RIO – A descoberta do poço de Júpiter, anunciada ontem pela Petrobras, pode ser decisiva para o Brasil conseguir a auto-suficiência na produção de gás natural. O diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, evitou dar estimativas de possíveis reservas na região, mas frisou que o campo da Bacia de Santos foi o primeiro situado na camada do pré-sal em que o poço descobridor localizou apenas gás natural e condensado, sem ocorrência de óleo associado.
“A região pode contribuir para a auto-suficiência do país no gás, mas dizer que sozinho Júpiter vai garantir esta auto-suficiência é um exagero, pois hoje temos um consumo muito alto no Sudeste”, afirmou Estrella.
O diretor lembrou ainda que o novo achado da Petrobras – que detém 80% da região, enquanto a portuguesa Galp possui os 20% restantes – deve contribuir também para facilitar a posição brasileira nas negociações futuras com países fornecedores de gás natural.
“Você pode entrar numa loja para comprar uma geladeira e sair sem a geladeira. Mas você está frito se não puder sair da loja sem a geladeira”, brincou Estrella, ao comentar sobre o benefício que um grande poço de gás natural na Bacia de Santos pode trazer para os negociadores brasileiros ao tratar a questão do preço do insumo com o governo boliviano.
Mas a produção de gás a partir de Júpiter não deve acontecer no curto prazo. Estrella lembra que ainda há um longo caminho até que o poço possa produzir, o que, segundo ele, só deve acontecer entre cinco ou seis anos.