Augusto Diniz – Sumaré (SP)
A concessionária BRK Ambiental realiza desde o início do ano passado obras de ampliação da rede de abastecimento em Sumaré (SP). O trabalho envolve adutoras, captação e estações de tratamento de água (ETAs). A empresa afirma que um total de R$ 410 milhões serão investidos no município e incluem também projetos na área de esgotamento sanitário.
Adutora do Marcelo
No chamado Sistema 1, foi construída a nova Adutora do Marcelo para água bruta, a partir da Represa Marcelo Pedroni, até a ETA 1, na Vila Menuzzo. Dessa estação está sendo finalizada a Adutora do Picerno, que se liga ao Centro de Reservação, para posterior distribuição às residências.
De acordo com o engenheiro mecânico Heitor Rezende Mendonça, gerente de obras da BRK Ambiental, essas duas adutoras substituem as existentes, antigas e construídas em fibrocimento. “Elas permanecem como back up”, explica. O objetivo com a medida é diminuir a perda de água bem como melhorar sua qualidade.
A construção da Adutora do Marcelo teve início em agosto de 2018 e a previsão é que entrasse em operação no final do mês de fevereiro deste ano. Trata-se da implantação de uma tubulação de água bruta com 1,3 km de extensão, que irá melhorar o abastecimento na região central da cidade, onde vivem cerca de 80 mil pessoas – equivalente a 30% do município. Essa obra tem investimento de R$ 1,1 milhão.
Atualmente, o Sistema 1 depende de três represas (Horto I, Horto II e Marcelo) para abastecer a região central da cidade. Com a nova adutora, será possível operar com duas das três represas, deixando uma delas de reserva, informa a concessionária.
A Adutora do Marcelo foi construída em PVC Defofo, material mais resistente a rupturas. As adutoras que estavam em operação são de fibrocimento, material muito suscetível a rompimentos. “Com a nova adutora reduziremos consideravelmente as intermitências no abastecimento”, afirma o engenheiro.
Outra alteração é no diâmetro da adutora. Atualmente duas adutoras, uma de 150 mm e outra de 200 mm, ligam a captação à ETA. A nova adutora será de 400 mm, já prevendo o crescimento da população e, com isso, da demanda futura de água.
A adutora de 200 mm será mantida como reserva a ser usada quando a nova passar por serviços e manutenções e a de 150 mm será desativada.
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Adutora do Picerno
A Adutora do Picerno teve sua construção iniciada em abril de 2018. Trata-se da implantação de uma nova adutora de água tratada para abastecer a região do Picerno, onde vivem cerca de 35 mil pessoas. O investimento é de R$ 3 milhões.
A nova adutora tem 3,5 km de extensão e será responsável por levar água tratada da ETA I. Do Centro de Reservação, onde chega a adutora, a água será distribuída para a região do Picerno. A adutora será de PVC, material mais resistente, na maior parte do traçado, e de ferro fundido em um trecho mais baixo da cidade, onde a pressão de água é mais elevada. A adutora atual é de 1985 e de fibrocimento.
Além disso, a idade e o material da adutora atual permitem a incrustação de partículas nas paredes internas, que em momentos de variação de volume da água que passa pela tubulação, se desprendem, o que pode gerar coloração amarelada na água.
O diâmetro da adutora at
ual de 350 mm será ampliado para 400 mm na nova, já prevendo o crescimento da população e da demanda futura. A capacidade de transporte passará de 80 l/s para 130 l/s.
A ETA I, do Sistema 1, tem projeto de ampliação da vazão de 300 l/s para 340 l/s, cujo início será ainda definido.
Sistema 2
Já o chamado Sistema 2, que envolve a ampliação da ETA 2, no Parque Itália, em Sumaré, aumentará a capacidade da estação de 600 l/s para 700 l/s. As obras já tem mais de 70% de avanço. Esta estação atende 190 mil pessoas no município.
A obra começou em junho de 2018. Dividida em três fases, a primeira etapa dos trabalhos foi concluída em dezembro de 2018, demandando investimento de R$ 4 milhões. Em janeiro passado iniciou-se a segunda fase.
Na primeira fase de obras, foram realizadas quatro intervenções na ETA 2: ampliação dos canais de entrada de água bruta; modernização dos filtros (seis unidades); ampliação dos canais de distribuição de água para os filtros; e interligação dos reservatórios de distribuição de água tratada.
A segunda etapa da obra tem previsão de sete meses. Nesta etapa, serão efetuadas as seguintes intervenções: modernização dos quatro filtros restantes; modernização dos floculadores e decantadores do sistema convencional; modernização dos decantadores do sistema manto de lodo; implantação de novo sistema de dosagem de polímero; implantação do sistema de geração e dosagem de hipoclorito; e modernização do sistema elétrico da ETA.
Finalizada a segunda fase da obra, a concessionária procederá à etapa final que consiste na Implantação de novos sistemas de dosagem de produtos químicos, urbanismo e drenagem da ETA, além de melhorias prediais.
“Teremos melhoria considerável no sistema”, avalia Heitor Rezende Mendonça. Há ainda extensos trabalhos em andamento no ponto de captação no rio Atibaia, que leva água para a ETA 2.
A elevatória existente passará a ter cinco bombas submersas de baixa potência (no lugar de seis bombas verticais), que jogará água bruta para outra elevatória com cinco bombas horizontais de alta carga. Entre a elevatória existente e a nova ficará o desarenador (para remover areia da água).
O engenheiro afirma que essas melhorias permitirá menos manutenção e mais durabilidade dos equipamentos de captação de água, além de economia de energia. A área de captação terá também um dosador de cloro (gerador de hipoclorito), uma novidade, quando em geral ele é instalado na própria ETA – e não na área de captação.
Na elevatória de alta carga, o tanque de água está sendo construído in loco com uso de aditivo impermeabilizante do concreto Xypex (MC Bauchemie), além de pintura impermeabilizante.
Heitor explica que o desafio das intervenções tem sido realizá-las sem parar a operação normal do sistema. “O planejamento de paradas programadas tem sido fundamental”, diz. “Queremos provocar o menor impacto possível”.
A adutora existente que transporta a água bruta do rio Atibaia a ETA 2 tem 6 km de extensão e continuará operando.
Esgotamento sanitário será ampliado com ETE
Em Sumaré, o abastecimento de água é quase 100% universalizado. Já o esgoto encanado atende apenas 30% da população do município. A cidade Sumaré mantém 19 estações de tratamento com capacidade entre 3 e 30 l/s espalhadas pela cidade – portanto, atendendo somente alguns pontos da área urbana.
Este ano, terá início às obras de construção da ETE Tijuco Preto com valor estimado em R$ 60 milhões de investimento. Ao entrar em serviço, amplia-se o índice de tratamento de esgoto de Sumaré para 65%. Será ainda complementada por dois subsistemas de esgotamento sanitário até 2022, ano em que a concessionária pretende atingir a universalização do tratamento de esgoto na cidade.
A BRK Ambiental ressalta que o prazo inicial previsto em contrato para universalização do tratamento de esgoto em Sumaré é 2028. Porém, em decorrência de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado entre o Ministério Público e a Prefeitura, houve adiantamento de seis anos neste prazo.
A ETE Tijuco Preto terá capacidade de tratamento de 230 l/s. O terreno onde será implantada a ETE é uma área de 20.000 m² e localiza-se no Residencial Parque Pavan. Com a nova ETE será possível concentrar em uma única área uma vazão maior de tratamento e, assim, otimizar a eficiência operacional do sistema. A estação terá tratamento terciário e contará com reatores biológicos com o processo de tratamento holandês conhecido como Nereda. Ele apresenta várias vantagens, segundo a concessionária, em relação a outros tipos de tratamento, tais como área reduzida de implantação, baixo consumo energético e menor geração de odores, além de garantir uma elevada eficiência de tratamento, superior aos sistemas convencionais.
A estimativa é de 20 meses de obras com conclusão prevista para dezembro de 2020.
Investimentos
De acordo com a BRK Ambiental, desde que assumiu os serviços de saneamento da cidade, já foram investidos R$ 61 milhões para ampliação e modernização de todo o sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Sumaré. Em 2018, foram R$ 35 milhões investidos.
Para 2019, estão previstos R$ 50 milhões em investimentos, principalmente na continuidade da remodelação do sistema de abastecimento, substituição de redes e ampliação do sistema de esgotamento sanitário.
Somando o investimento a ser realizado em 2019 com o que será realizado nos próximos quatro anos, a concessionária aponta um total de R$ 410 milhões em investimentos em Sumaré. A BRK atende naquela região, além de Sumaré, os municípios de Santa Gertrudes, Limeira e Porto Ferreira.
Em Limeira (SP) , ETE ganha tratamento terciário
Em Limeira, a BRK Ambiental tem um pacote de investimento para modernização do tratamento de esgoto. Faz parte deste pacote, a implantação do sistema terciário na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Tatu e além de tratamento do lodo proveniente da ETA do município.
Essas obras são também decorrentes de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com o Ministério Público. Com o investimento total previsto de R$ 130 milhões, a conclusão dos trabalhos deve ocorrer no final desse ano.
A ETE Tatu recebe 80% do esgoto do município de Limeira. Com a implantação do tratamento terciário, sua eficiência deve passar dos 95%. No tratamento terciário são removidos matéria orgânica (95%), nitrogênio (75%) e fósforo (89%). Em termos de volume, será o maior tratamento terciário da região, em que serão processados 660 l/s de efluente, segundo a BRK.
De acordo com a BRK Ambiental, essas modificações tornarão o município referência no tratamento do esgoto pela retirada de substâncias como o fósforo e nitrogênio, além da destinação sustentável do lodo que sobra da ETA.
Concessionárias da BRK Ambiental | ||
Município | Início da Concessão | Investimentos entre 2019 e 2023 |
Sumaré | 2015 | R$ 410 milhões |
Limeira | 1995 | R$ 130 milhões |
Porto Ferreira | 2011 | R$ 34 milhões |
Santa Gertrudes | 2010 | R$ 7 milhões |