no sistema. As principais fontes para o cumprimento desse plano de expansão são o gás natural, a eólica e a hidráulica.
Verifica-se, neste cenário, que as energias alternativas estão em destaque. “Passamos a contemplar as fontes alternativas. O Brasil tem o privilégio de abundância das fontes primárias. O País é o maior laboratório do mundo em matéria de energia”, afirma o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, durante o Fórum de Debates de Energias Alternativas ao Sistema Elétrico Brasileiro, realizado nesta terça (26).
Segundo o secretário, a fonte hidráulica, mesmo sendo a predominante, respondendo por cerca de 45% da expansão do período, diminuirá sua participação de 81,6% da matriz de geração de eletricidade para 70,9%, abrindo espaço para as demais fontes.
De acordo com Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GESEL/UFRJ), o sistema elétrico brasileiro está perdendo a capacidade de suprir a demanda no período de seca, que vai de abril a outubro. Há 20 anos, no sistema hídrico, as águas dos reservatórios atendia a demanda durante dois anos. De hoje a 2020 a previsão é que estes reservatórios consigam atender a demanda para apenas três meses e meio.
Além disso, a política ambiental está impedindo a construção de hidrelétricas de reservatórios. “Esta imposição está equivocada. Se não usarmos hidrelétrica, teremos que usar termoelétrica de alguma maneira, e essa tem um grau de poluição superior a uma hidrelétrica”, explica Nivalde.
Como conseqüência, está em curso um processo de mudança no paradigma da geração do Sistema Elétrico Brasileiro, que ruma em direção a um padrão de renováveis e térmicas. O presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, destaca a necessidade de recomposição da capacidade de regularização do Sistema Interligado Nacional (SIN), com a construção de usinas com reservatórios a complementaridade térmica e a necessidade de agregação de fontes alternativas, preferencialmente como reserva.
Atualmente, o Brasil possui 2,5 GW de usinas eólicas instaladas, e conta com outros 78 parques em construção. Segundo o PDE, a energia eólica em termos percentuais aumentará de 0,5% para 5% do volume total no País, representando o maior crescimento dentre as fontes. A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, esclarece que o conceito econômico de alternativo e por tudo que se está discutindo do setor, "a ideia é de uma energia substituindo a outra". De acordo com a presidente, este termo talvez deva ser modificado de fontes alternativas para fontes complementares. “Quando tem chuva não tem vento e vice versa.”, explica.
Considerada a segunda fonte mais importante dos País, a eólica é nova nomundo, com um pouco mais de 20 anos em termos comerciais, com isso, a possibilidade de ganhos tecnológicos em sua trajetória ainda é muito grande. Em 2012 as usinas eólicas, que estão efetivamente em operação no Brasil produziram 560MW médios por mês de energia. Se a mesma fosse produzida pela geração térmica, a economia seria o equivalente a R$1 bilhão em gastos com compra de combustível.
O Brasil tem uma condição favorável para este tipo de energia. O fator de capacidade é na ordem de 45%, enquanto o mundo trabalha com 30%, e isso reduz muito o custo de produção. “Mas a eólica não é a salvação da humanidade. A salvação é uma matriz diversificada”, explica a presidente da Abeeólica.
Fonte: Padrão