Augusto Diniz (O Empreiteiro)
e Andrew Wright (ENR-Engineering News Record)
– São João da Barra (RJ)
Em obras desde o início de 2008, o Superporto do Açu, da LLX, empresa de logística do grupo EBX, no município do Norte Fluminense de São João da Barra (RJ), tem agora o desafio de realizar aquilo que está previsto em projeto na sua extensão onshore.
As obras no complexo se dividem em TX1 e TX2. No total, serão investidos R$ 3,8 bilhões. Construções de plantas industriais, em área contígua aos terminais portuários, também se desenvolvem, com algumas unidades em fases adiantadas.
*Foto: Augusto Diniz
*Peças Core-Loc de concreto serãoposicionadas no quebra-mar
TX1
No TX1, com obras mais adiantadas, se concentrarão as atividades de petróleo e minério de ferro. Nesta etapa, foi construído uma ponte de acesso, perpendicular à linha da costa, com 600 m de estrutura de transição e 2.400 m sobre o mar, com 26,5 m de largura – um cantitraveller foi usado para cravação de estacas no mar. Sob a responsabilidade do consórcio construtor A.R.G./Civilport, já foram concluídos quatro berços no píer de 443,6 m de extensão voltado à exportação de minério. Dois outros píeres com 5 berços serão ainda construídos, perfazendo, no total, 9 berços com capacidade para receber navios de grande porte, tipo Capesize (220 mil toneladas), VLCC (320 mil toneladas) e Chinamax (400 mil toneladas).
Dois embarcadouros provisórios – um saindo da costa e outro da ponte de acesso – foram montados para que sejam transportados ao mar, por meio de barcaças, os blocos de rocha (3,7 milhões de t) que vão compor o quebra-mar em enrocamento do TX1. O quebra-mar será protegido por 22 mil blocos do tipo Core-Loc – peças de 9 t e 12 t – produzidos em concreto no próprio canteiro de obras; cada peça possui um identificador que permite seu monitoramento em caso de alteração em sua forma e posição dentro do mar.
Ensaios e testes prosseguem na Espanha para medir o desempenho do quebra-mar, explica Ricardo Machado, gerente de contrato da LLX. Lá, são avaliadas as condições do vento, correntes e ondas da região do porto incidentes sobre o quebra-mar.
Em terra, dentro da área do TX1, as obras da unidade da Anglo American, também realizadas pela A.R.G./Civilport, estão bem adiantadas. A unidade fará recepção do minério de ferro transportado pelo mineroduto do projeto Minas-Rio, com 525 km de extensão, e que se inicia na mina da Anglo American em Conceição do Mato Dentro (MG).
Atualmente, a Milplan faz a montagem industrial da planta. A unidade é responsável pela filtragem do minério de ferro, que chega pelo mineroduto em forma de pasta (30% de água e 60% de minério). A água é retirada e tratada para reúso.
Da planta até o píer, dentro do complexo, são 8 km de transportadores de correia sobre estrutura metálica para movimentação do minério até a área de embarque. A estrutura está cerca de 50% pronta. Casa de transferência, subestações e estocagem completam as seções da planta.
A previsão da Anglo American é começar a operar em 2013 a unidade para exportação de minério de ferro. Inicialmente, serão 56 milhões t/ano, chegando depois a 100 milhões t/ano em plena capacidade.
TX2
No TX2, atualmente, está sendo feito a abertura do canal de 6,5 km de extensão e 300 m de largura, para a construção do terminal onshore. Ele terá 13 km de cais e cerca de 30 berços para atracação de navios, onde serão movimentados produtos siderúrgicos, carvão, ferro gusa, escória e granito, além de granéis líquidos e sólidos.
Três dragas holandesas realizam os trabalhos para a construção do canal – uma fica no mar e outras duas trabalham intensamente na abertura onshore do canal de acesso das embarcações. O projeto executivo e o serviço de dragagem são de responsabilidade da holandesa Boskalis, junto com a empresa belga Jan De Nul. O TX 2 deve começar a operar em 2014.
O quebra-mar no TX2 será feito de rocha, ocupando 300 m de cada lado – o do lado sul, construído em curva, e o do lado norte, em linha perpendicular à costa. Depois, como complementação, serão colocados caixões de concreto. O molhe norte, então, terá, no total, 1,5 km de píer, e o sul, 2,3 km. O molhe norte será usado como píer para carvão.
Os caixões de concreto são flutuantes, com 66 m comprimento, 24 m de largura e 18 m altura, e farão a proteção à entrada do terminal onshore. Seis blocos foram feitos em Arraial do Cabo (SP), no Norte Fluminense, e transportados pelo mar – 36 restantes serão feitos em Açu. Os caixões de concreto são produzidos pela Acciona, da Espanha, utilizando o dique flutuante Kugira.
As pedras lançadas no quebra-mar, tanto do TX1 e TX2, são provenientes de pedreiras a 70 km de Açu. Atualmente, cerca de 150 caminhões por dia fazem transporte de rochas para a construção do quebra-mar do TX2.
Ao lado do terminal onshore, em fase adiantada, constrói-se o estaleiro naval OSX (do grupo EBX), que começa a operar no segundo semestre de 2013. O consórcio A.R.G./Civilport também conduz os trabalhos.
As empresas NKTF (tubos flexíveis) e Intermoor (serviços especializados off shore) já realizam trabalhos de terraplenagem em suas áreas para se instalar no complexo. Formarão ainda o Complexo Industrial do Superporto do Açu empresas siderúrgicas, cimenteiras, base de estocagem para granéis líquidos, unidade termelétrica da MPX (empresa de energia do Grupo EBX), plantas de pelotização de minério de ferro, unidade de tratamento de petróleo, pátio logístico, entre outros. Parte expressiva das empresas pretende atuar na exploração de petróleo da Bacia de Campos (localizada a 150 km de Açu). O campo petrolífero da Bacia de Campos é responsável por 85% da produção de petróleo e gás do País. Há possibilidade também de atenderem a exploração de petróleo nas bacias do Espírito Santo e Santos.
Trabalham no complexo 5.500 operários – 53% deles moradores da região. A expectativa é de que esse número alcance 50 mil, quando todo os empreendimentos estiverem
em obras ao mesmo tempo. Trata-se do mesmo número de funcionários previsto quando o complexo começar a operar em sua totalidade, em 2018.
Complexo do Superporto do Açu
• Área total: 9 mil ha
• Investimento: R$ 3,8 bilhões (somente nos terminais)
• Terminais portuários: 2 (TX1- offshore e TX2-onshore)
• Obras portuárias: TX1 – operação 1º semestre/2013
TX2 – operação 2º semestre/2013
• Empresas em instalação: Anglo American (mineração), OSX (construção naval), NKTF (tubos flexíveis), Intermoor
(serviços especializados off shore)
• Empresas com acordo de instalação: Technip (tubos flexíveis), Ternium (siderúrgica), Wisco (siderúrgica), MPX (usina termoelétrica), GE (equipamentos), Camargo Corrêa (cimento), Votorantim (cimento)
• Empregos gerados (todo complexo): 50 mil (previsão)
• Conclusão das obras: 2018
Fonte: Padrão