A Cobrazil Engenharia e Construções, contratada pela SDEPCI, participou da obra da Usina Termoelétrica Pampa Sul, da Engie, em Candiota (RS). A usina utiliza como fonte principal para a queima e geração de energia o carvão mineral.
Este empreendimento é considerado diferente das demais usinas termoelétricas instaladas no país, por utilizar a tecnologia da caldeira do tipo Leito Fluidizado Circulante (CFB – Circulating Fluidised Bed), tecnologia de combustão limpa do carvão. Este modelo apresenta vantagens adequadas para a utilização do carvão disponível no Brasil, como menor temperatura de combustão, redução na emissão de Nox e melhor desempenho operacional.
A chaminé é uma das principais unidades na construção de uma termoelétrica. Na UTE Pampa Sul, considerada atualmente como a maior da América Latina, com 195 m de altura, referente à estrutura de concreto e, sendo a parte mais alta do projeto (200 m) na ponta do duto metálico interno do chaminé, mostra quão importante foi integrar planejamento, engenharia, segurança e a montagem em si.
O desafio em alinhar as multidisciplinas envolvidas e ajustar toda a logística para montar as 92 seções metálicas que somadas pesam cerca de 366 t, resultou no maior içamento do projeto. Em paralelo, foram executados a montagem de outras 216 t de estruturas, divididas entre sete plataformas intermediárias e passarelas de acesso.
Essas variáveis fizeram com que a Cobrazil planejasse minuciosamente as atividades de montagem, levando em considerações todas as interferências
possíveis para consolidação do plano de ataque.
Tendo a verticalidade como ponto crucial e o alto risco durante a montagem, onde qualquer erro poderia ser fatal, a empresa criou um comitê para estes trabalhos, visando a questionar e elencar o sequenciamento ideal, os passos que deveriam ser verificados e as ações a serem tomadas e seus respectivos responsáveis – tudo isso visando garantir
a integridade de seus colaboradores, mitigando os riscos e garantindo o atendimento do prazo de montagem planejado.
O modelo de chaminé utilizado neste empreendimento tornou-se inovador e pioneiro no Brasil, pois sua construção foi realizada através de uma estrutura de concreto com diâmetro externo de 21,2 m na base; no topo, o diâmetro é de 9,8 m. Em seu interior, ela conta com um duto de aço com diâmetro de 5,8 m, de chapa titânio de 1,2 mm de espessura.
Os equipamentos principais de içamento que o site contava envolviam dois elevadores de canecas tipo pinhão e cremalheira, paralelos, fornecido pela empresa Rohr, e com capacidade de carga para 1.500 kg ou 10 pessoas cada.
Na translação média eram gastos 7 min desde o ponto de origem, no piso zero ao topo, a 193 m de altura, e vice-versa. Nestes equipamentos eram
deslocados, até o topo, trabalhadores, ferramentas e dispositivos de menor porte.
Conhecido pelo nome de “Strand Jacks System”, foram ainda adotados macacos hidráulicos modelo HSL 2000, que possuem capacidade de 200 t individualmente, e são fornecidos e operados pela ALE Heavylift. Instalados a 193 m, os quatro equipamentos consistem numa série de 64 cordoalhas de aço, guiadas através de um cilindro hidráulico com sistema de ancoragem inferior e superior.
Este equipamento foi utilizado para a montagem dos dutos e é um dos mais versáteis do mercado de movimentação de carga, possibilitando altas capacidades de movimentação, controle, precisão e segurança.
Uma vez conhecida a capacidade técnica dos equipamentos a serem utilizados para o içamento de cargas e pessoas, houve a congruência das ações na busca pelas soluções de engenharia.
O desafio de montagem do duto metálico trouxe à equipe da Cobrazil a necessidade de discutir e apurar técnicas e metodologias de montagem inovadoras, buscando soluções de engenharia e construtibilidade que garantiram segurança dos profissionais, maior produtividade e retorno.
Autores: Walter Luis de Asevedo, diretor de operações; Reinaldo Silva Marcelino, gerente de planejamento; Matheus Adolfo Conterno, responsável de Contratos; e Rodrigo Fabiano de Oliveira, gerente de empreendimentos