BRT Transbrasil colocará dois trechos em operação antes dos Jogos

Obra ao longo da Avenida Brasil, uma das vias urbanas mais movimentadas do País, conta com 500 pessoas somente para controlar o tráfego

Augusto Diniz – Rio de Janeiro (RJ)

 

As obras da quarta e última linha de BRT (Bus Rapid Transit) do Rio de Janeiro, a Transbrasil, terá parte entregue antes dos Jogos Olímpicos. Trata-se do trecho entre o Caju e o viaduto Transcarioca, além do viaduto de Deodoro. Porém, a prefeitura ainda não decidiu como será a operação antecipada em ambos os locais.

A construção do corredor expresso ao longo de uma das vias mais movimentadas do País, a Avenida Brasil, está a cargo do Consórcio Transbrasil, integrado pela Odebrecht (líder, com 33,34%), OAS (33,33%) e Queiroz Galvão (33,33%).

O avanço de toda a obra está em cerca de 30%.

A via em construção do BRT Transbrasil tem no total 23 km, ligando o bairro do Caju a Deodoro – a prefeitura estuda ainda como fará a ligação do Caju à região central da cidade. A expectativa é que o BRT atenda 820 mil passageiros/dia.

Victor Rodrigues: Prioridade na segurança

Os trabalhos se iniciaram em dezembro de 2014 e o término está previsto para maio do ano que vem.

O trecho inicial a ser entregue antes da Olimpíada liga o Caju ao viaduto Transcarioca, de 460 m, na altura do bairro de Ramos, que fará a ligação do BRT Transbrasil com o BRT Transcarioca, este já em operação. O viaduto Transcarioca já teve concluído todo o lançamento de viga, sendo o trecho curvo metálico, cujo trabalho também foi encerrado.

Deverá ainda ser entregue o viaduto de Deodoro, que tem 750 m de extensão e estrutura metálica, com duas curvas e que cruza o terminal ferroviário de Deodoro.

Há hoje na obra 2.800 pessoas do consórcio construtor e mais 1.500 de empresas subcontratadas, sendo cerca de 500 deles trabalhadores da P5, empresa responsável pelo controle do tráfego ao longo da via.

“A logística e o controle da obra, que é aberta, são verdadeiros desafios todos os dias. Numa avenida tão movimentada, a questão de segurança de trabalhadores, pedestres e motoristas é essencial”, conta Victor Rodrigues, um dos engenheiros responsáveis da obra. A CET-Rio calcula que mais de 300 mil veículos/dia passam pela Avenida Brasil.

De acordo com ele, é preciso um grande contingente de pessoas, 24 horas por dia, trabalhando nas entradas e saídas de veículos nas diversas frentes de trabalho no meio da via, além da realização do controle de trânsito, já que regularmente algumas pistas são abertas, outras interditadas ao tráfego.

Obras realizadas em meio ao tráfego intenso

No centro, os serviços são de construção de pavimento de concreto para a a passagem do BRT; na lateral, a pavimentação é asfáltica

A empresa contratada para o controle de tráfego mantém ainda pick ups e motocicletas monitorando o serviço ao longo da Avenida Brasil.

O escopo do trabalho do consórcio construtor prevê a construção de 16 estações de BRT – mais quatro terminais estão previstos, mas não estão no contrato do consórcio. A via tem quatro viadutos: além do Transcarioca e de Deodoro, possui ainda o das Missões (entrocamento com a Washington Luís – BR-040) e o das Margaridas (entrocamento com a Rodovia Dutra) – estes dois últimos também em fase de execução das estruturas.

Serão construídas ainda quatro novas pontes paralelas às existentes e três novos viadutos, também paralelos aos existentes na Avenida Brasil.

Todas as vigas de concreto protendido dos viadutos e pontes estão sendo produzidas no canteiro industrial, ao lado do canteiro central da Transbrasil, na Ilha do Fundão. “Esta solução permitiu uma melhor logística e controle”, ressalta Victor Rodrigues.

A previsão é de terminar toda a produção de vigas pré-moldadas este mês (março). A estimativa é de que 104 vigas sejam fabricadas, com média de 60 t cada. No local também funciona central de concreto com capacidade de 120 m³/hora.

Pavimentação

Há frentes de trabalho por quase todo corredor expresso. No ano passado, solos moles encontrado em alguns trechos da via onde passa a pista do BRT, notadamente nos três primeiros quilômetros a partir do Caju, exigiu remoção e injeção de cimento no solo.

As duas faixas e quatro pistas de rolamento exclusivo do BRT (duas para cada sentido), no canteiro central da Avenida Brasil, é de pavimento rígido de concreto. A colocação desse pavimento é um serviço de reconstrução, lembra o engenheiro.

A base é feita de CCR (concreto compactado com rolo), a sub-base de BGS (brita graduada simples) e, por fim, aplica-se o pavimento de concreto. “Tem que ser com base de concreto rolado porque dá rigidez a via, que não pode sofrer rachadura”, afirma Victor. Uma máquina Wirtgen SP 1200 faz o trabalho de pavimentação de concreto – de grande capacidade, a pavimentadora é capaz de executar 10 m³ de concreto por minuto.

O consórcio construtor também realiza os trabalhos em duas faixas com quatro pistas de rolamento de veículos (duas para cada sentido). Nesse caso, a via é de pavimento flexível de asfalto. Três máquinas pavimentadoras realizam o trabalho.

No trecho de pavimento flexível, depois de feitas as sondagens, identificam-se os trechos onde apenas se receberá recapeamento asfáltico ou aquele que será necessário reconstrução. No caso do pavimento antigo, desgastado ou crítico, retira-se a base, a sub-base, o subleito e refaz-se tudo.

Por vezes, tem que se rebaixar a via quando ela cruza viadutos ao longo da Avenida Brasil, por conta do nível do pavimento em relação a sua altura com as estruturas. A opção de manter o pavimento de asfalto na pista de veículos é por causa do custo mais baixo.

Barreiras New Jersey já vêm sendo implementadas ao longo da via. Na delimitação do tráfego de BRTs, elas têm 85 cm de altura e 60 cm de base. No caso da pista de veículos, as barreiras New Jersey laterais possuem 85 cm de altura e 50 cm de base.

Drenagem

O consórcio construtor está com a responsabilidade de executar ainda melhorias na rede de drenagem na Avenida Brasil. Os alagamentos na via são frequentes em pelo menos oito pontos ao longo de seu trajeto. Estão sendo implantadas redes de drenagem em locais que não existia e substituídas outras. Dependendo da localidade, serão introduzidas galerias retangulares de grandes dimensões, alcançando 4 m de base por 1,80 m de altura.

O investimento total do projeto é de R$ 1,4 bilhão. Quando entrar em operação plena, o BRT Transbrasil terá capacidade de transportar 900 mil passageiros/dia.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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