Com uma oferta de R$ 150 milhões de outorga, o consórcio Way Brasil conquistou em leilão sua segunda concessão rodoviária no Mato Grosso do Sul, com previsão de R$ 1,86 bilhão de investimentos. O grupo formado pela GLP (que tem sede em Cingapura) e pelas empresas de construção Torc, Senpar, TCL e Bandeirantes venceu o lote que engloba 412,4 km em rodovias: a MS-112 (entre Cassilândia e Três Lagoas), a BR-158 (de Cassilândia a Selvíria) e a BR-436. Um corredor de escoamento do agronegócio, especialmente da indústria de celulose, mas também para a movimentação de grãos. Way Brasil ficará responsável pela operação por 30 anos.
O leilão foi realizado na B3, em São Paulo, nesta quinta-feira, dia 10, e, em entrevista ao Jornal Valor Econômico, o presidente da empresa Paulo Lopes anunciou que o grupo já faz planos para expandir sua atuação em rodovias federais.
“Este é o início da plataforma. A ideia é seguir estudando novos negócios.
O Brasil tem uma carteira federal e nos governos estaduais bastante grande para os próximos anos. Vamos estudar o que tiver sinergia conosco. No Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais. Estão no nosso radar projetos que tiverem viabilidade, principalmente voltados ao agronegócio”, afirmou Paulo Lopes.
Participaram também da disputa outros dois concorrentes: a Monte Rodovias, que propôs outorga de R$ 51 milhões, e a Stratura Asfaltos, empresa adquirida neste ano pela gestora Fiord Capital, que fez sua estreia em leilões de rodovias com oferta de R$ 74 milhões.
O lote conquistado pela Way tem forte sinergia com o contrato já operado pelo grupo, da MS-306 – que vai da divisa com o Mato Grosso até Cassilândia.
A nova concessão deverá ser uma continuação dessa rota.
Segundo o consórcio, além da previsão de R$ 1,86 bilhão em obras, há uma estimativa de outro R$ 1,6 bilhão de gastos operacionais ao longo das três décadas do contrato.
Entre as principais intervenções programadas está a construção de 370 km de acostamentos, hoje praticamente inexistentes nas rodovias, que também têm condições de pavimento bastante deterioradas. “A ideia é que o primeiro ano de investimentos seja da ordem de R$ 350 milhões, o que já vai trazer um avanço muito forte”, afirma Lopes.
Na parte financeira, o grupo deverá buscar repetir o modelo adotado na Way-306, que foi pioneiro no setor ao estruturar um “project finance” puro, ou seja, em que as garantias do empréstimo vêm apenas das receitas previstas na concessão. “Já estamos estudando a estrutura para o financiamento de longo prazo. A empresa vai buscar outro ‘project finance’, pelo histórico positivo da MS-306”, afirmou Giovanni Mott, diretor financeiro da Way.
A projeção do grupo é fazer um empréstimo-ponte de R$ 425 milhões para os dois anos iniciais do contrato, até que seja estruturada a operação de longo prazo, que, a princípio, deverá ficar em torno de R$ 900 milhões.