Fabricantes acreditam no crescimento da demanda por máquinas no País, investindo em modelos que oferecem maior segurança na operação, economia de
combustível e versatilidade na aplicação
Ainda sob o céu de brigadeiro que demarcou o cenário econômico do País nos últimos dois anos, os fabricantes de máquinas e equipamentos presentes na M&T Expo, realizada em junho, fizeram questão de afastar o fantasma da crise, destacaram não apenas os bons resultados alcançados no período, mas também a confiança de que, mesmo com uma redução das vendas ocorridas a partir do último trimestre do ano passado, o balanço do mercado nacional permaneça positivo. Reconhecem, entretanto, que a concorrência acirrada, a pressão dos estoques elevados, tem deprimido os preços praticados. A feira organizada pela Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), ocupou um espaço de 85 mil m² de área, contabilizando 425 expositores de 28 países, aproximadamente 520 marcas, e a presença de mais de 1000 equipa-mentos expostos entre 1 e 70 toneladas.
A Terex Latin America, empresa da Terex Corporation, comercializou 89 equipamentos dos seus diferentes segmentos de atuação. Segundo André Freire, presidente da Terex para a América Latina, a empresa atendeu a compradores do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Peru, Venezuela e de países da Europa, além de contar com a presença do presidente e CEO do grupo, Tom Riordan, e do presidente para Mercados em Desenvolvimento, Steve Filipov.
O grupo fez uma série de lançamentos como as torres de iluminação TMLTM-4000 e AL 8000 da marca Genie, bem como a lança telescópica S-65 TRAX. Na área de pavimentação de estradas (Terex Roadbuilding) foram apresentados o implemento para Usina de Asfalto (WMA Foam), que reduz em 30% o consumo de combustível, além da vibro acabadora de asfalto VDA700SM (Smooth Mat) e a Fresadora PR260. Para o segmento de construção em geral, foi apresentado o manipulador de materiais MHL340, as carregadeiras compactas sobre esteiras modelo PT 30 e PT 60, (lançamento na América Latina), além de retro-escavadeiras e carregadeiras de rodas. Já na área de guindastes, foram exibidos os equipamentos RT 230, guindaste hidráulico telescópico "fora de estrada" e o AC140, guindaste hidráulico telescópico todo terreno (AT- All Terrain), em lançamento mundial.
A Case Construction Equipment comercializou 314 equipamentos, atingindo R$ 63 milhões de faturamento na M&T Expo 2009. Segunda a empresa, a Case fechou o mês de maio na liderança do setor de máquinas de construção, com 23% de market share. "O resultado que alcançamos até agora é surpreendente. Ele mostra que o Brasil é o país com as melhores condições para superar essa crise mais rapidamente, tanto na América Latina quanto no resto do mundo", avalia o diretor comercial, Roque Reis. Segundo ele, o momento será marcado pela maior velocidade na atualização dos modelos comercializados no País, além de maior suporte ao cliente, como os consórcios de compras, idéia que a empresa pretende levar para outros países da América Latina. A Case ampliou a sua linha de produtos no Brasil de 12 para 22 modelos nos últimos anos.
A Volvo também aposta na prestação de serviços ao cliente como um diferencial cada vez mais representativo em sua área. A principal novidade da feira ficou por conta do pipelayer (assentador de tubos), que até então não era fabricado pela marca. O PL4608 e o PL4611 possuem respectivamente capacidade máxima de carga de 80 t e de 110 t. O diferencial fica por conta dos itens de segurança do operador, destaca Yoshio Kawakami, presidente da Volvo Construction Equipment Latin America, devido a capacidade de giro em 360 graus, o que mantém o operador sempre de frente para a carga.
A New Holland consolida suas posições no mercado nacional, comemorando quatro anos da criação da marca e a expansão dos pontos de venda e de serviços na América Latina que chegam a uma centena. A empresa enfatizou também a maior oferta de equipamentos em diversos segmentos e seu compromisso de participar de ações comunitárias, principalmente as que demandem o apoio técnico e operação de máquinas, como ocorreu recentemente nas enchentes de Santa Catarina. A empresa está atenta às mudanças rápidas do cenário econômico nacional e mundial. "Há três anos subavaliamos o mercado da América Latina. Não imaginávamos nem esperávamos o crescimento obtido nesse mercado", disse o diretor comercial Gino Cucchiari. Segundo o diretor Marco Borba, diretor comercial e de marketing para a América Latina, a empresa que no primeiro ano vendeu 1.750 unidades, em 2008 atingiu a marca de 4.300 equipamentos distribuídos por mais de 30 modelos, com ênfase para os recentes lançamentos, o trator de esteiras D150B e as escavadeiras de grande porte E385B e E485B.
A Caterpillar aposta na força da tradição de sua marca e, apesar dos ajustes necessários também no Brasil para enfrentar a queda em nível global, acredita no diferencial proporcionado pela aplicação dos motores com tecnologia Acert, que permite o cumprimento das normas internacionais no âmbito da redução das emissões. "O Brasil ainda não conta com normas reguladoras de emissão", destacou Antonio Carlos Bonassi, gerente de Assuntos Governamentais e Institucionais da Caterpillar e presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq, referindo-se sobre a necessidade do País em evoluir nessa área.
A JCB apostou na demanda dos produtos para trabalhos pesados apresentando sua completa linha de equipamentos, que incluem as retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, manipuladores telescópicos e empilhadeiras todo terreno. "Em 2008, tivemos um crescimento acima do comum. Neste ano voltamos a níveis normais, que já são ótimos índices", destaca Sidney Matos, gerente geral da JCB.
A Michelin lançou o novo pneu para carregadeiras XHA2, comemorando o 50º aniversário de fabricação dos pneus radiais. O novo pneu incorpora uma camada adicional de borracha na banda de rodagem, que permite resistir melhor às agressões, flancos mais protegidos pelo acréscimo de borracha, que ajudam a reduzir as perfurações nos pneus, e um incremento médio de 5% na profundidade do desenho da banda.
Oferecer produtos para usos específicos é uma saída adotada também pela Cíber Equipamentos Rodoviários, que ressaltou a usina de asfalto contrafluxo Kompakt, criada para obras de rápida execução em áreas difícil acesso. A empresa divulgou ainda a tecnologia para misturas mornas, chamada de FoamMiX, com sistema de injeção de asfalto espumado com controle de temperatura, pres
são da água, do ar e dosagens dos componentes.
Líder na área de equipamentos para Agregados e Mineração, a Metso projeta o futuro não somente no fornecimento de máquinas mas também na prestação de serviços, como destacou Dionísio Covolo Jr, VP da área de construção para a América do Sul. "Devemos nos tornar fornecedores de soluções tecnológicas, ampliando nossa atuação junto aos clientes", enfatizando o investimento da empresa não somente em tecnologia mas também em atendimento.
A força das asiáticas
Líder na indústria chinesa, a LiuGong Machinery Corporation, aproveitou a M&T Expo para interagir com mercado nacional. Ela apresentou modelos de carregadeiras de rodas (816, 835 e 856), máquina considerada seu carro-chefe. A LiuGong foi a empresa pioneira do setor em seu País com a fabricação da primeira carregadeira há 50 anos – além de modelos de escavadeiras, retroescavadeiras e equipamentos compactos. "Nossas carregadeiras de rodas representam o auge de nosso conhecimento e especialização técnica", disse Jim Donoghue, presidente da LiuGong Latino-Americana. A empresa vê uma tendência que favorece as vendas dos equipamentos compactos, diante do cenário de incertezas e necessária redução de custos a nível mundial.
Outra asiática que está investindo no mercado brasileiro, a Doosan aproveitou a feira para lançar a escavadeira sobre rodas DX-53W, de 5 t, destinada à aplicação em construções urbanas. Lançou ainda o caminhão fora-de-estrada Doosan Moxy, marca norueguesa recentemente adquirida por ela. No ano que vem, a Doosan também deverá lançar mundialmente a escavadeira de 70 t, que já está em fase de testes. De acordo com Seil (Agustin) Kwon, diretor da empresa, em 2010, a Doosan começará a construir sua fábrica no Brasil, possivelmente em Sorocaba (SP), Salvador (BA) ou Juiz de Fora (MG). Em 2008, foram comercializadas no País 500 equipamentos pesados com a marca Doosan e esse ano deverão ser vendidos mais 400. Antes da crise, que afetou principalmente as vendas da empresa na área de mineração, a expectativa para esse ano era atingir mil unidades vendidas.
A Komatsu, por sua vez, expôs em seu estande toda a sua linha de produtos, inclusive a PC600, de 65 t, modelo do qual a Odebrecht recentemente adquiriu 16 unidades para a obra da hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia. Agnaldo Lopes, gerente geral da Komatsu, explica que a eletrônica embarcada e o sistema de monitoramento via satélite Komtrax, item standard, portanto sem custo extra para o cliente, são alguns dos destaques da PC600. A empresa também expôs a carregadeira WA 500, a maior da feira, equipada com caçamba de 5 m³.
Fonte: Estadão